No cargo, além de supersalário e benefícios, Flamarion Amaral vai ter comando sobre servidores e despesas da pasta. Ministério Público apontou nepotismo em nomeação de parentes por prefeito anterior.
O novo prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), iniciou a gestão na segunda cidade mais populosa do Maranhão nomeando o próprio irmão, Flamarion Amaral, para a Semus (Secretaria Municipal de Saúde).
A nomeação foi publicada no Diário Oficial do dia 6 de janeiro. No cargo, além de comando sobre servidores efetivos e comissionados, controle sobre as despesas da pasta e direito a benefícios como diárias, veículo oficial e combustível, ele vai receber um supersalário de R$ 21 mil.
Flamarion é vereador reeleito de Imperatriz, município da Região Metropolitana do Sudoeste Maranhense. Segundo biografia divulgada no site da Câmara, ele é enfermeiro e, antes de ter ocupado uma cadeira no Parlamento imperatrizense, foi vereador por dois mandatos em Buritirana, também localizado no Oeste Maranhense.
O Atual7 questionou a gestão municipal por e-mail sobre os critérios técnicos e administrativos adotados pelo prefeito Rildo Amaral para a escolha do irmão Flamarion Amaral para a Semus, e solicitou acesso ao currículo do novo secretário de Saúde de Imperatriz, mas não obteve resposta.
O nepotismo, termo usado para definir o uso de um cargo, por um agente público, para nomear ou favorecer parentes, é proibido por lei. Em tese, a nomeação do irmão pelo prefeito de Imperatriz não seria ilegal, mas diante da ausência de informações sobre eventuais experiências anteriores em cargos de gestão pública, pode ser questionada.
De acordo com o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), os cargos de secretariado são considerados indicações de natureza política e, portanto, não obedecem à lei antinepotismo, que proíbe nomeações de cônjuges ou companheiros dos administradores e parentes de até terceiro grau destes para cargos públicos no primeiro escalão.
Por outro lado, a Constituição determina que a administração pública deve ser conduzida pelos princípios da moralidade e da impessoalidade.
Foi com base nessa interpretação que, durante a gestão municipal anterior, a prática de indicação de parentes a cargos de primeiro escalão em Imperatriz foi combatida pelo Ministério Público estadual e derrubada pela Justiça. Por esses princípios, embora a nomeação para cargos públicos de natureza política possa não configurar nepotismo, casos de ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral são considerados ilegais, além de também ferir o princípio da eficiência da administração pública.
Conforme mostrou o Atual7, entre os interpelados por indícios de falta de qualificação para o exercício do cargo estão Janaína Ramos(Republicanos) e Italoelmo Ramos, respectivamente, então esposa e irmão de Assis Ramos (União), que deixou a prefeitura em dezembro de 2024, após dois mandatos.
Hoje deputada estadual, Janaína foi nomeada secretária municipal de Desenvolvimento Social quando virou alvo do Ministério Público, que apontou o ato como prática de improbidade administrativa. A ação aguarda desfecho no Tribunal de Justiça, após a primeira instância entender a saída dela do cargo, para assumir o mandato na Assembleia Legislativa, como motivo para encerrar o caso.
Já contra o irmão de Assis Ramos, uma ação popular resultou na determinação judicial para a exoneração dele do cargo. Além da saída da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, a decisão também ordenou a devolução aos cofres públicos de todos os valores recebidos por Italoelmo, no período da nomeação.