Força-tarefa pode renunciar se lei de abuso entrar em vigor, diz procurador

    Afirmação é sobre emenda ao pacote de medidas contra corrupção.

    Thais Kaniak e Amanda Polato

    Do G1 PR e do G1, em São Paulo

    Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato repudiaram o que chamam de ataque feito pela Câmara contra as investigações e a independência dos promotores, procuradores e juízes. Em entrevista em Curitiba, nesta quarta-feira (30), eles criticaram as mudanças no pacote anticorrupção, que foi aprovado pelos deputados nesta madrugada.

    A nossa proposta é de renunciar coletivamente caso essa proposta [sobre o abuso de autoridade] seja sancionada pelo presidente”
    Carlos dos Santos Lima, procurador do MPF

    O procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos dos Santos Lima chegou a dizer que a força-tarefa ameaça abandonar os trabalhos se a “proposta de intimidação de juízes e procuradores” for sancionada. Uma emenda feita pelo PDT – e incluída nesta terça no pacote – prevê as condutas pelas quais juízes e membros do Ministério Público poderão responder por abuso de autoridade.

    “Nós somos funcionários públicos. Temos uma carreira no Estado e não estaremos mais protegidos pela lei. Se nós acusarmos, nós podemos ser acusados. Nós podemos responder, inclusive, pelo nosso patrimônio. Não é possível, em nenhum estado de direito, que não se protejam promotores e procuradores contra os próprios acusados. Nesse sentido, a nossa proposta é de renunciar coletivamente caso essa proposta seja sancionada pelo presidente”, disse Lima (veja no vídeo acima).

    Questionado sobre o que significava essa renúncia, o procurador respondeu: “Nós temos responsabilidade em outros locais, e vamos simplesmente voltar para nossas atividades.”

    Pacote anticorrupção
    O texto-base do pacote que reúne um conjunto de medidas anticorrupção foi aprovado pela Câmara dos Deputados por 450 votos a 1 (e 3 abstenções).

    Em março do ano passado, o MPF apresentou as “10 medidas contra a corrupção”. Mais de 2 milhões de cidadãos assinaram as propostas do Ministério Público que foram enviadas ao Congresso. Entretando, na madrugada desta quarta-feira, mais de um ano e meio depois, os deputados federais desfiguraram o projeto inicial.

    Segundo o relator do texto original, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), só permaneceram as medidas de transparência a serem adotadas por tribunais, a criminalização do caixa 2, o agravamento de penas para corrupção e a limitação do uso de recursos com o fim de atrasar processos. Com a aprovação, o texto segue agora para o Senado.

    ‘Começo do fim’
    O procurador Deltan Dallagnol, que coordena a força-tarefa da Lava Jato, leu uma nota feita pelos procuradores da República e afirmou que a votação na Câmara foi o “golpe mais forte efetuado contra a Lava Jato concretamente em toda a sua história”. Leia mais abaixo a nota na íntegra.

    Dallagnol disse que, se for aprovada, “a proposta será o começo do fim da Lava Jato”.

    “A força-tarefa da Lava Jato reafirma seu compromisso de avançar enquanto for possível, trabalhando ainda mais duro dentro das regras da Constituição e das leis para investigar, processar e punir a corrupção seja quem for o criminoso. Contudo, os procuradores da força-tarefa estão de acordo que não será possível continuar trabalhando na Lava Jato se a ‘lei da intimidação’ for aprovada”, disse o procurador.

    ‘Estancar sangria’
    Segundo Dellagnol, a Câmara enfraquece o combate à corrupção, e isso acontece no momento em que a Lava Jato chega perto de pessoas do poder. “O objetivo é ‘estancar a sangria’. Há evidente conflito de interesses entre o que a sociedade quer e aqueles que se envolveram em atos de corrupção e têm influência dentro do Parlamento querem. O avanço de propostas como a Lei da Intimidação instaura uma ditadura da corrupção.”

    ‘Estancar a sangria’ foi uma expressão que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) usou em conversa com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e hoje um dos delatores da Lava Jato. Jucá sugeriu que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pelas investigações. O peemedebista foi um dos dos principais articuladores do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    Podemos ter um Estado mais corrupto do que era antes”
    Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato

    “Aproveitaram um projeto de combate à corrupção para se protegerem. O motivo foi porque nós estamos investigando, nós estamos descobrindo fatos, nós iríamos chegar muito mais longe do que chegamos até o momento. O instinto de preservação fez com que eles destruíssem o projeto contra a corrupção. Essa ‘lei de intimidação’ só tem um objetivo: a preservação das pessoas que estão sob investigação da Lava Jato”, afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador do MPF (veja o vídeo abaixo).

    Deltan Dallagnol disse ainda, durante a coletiva de imprensa, que muitas pessoas trabalharam nas 10 propostas contra a corrupção. “Mas, ao chegar ao plenário, foi desconfigurado. Rasgou-se o texto das 10 medidas”, afirmou. “O Parlamento é soberano, mas nós, depois de todo esse processo, saímos sem solução para acabar com as brechas que permitem a corrupção. Essa causa não é nossa, é de todos os cidadãos.”

    O procurador afirmou que está preocupado, porque os índices de impunidade que existiam antes do petrolão devem continuar. “Por que a sociedade brasileira vai permitir que corruptos, pessoas condenadas por corrupção, continuem na liderança da empresa Brasil? Enquanto nós não tivermos uma limpeza, o que vamos encontrar no Parlamento, dia após dia, não vão ser medidas contra a corrupção, mas sim para autoproteção, pelos interesses de pessoas que estão sendo investigadas.”

    Segundo Dallagnol, há o temor ainda que o Congresso aprove outros projetos que piorem ainda mais o combate à corrupção, como ocorreu na Itália, após operações que prenderam mafiosos (veja no vídeo abaixo). “Quando não se aprovam medidas contra a corrupção, e se aprovam medidas a favor da corrupção, o resultado final da Lava Jato e de todo esse processo histórico pode ser pior do que o resultado que tínhamos antes. Podemos ter um Estado mais corrupto do que era antes.”

    Leia nota na íntegra feita pelos procuradores da Lava Jato:

    “Os procuradores da Força Tarefa Lava Jato vêm a público manifestar repúdio ao ataque feito pela Câmara dos Deputados contra investigações e a independência de promotores, procuradores e juízes. A Câmara sinalizou o começo do fim da Lava Jato.

    Ontem à noite, a Câmara dos Deputados se reuniu para apreciar as 10 medidas anticorrupção. Elas objetivavam acabar com a regra da impunidade dos corruptos e poderosos, que é produto de falhas no sistema de Justiça Criminal, e fazer com que a corrupção não mais compense. Aproveitando-se de um momento de luto e consternação nacional, na calada da madrugada, as propostas foram subvertidas. As medidas contra a corrupção, endossadas por mais de dois milhões de cidadãos, foram pervertidas para contrariar o desejo da iniciativa popular e favorecer a corrupção por meio da intimidação do Ministério Público e do Judiciário.

    As 10 medidas foram rasgadas. Manteve-se a impunidade dos corruptos e poderosos, expressa no fato de que mais de 90% dos casos de corrupção que acontecem no Brasil não são punidos. A sociedade brasileira não pode mais considerar normal o que é anormal. Como se não fosse suficiente, foi aprovada a Lei da Intimidação contra o Ministério Público e o Poder Judiciário, sob o maligno disfarce de “crimes de abuso de autoridade”. Abusos devem sim ser punidos. Contudo, sob esse disfarce, há verdadeiros atentados contra a independência do exercício da atividade ministerial e judicial.

    A Lei da Intimidação avançada no Congresso faz do legítimo exercício da função do Ministério Público e do Judiciário uma atividade de altíssimo risco pessoal. A justificativa para a urgente intimidação dos promotores, procuradores e juízes é falsa e busca manipular a opinião pública. Essas classes não estão a salvo da lei. Os membros do Ministério Público e do Poder Judiciário se sujeitam a quatro esferas de responsabilidade: civil, criminal, de improbidade administrativa e disciplinar. Se há impunidade, é porque o sistema não funciona e, então, o que deve ser atacado não é a independência de promotores, procuradores e juízes e, sim, a regra da impunidade dos crimes do colarinho branco, a qual vale para corruptos de todos os órgãos públicos. Nesse sentido, o endurecimento das leis que tinha sido proposto por meio das 10 medidas anticorrupção se aplicaria a todos, isto é, inclusive a promotores, procuradores e juízes.

    Persigam os juízes e promotores, soltem os colarinhos brancos. Essa é a mensagem da ação do Congresso de ontem, que enfraquece os órgãos que têm sido reconhecidos por sua atuação firme no combate à corrupção.

    A aprovação da Lei da Intimidação acontece em um momento em que as investigações da Lava Jato chegam cada vez mais perto de crimes de corrupção praticados por um número significativo de parlamentares influentes. O mesmo espírito de autopreservação que moveu a proposta de autoanistia moveu e move a intimidação de promotores, procuradores e juízes. O objetivo é “estancar a sangria”. Há evidente conflito de interesses entre o que a sociedade quer e aqueles que se envolveram em atos de corrupção e têm influência dentro do Parlamento querem. O avanço de propostas como a Lei da Intimidação instaura uma ditadura da corrupção, um estado de tirania em que o poder é exercido fora dos limites com os quais foi conferido pelo povo, isto é, fora da circunscrição do atendimento ao interesse público.

    Se aprovada, a proposta será o começo do fim da Lava Jato. Se medidas contra a corrupção podem ser convertidas em Lei da Intimidação, que favorece a corrupção e a prática de outros crimes por poderosos, restará ferido o Estado de Direito. A Força Tarefa da Lava Jato reafirma seu compromisso de avançar enquanto for possível, trabalhando ainda mais duro, dentro das regras da Constituição e das Leis, para investigar, processar e punir a corrupção, seja quem for o criminoso. Contudo, os procuradores da Força Tarefa estão de acordo que não será possível continuar trabalhando na Lava Jato se a Lei da Intimidação for aprovada.”

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    Câmara Municipal presta homenagem aos vereadores que não foram reeleitos

    Por iniciativa do vereador Ivaldo Rodrigues (PDT), a Câmara Municipal de são Luís prestou uma homenagem aos vereadores que não conquistaram a reeleição para a décima nona (19ª) legislatura, que terá início em janeiro do próximo ano. Foram destacados os atuais vereadores José Joaquim (PSDB), Sebastião Albuquerque (PRP), Fábio Câmara (PMDB), Rose Sales (PMB), Roberto Rocha Junior (PSB), Armando Costa (PSDC), Professor Lisboa (PCdoB), Luciana Mendes(PP), Barbosa Lages (PDT), Paulo Luiz (PRB), Marlon Garcia (PTdoB), Eidimar Gomes (PSDB), Manoel Rego (PP) Helena Dualibe (PMDB) e Nato Sena (PRP).

    Fazendo pronunciamento da tribuna do Legislativo Ludovicense, Ivaldo Rodrigues deu ênfase que uns não conquistaram sua reeleição ou porque não se candidataram ou por questões do coeficiente eleitoral, coligação mas não por falta de votos. Continuando ele deixou claro que “cada um deixa a sua marca pelo eu trabalho de lutar para a construção de uma São Luís que todos nós sonhamos, e que o trabalho de cada um justifica essa homenagem”.

    O vereador José Joaquim foi um dos principais alvos da solenidade, por ser considerado o decano da Casa, “e pelo seu trabalho íntegro e competência”, enfatizou o parlamentar pedetista. Também o vereador Sebastião Albuquerque foi lembrado pelo vereador Estevão Aragão (PSB), ao ser indicado inicialmente para usar a palavra.

    Bastante emocionado o vereador José Joaquim fez seu agradecimento, afirmando que sentia-se bastante lisonjeado com o ato de reconhecimento pelo trabalho realizado por todos que não lograram êxito na eleição de outubro, renovando seus mandatos, mas que continuam lutando em prol do desenvolvimento da cidade e bem estar da população.

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    Mobilidade urbana proposta por Júnior Verde será executada em São Luís

    O deputado estadual Júnior Verde (PRB) comemorou o anúncio feito pelo Governo do Estado nesta terça (25) informando que transformará as avenidas dos Holandeses e Litorânea em vias de mão única – cada uma em um sentido. As intervenções são uma reivindicação antiga do parlamentar, e foram objeto de Indicações apresentadas na Assembleia Legislativa, no ano passado.

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    O trecho que será afetado vai do retorno do Comando Geral da Polícia Militar até o Araçagi. O governador Flávio Dino já assinou o contrato de financiamento com a Caixa Econômica Federal (CEF), destinado à execução da primeira etapa do projeto, que prevê a implantação de um BRT. A Avenida dos Holandeses fluirá no sentido Calhau/Araçagi; e a Litorânea no sentido contrário.

    A mudança foi solicitada por Júnior Verde em março de 2015, em caráter de urgência. “Vivemos um verdadeiro caos no que diz respeito ao trânsito e à mobilidade urbana. Acredito que a implantação de 3 faixas de circulação no mesmo sentido nessas avenidas, sendo uma delas de uso exclusivo de ônibus, será extremamente benéfica à população, promoverá melhor fluidez e diminuição dos grandes engarrafamentos que costumam ocorrer. Fiquei feliz com a decisão do governador em realizar essas intervenções tão necessárias”, disse Júnior Verde.

    Prolongamento da Litorânea – Também no mês de março do ano passado, o parlamentar apresentou Indicação solicitando o prolongamento da avenida Litorânea até a praia do Olho D’água, alteração que já fazia parte do planejamento urbano e viário para a capital desde 2012.

    Para concretizar a mudança de sentido na Holandeses e Litorânea, será feita justamente a complementação da obra de extensão da avenida costeira, além da modernização de um trecho da Avenida Colares Moreira e ruas do entorno.

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    MP pede afastamento do prefeito de São João do Caru por improbidade administrativa

    O Ministério Público do Maranhão ingressou, na última segunda-feira, 28, com uma Ação Civil Pública contra o Município de São João do Caru e o prefeito Jadson Lobo Rodrigues por improbidade administrativa. Na ação da Promotoria de Justiça da Comarca de Bom Jardim (da qual São João do Caru é termo judiciário), foi pedido o afastamento do prefeito do cargo, além da indisponibilidade de seus bens.

    img_6426A ação baseia-se em uma série de irregularidades na contratação e concessão de gratificações a servidores públicos municipais.

    Além da não realização de concurso para ingresso de novos servidores, gratificações eram pagas, sem qualquer critério, a servidores escolhidos pelo prefeito Jadson Rodrigues.

    O Estatuto dos Servidores Municipais de São João do Caru prevê apenas dois casos em que podem ser pagas gratificações: a primeira é pelo exercício de funções de direção, chefia e assessoramento. A segunda é a chamada gratificação natalina.

    Além disso, as gratificações, muitas vezes, superavam os próprios salários dos servidores. É o caso de uma enfermeira com salário base de R$ 2.100 e que recebe uma gratificação inominada de R$ 3.550.

    Em outro caso, uma auxiliar de serviços gerais recebe salário de R$ 880 e gratificação de R$ 1.212. Os valores pagos pelo Município de São João do Caru estão, inclusive, muito acima das médias regional e nacional, tanto em empresas privadas quanto em órgãos públicos.

    “Quando o prefeito quer, ele paga gratificações abusivas ao servidor, principalmente aos seus contratados, quando ele não quer, paga somente as gratificações instituídas por lei, as quais raramente chegam a 25% do vencimento-base.

    Mais um exemplo de que, quando a lei é seguida, as gratificações são bem abaixo das pagas graciosamente pelo prefeito”, observa, na ação, o promotor de justiça Fábio Santos de Oliveira.

    DIFERENÇAS DE VENCIMENTO
    A irregularidade na concessão de gratificações leva a diferenças significativas entre os vencimentos de servidores com funções semelhantes.

    A servidora contratada como auxiliar de serviços gerais, já citada, recebe mensalmente uma gratificação de R$ 1.212. Ao mesmo tempo, uma zeladora concursada recebe apenas R$ 288,16 relativos à soma de abono família, anuênios e adicional de qualificação.

    Também foram levadas à promotoria denúncias sobre a existência de funcionários fantasmas na folha de pagamento de São João do Caru, o que foi confirmado pelo Ministério Público. Há casos de pagamento de salário de R$ 2 mil a pessoas que não trabalham e sequer moram no município.

    “Preferiu-se (mesmo sabendo da necessidade de realizar concurso público e dos limites previstos no estatuto dos servidores municipais para concessão de gratificações) gastar os parcos recursos do município com pagamento de servidores indevidamente contratados e de gratificações ilegais, o que culminou em dar uma destinação ilegal aos recursos públicos do município”, conclui o promotor de justiça.

    Na ação, o Ministério Público pede que seja concedida liminar determinando a suspensão das gratificações de todos os servidores do Município de São João do Caru até que a Prefeitura consiga provar a legalidade de cada uma delas.

    Quanto ao prefeito Jadson Lobo Rodrigues, além do afastamento imediato do cargo e da indisponibilidade dos bens em valor suficiente para cobrir os gastos municipais com o pagamento irregular de gratificações, foi pedida, ao final do processo, a condenação por improbidade administrativa.

    Também ao fim do processo, o Ministério Público pede que o Município seja condenado a rescindir todos os contratos irregulares de prestação de serviço, sob pena de pagamento de multa, e seja proibido de pagar gratificações fora das hipóteses legais, sob pena de multa a ser aplicada tanto ao Município quanto ao ocupante do cargo de prefeito.

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    Desembargadores repudiam aprovação de emenda que possibilita punição a magistrados

    Tema foi debatido no início da Sessão Plenária desta quarta-feira (30), com destaque para o pronunciamento da ministra presidente do STF e CNJ, Cármem Lúcia.

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    Na manhã desta quarta-feira (30), os desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão, reunidos para Sessão Plenária, repudiaram a aprovação de emenda ao texto-base de pacote anticorrupção aprovado na madrugada pela Câmara dos Deputados. A emenda possibilita a punição de magistrados e integrantes do Ministério Público por crime de abuso de autoridade.

    Para os desembargadores maranhense, a aprovação é uma demonstração clara de que estão querendo limitar e até criminalizar ações dos juízes. “Estão querendo amordaçar os magistrados. Precisamos nos posicionar firmemente com essa medida”, comentou o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Cleones Cunha.

    Ensejando o tema e corroborando o posicionamento da Justiça estadual maranhense, o desembargador Cleones Cunha distribuiu a todos os desembargadores cópias do discurso proferido pela ministra Cármem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ainda na terça-feira (29), horas antes do início da votação no Congresso Nacional.

    No texto, a ministra condena as tentativas de cerceamento do trabalho da Justiça. “Os juízes brasileiros tornaram-se permanente alvo de ataques, de tentativa de cerceamento de sua atuação constitucional e, pior, busca-se mesmo criminalizar seu agir”.

    Os desembargadores do TJMA ratificaram o posicionamento da ministra quando ela também diz que “juiz sem independência não é juiz; é carimbador de despachos, segundo interesses particulares, e não garante direitos fundamentais segundo a legislação vigente”, destacou o trecho o presidente do Judiciário maranhense.

    ELOGIO – Diante do posicionamento da ministra Cármem Lúcia e dos desembargadores maranhenses, foi aprovado e enviado um telegrama à ministra no qual o Tribunal de Justiça do Maranhão, representando o Poder Judiciário maranhense, a cumprimenta pelo brilhantíssimo discurso proferido em defesa da magistratura nacional.

    “Nos sentimos muito bem representados nesse discurso da ministra e fazemos das suas palavras as nossas. Nos perguntamos também ‘Desconstruir-nos como Poder Judiciário ou como juízes independentes interessa a quem? Enfraquecer-nos objetiva o que? Afinal, acho que nós do Poder Judiciário, do Ministério Público e da classe de advogados devemos nos perguntar que Brasil que temos e que Brasil queremos ter?’’’, completou o desembargador Cleones Cunha.

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    Morre o agente civil Furtado

    Vítima de complicações causadas pelo diabetes, morreu na manhã de terça feira, no Hospital do Servidor, o investigador da Polícia Civil do Maranhão, Carlos Alberto Furtado dos Santos.

    O agente Furtado se destacou pelo seu trabalho na elucidação de crimes emblemáticos ocorrido no estado, tendo prestado bons serviços à sociedade maranhense nos organismos do Sistema de Segurança, em foi lotado.

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    Luís da Amovelar se une ao grupo político de Ricardo Murad em Peritoró para tentar eleger presidente da Câmara

    Luis da Amovelar, ex-prefeito de Coroatá, parece não se contentar apenas com o comando da Prefeitura da cidade onde conseguiu eleger seu filho prefeito; sua sede de poder vai mais além. Inconformado por não ter conseguido viabilizar sua esposa como candidata em Peritoró, parte agora numa ofensiva para tentar eleger o próximo presidente da Câmara Municipal de Peritoró, com objetivo de criar problemas para a administração do prefeito Padre Jozias que se reelegeu para mais um mandato.

    img_6423Nessa empreitada, para conseguir seu objetivo, Amovelar se uniu ao grupo comandado por Ricardo Murad, que até então se dizia adversário.

    Para seduzir os nobres edis, em reunião com seis deles, Amovelar fez propostas vantajosas que deverão ser bancadas pela Prefeitura de Coroatá a partir de janeiro de 2017, onde afirma que estará no comando, mandando e desmandando.

    Seduzidos por tais vantagens, seis vereadores se reunirão com Luis para tratar do acordo, que também inclui a participação do ex-prefeito Dr. Agamenon, fiel escudeiro de Ricardo Murad em Peritoró.

    Na reunião estavam presentes os vereadores Irmão Henrique – SD, Sales Itamarasom – PR, Clemilson Viana – PTdoB, Edmilson Marques – PRB, Maciel – PDT, e Adriano Macedo – PcdoB.

    O mais interessante de tudo isso, é que os dois nomes preferidos por Amovelar para a presidência são os vereadores Clemilson Viana, que no Palanque de Dr.

    Junior defendia Ricardo Murad, e Irmão Henrique, que no palanque de Jorginho Murad fazia a mesma coisa, ou seja, ambos de confiança de Murad e agora também de Amovelar.

    Como Amovelar vai explicar essa engelharia política sendo opositor a Murad em Coroatá e ao mesmo tempo se unindo a seu grupo em Peritoró? Por que Luis está mais interessado em eleger o presidente da Câmara de Peritoró do que da sua própria cidade? O que estar por trás de tanto interesse? Vamos aguardar pra ver.

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    Maranhense relata momentos de pânico em avião que pousou antes do acidente com time da Chapecoense

    Do Uol

    Um voo comercial da empresa VivaColombia fez um pouso não programado no aeroporto José Maria Córdova, de Medellín, no mesmo horário em que o avião da Chapecoense se aproximava no local, no fim da noite da segunda-feira (28). O avião da VivaColombia, que tinha saído de Bogotá rumo à ilha de San Andrés, não chegou a seu destino por causa de uma emergência e precisou pousar no aeroporto mais próximo, justamente o de Medellin.

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    Maysa Ramos de 27 anos, estava no avião da VivaColombia, que tinha saído de Bogotá rumo à ilha de San Andrés, porém não chegou a seu destino por causa de uma emergência e precisou pousar no aeroporto mais próximo, justamente o de Medellin.

    Já a aeronave da Chape, operada pela empresa boliviana Lamia, não conseguiu pousar e caiu minutos depois perto do aeroporto. Ainda não está claro se a emergência no voo comercial afetou de alguma forma o acidente que matou 71 pessoas, entre jogadores e funcionários do time brasileiro, além de jornalistas, convidados e tripulantes.

    Além de Maysa, estavam pelo menos dois brasileiros nesse voo. Apesar do susto, os passageiros estão bem e depois do contratempo conseguiram chegar a seu destino. “Nosso voo foi confuso e teve muita turbulência”, disse a assistente de compras Maysa Ramos, 27, que está de férias na Colômbia e na companhia da advogada Hanna Pfeffer, 26.

    A maranhense contou que no meio do voo, o piloto entrou o contato com os passageiros informando sobre um “vazamento de gasolina” e dizendo que seria necessário fazer um pouso de emergência em Medellín. Já no chão, os passageiros tiveram que esperar no avião por cerca de 45 minutos e depois foram levados a uma sala de espera no aeroporto.

    Buscando por informações, as duas brasileiras ouviram de uma funcionária do aeroporto que o voo delas tinha recebido prioridade de pouso em relação ao avião que transportava a Chapecoense, que havia caído.

    “A mensagem que ela passava era: a culpa foi do voo de vocês”, conta Maysa, que nasceu no Maranhão, mas vive em Uberlândia (MG). “Fiquei muito perplexa. Ela precisou me contar umas três vezes porque eu não estava acreditando. A gente sabia que o avião tinha caído, mas não conseguimos acreditar que tinha sido por culpa do nosso avião.”

    “A policial informou que infelizmente eles não conseguiram pousar pois já estávamos na prioridade de emergência”, escreveu Maysa a seus amigos. “Eles tinham que esperar o meu avião chegar ao solo… Nessa espera, perderam o contato com a torre e o avião caiu. E se eles tivessem pousado primeiro? Talvez seria o nosso avião rodando no ar também sem gasolina! Foi um caos, ninguém sabe ao certo o que aconteceu, todo mundo com medo de pegar outro avião, criança chorando, pessoas gritando…”

    As autoridades colombianas, porém, não confirmaram uma relação direta entre os dois casos.

    Em nota, a VivaColombia confirmou a ocorrência, mas negou que o avião tenha “declarado emergência” à torre de controle do aeroporto. “Foram feitos os procedimentos autorizados, aprovados e indicados pela torre de controle”, afirmou a empresa

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    Governo desautoriza urgência em projeto que prevê impessoalidade em propaganda oficial

    Governo desautoriza urgência em projeto que prevê impessoalidade em propaganda oficial

    Proposta é de autoria do deputado César Pires. Medida contraria o uso da máquina pública para promoção pessoal

    Do blog do Atual7

    O governo desautorizou a urgência para aprovar o projeto de lei que disciplina a veiculação impessoal de publicidade e propaganda do Governo Estadual e Municipal, seus respectivos poderes e entidades da administração direta. O projeto é de autoria do deputado César Pires (PEN), que apresentou requerimento solicitando que, depois de ouvido o plenário, a proposta fosse discutida e votada em regime de urgência, em sessão extraordinária, nessa segunda-feira 28, logo após a sessão plenária.

    Apesar da medida contrariar o uso da máquina pública para promoção pessoal, a matéria recebeu 14 votos contrários e 9 votos favoráveis. O total de 19 deputados estavam ausentes. A votação foi coordenada pelo vice-líder do governo na Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Marco Aurélio (PCdoB).

    Segundo o próprio comunista declarou durante a votação, a decisão pela não aprovação da urgência foi acertada entre o líder do governo na Casa, deputado Rogério Cafeteira (PSB), e os demais deputados da base governista mais anilhada ao governador Flávio Dino (PCdoB). A ação, segundo apurou o ATUAL7, foi tomada para evitar uma possível justificava do Palácio dos Leões para não cumprir um acerto de pagamento de emendas aos parlamentares.

    Lealdade canina

    Para César Pires, a “lealdade canina” dos deputados ao Palácio dos Leões tem feito com que a Casa jogue a serenidade que possui “abaixo da mediocridade”. “Isto aqui não pode ser tratado como brincadeira. Ninguém está deixando de ser governo. Agora eu pergunto: aonde é que querem fazer nós chegarmos aqui como parlamentares?”, questionou.

    O deputado voltou a declarar que a Casa possui, atualmente, o pior parlamento de todos os tempos, e ainda desafiou os demais parlamentares e subirem à tribuna para rebatê-lo. “A lealdade canina não é assim. Mediocridade não existe aqui dentro, mediocridade é meio, ela é menor do que a mediocridade e o comportamento. Venham para cá e digam onde estou errado”, desafiou.

    Com a desaprovação à urgência para a votação do projeto de lei, a matéria segue agora por tramitação regular, passando pelas comissões para, a partir daí, ter a discussão do mérito como um todo. O governo já trabalha para barrar a proposta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que tem como titular o deputado Rafael Leitoa (PDT).

    Votação

    Votaram contra a urgência do projeto de lei os deputados Bira do Pindaré (PSB), Cabo Campos (DEM), Levi Pontes (PCdoB), Edivaldo Holanda (PTC), Francisca Primo (PCdoB), Josimar de Maranhãozinho (PR), Othelino Neto (PCdoB), Marco Aurélio (PCdoB), Rafael Leitoa (PDT),  Raimundo Cutrim (PCdoB), Rigo Teles (PV), Sérgio Frota (PSDB), Stênio Rezende (DEM) e Vinícius Louro (PR). Votaram pela urgência os deputados Adriano Sarney (PV), Alexandre Almeida (PSD), Andrea Murad (PMDB), César Pires (PEN), Edilázio Júnior (PV), Eduardo Braide (PMN), Graça Paz (PSL), Nina Melo (PMDB) e Zé Inácio (PT). Os demais parlamentares não estavam no plenário durante a votação.

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    Urbano Santos conquista o selo “Unicef município aprovado” edição 2013-2016

    Após dois anos intensos de trabalhos voltados para a garantia dos direitos das crianças adolescentes e seus familiares, o município de Urbano Santos (263 quilômetros de São Luís), recebeu o selo “Unicef Município Aprovado, edição 2013-2016. O reconhecimento é dado aos municípios em que a gestão se dedica às políticas públicas que assistem aos direitos dessa população.

    Desde 2014, quando a prefeitura de Urbanos Santos iniciou as ações para a conquista do selo, vários encontros foram realizados. O 1º Fórum Comunitário foi realizado ainda naquele ano, quando o Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef), capacitou os representantes do município.

    Durante os dois anos de processo a atual gestão, sob o comando da prefeita Iracema Vale, investiu ainda mais nas áreas de saúde, educação, assistência social, esporte e lazer melhorando a qualidade de vida dos urbanosantenses.

    No segundo fórum, ocorrido neste ano, a população avaliou tudo que foi realizado a partir do Plano de Ação, estabelecido no primeiro fórum.

    O principal resultado de todo o esforço empenhado foi a melhoria dos indicadores sociais (ver gráfico), por meio de estratégias que partiram do diálogo com a população. A solenidade de reconhecimento dos municípios vencedores ocorre, na próxima sexta-feira, 02 de dezembro.

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    Em Audiência, Max Barros cobra explicações do superintendente do BB sobre fechamento de agências

    Na tarde da última terça-feira (29), o deputado Max Barros (PRP) presidiu uma acalorada Audiência Pública, realizada no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Maranhão, que tratou do fechamento de agências do Banco do Brasil em todo o estado. Na ocasião, foi ouvido o superintendente do Banco do Brasil no Maranhão, Ingo Kobarg Júnior, que detalhou algumas estratégias da instituição a respeito das medidas anunciadas.

    img_6399Entre os presentes estavam o deputado Levi Pontes (PCdoB), o deputado Zé Inácio (PT), a deputada Francisca Primo (PCdoB), o deputado Bira do Pindaré (PSB), o deputado Eduardo Braide (PMN), o pró-reitor de Assistência Estudantil da UFMA, João de Deus, o diretor do Procon/MA, Duarte Júnior, o presidente do sindicato dos Bancários, Eloy Natan, os presidentes do Conselho de Moradores do Itaqui-Bacanga e da Associação de Moradores, além da sociedade em geral.

    Em sua fala, o deputado Max Barros – que foi o autor do requerimento que convocou a audiência, aprovado por ampla maioria por seus pares – agradeceu a disponibilidade do superintendente e pontuou que a reunião cumpria seu papel de esclarecer a sociedade quanto ao fechamento das agências.

    “Estamos reunidos hoje aqui para fazer uma interlocução franca, para fazermos uma análise com o objetivo principal de buscar uma solução para que a população não seja prejudicada”, destacou o deputado Max Barros.

    O deputado também enfatizou que o Banco do Brasil é um agente público e não pode deixar de cumprir o seu papel social. “O Banco do Brasil tem que cumprir o seu papel social. Não podemos compará-lo a um banco privado, ele tem que primar, acima de tudo pela política social”, ressaltou.

    Max Barros questionou a maneira a qual o Banco do Brasil conduziu a estratégia de fechamento das agências, sem antes fazer uma consulta pública à população diretamente afetada. “Porque não se ouve a população antes de tomar as decisões? As decisões vêm fechadinhas? Porque não podemos conversar com a população primeiro?”, questionou.

    Entre os apontamentos, o parlamentar também destacou que a área do Itaqui-Bacanga, que será atingida com o fechamento de uma agência, é densamente populosa e deverá sofrer grandes impactos com a retirada daquele serviço na localidade.

    O BANCO DO BRASIL

    O superintendente declarou que o Banco tomou uma decisão estratégica fora do alcance dos funcionários operacionais, por se tratar de uma empresa de economia mista, em que, acionistas e população em geral esperam retorno da instituição.

    Ele acrescentou que a instituição possui 208 anos de existência e em momento algum agiu contra a legalidade, no sentido de prejudicar as pessoas. Ele afirmou também que o Banco do Brasil ˜não tem nenhum prazer em fechar agência em qualquer lugar do Brasil” e se o banco o Banco o fez, fez porque teve necessidade, em razão da crise financeira a qual passa o país.

    Ingo Kobarg pontuou que o Banco do Brasil não fará nenhuma demissão e aposta na aposentadoria incentivada, com a expectativa de um bom número de adesões no Maranhão. Sobre o fechamento das agências, ele destacou que nenhum município maranhense irá ficar sem o serviço bancário do Banco do Brasil, mesmo que agências sejam retiradas.

    A audiência também contou com a participação verbal dos deputados estaduais, do presidente do Procon, do pró-reitor da UFMA e de populares que em suas falas demonstraram indignação com o fechamento das agências em todo o estado.

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    Aborto até o terceiro mês não é crime, decide turma do Supremo

    Alan Marques/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 05.05.2016. Os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) se reúnem para discutir uma ação apresentada pela Rede pedindo para que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seja afastado de imediato da Presidência da Câmara e impedido de estar na linha sucessória da Presidência da República. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O plenário do Supremo Tribunal Federal, em Brasília

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE BRASÍLIA

    A maioria da primeira turma do STF (Supremo Tribunal Federal) firmou o entendimento, nesta terça-feira (29), de que praticar aborto nos três primeiros meses de gestação não é crime. Votaram dessa forma os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Edson Fachin.

    A decisão é sobre um caso específico, em um habeas corpus que revogou a prisão preventiva de cinco pessoas que trabalhavam numa clínica clandestina de aborto em Duque de Caxias (RJ), mas pode ser considerada um passo à frente na descriminalização do ato, desde que no início da gravidez.

    Embora a decisão tenha se dado em um caso específico, outros magistrados, de outras instâncias, poderão, a seu critério, adotar o entendimento da primeira turma do STF.

    O relator, ministro Marco Aurélio, já havia concedido liminar em 2014 para soltar os cinco médicos e funcionários da clínica fluminense. Seu fundamento era que não existiam os requisitos legais para a prisão preventiva (como ameaça à ordem pública e risco à investigação e à aplicação da lei). Nesse processo, nenhuma mulher que praticou aborto na clínica foi denunciada.

    Em agosto deste ano, quando foi a julgamento o mérito do habeas corpus, Barroso pediu vista. Em seu voto, nesta terça, ele concordou com a revogação das prisões pelos motivos apontados por Marco Aurélio, mas trouxe um segundo fundamento. Para ele, os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto no primeiro trimestre de gestação violam direitos fundamentais da mulher.

    As violações são, segundo o voto de Barroso, à autonomia da mulher, à sua integridade física e psíquica, a seus direitos sexuais e reprodutivos e à igualdade de gênero. “Na medida em que é a mulher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o homem não engravida, somente haverá igualdade plena se a ela for reconhecido o direito de decidir acerca da sua manutenção ou não”, escreveu o ministro sobre o direito à igualdade de gênero.

    “O direito à integridade psicofísica protege os indivíduos contra interferências indevidas e lesões aos seus corpos e mentes, relacionando-se, ainda, ao direito à saúde e à segurança. Ter um filho por determinação do direito penal constitui grave violação à integridade física e psíquica de uma mulher”, afirmou também o ministro.

    Além disso, segundo Barroso, a criminalização do aborto causa uma discriminação contra as mulheres pobres, que não podem recorrer a um procedimento médico público e seguro, enquanto as que têm condições pagam clínicas particulares.

    Alan Marques – 28.mar.2016/Folhapress
    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso
    O ministro Luís Roberto Barroso em sessão do STF em março deste ano

    Ainda de acordo com o voto de Barroso, que foi acompanhado por Weber e Fachin, os principais países democráticos e desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Espanha, Portugal e Holanda, não criminalizam o aborto na fase inicial da gestação. O prazo de três meses foi tirado da comparação com esses países.

    Os dois outros ministros da primeira turma, Marco Aurélio e Luiz Fux, não se manifestaram sobre a descriminalização do aborto no início da gravidez. No caso específico, eles também votaram pela revogação das prisões preventivas, com base apenas na ausência dos requisitos legais para mantê-las.

    Barroso destaca, em sua decisão, que o aborto não é algo bom, e que o papel do Estado deve ser evitá-lo, mas com educação sexual, distribuição de contraceptivos e apoio às mulheres que desejarem manter a gravidez, mas que não tenham condições.

    O que foi julgado na primeira turma foi um habeas corpus para reverter a prisão preventiva dos cinco acusados. O mérito desse caso continua a ser julgado na Justiça do Rio.

    No próximo dia 7, o plenário do Supremo julgará a possibilidade de aborto em casos em que mulher for infectada pelo vírus da zika.

    Em 2012, a corte decidiu, por 8 votos a 2, que a interrupção de gravidez no caso de fetos com anencefalia comprovada não é crime. Na ocasião, Barroso, que ainda não era ministro, advogou a favor da descriminalização.

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