Onze deputados federais do Maranhão, de uma bancada formada por 18 parlamentares, votaram favoráveis, na noite desta quarta-feira (25), ao arquivamento da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB).
Foram a favor do peemedebista Aluisio Mendes (Podemos), André Fufuca (PP), João Marcelo (PMDB), José Reinaldo Tavares (PSB), Cleber Verde (PRB), Júnior Marreca (PEN), Sarney Filho (PV), Pedro Fernandes (PTB), Juscelino Filho (DEM), Victor Mendes (PV) e Hildo Rocha (PMDB).
Votaram contra Eliziane Gama (PPS), Weverton Rocha (PDT), Rubens Pereira Júnior (PC do B), Julião Amin (PDT), Zé Carlos (PT) e Waldir Maranhão (Avante).
A deputada Luana Costa (PSB) se absteve.
Michel Temer é acusado pela Procuradoria Geral de República (PGR) dos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
A votação no plenário da Câmara Federal continua.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
Juiz Moro o sentenciou por corrupção e lavagem de dinheiro. É a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente é condenado por receber propina
Por Rodrigo Rangel
O juiz Moro e o ex-presidente Lula: sentença do caso tríplex saiu dez meses após acusação formal (Reprodução/Reprodução)
O juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença, anunciada nesta quarta-feira, é a decisão derradeira de Moro no processo em que o petista foi acusado pela força-tarefa da Lava-Jato de receber propina da OAS, uma das empreiteiras do chamado clube do bilhão, que se refestelou nos últimos anos com contratos bilionários na Petrobras. Entre as vantagens recebidas por Lula, segundo a acusação, está um apartamento tríplex no balneário do Guarujá, em São Paulo. É a primeira vez que um ex-presidente do Brasil é condenado por corrupção.
Pouco menos de dez meses se passaram entre a acusação formal feita pelos procuradores da Lava-Jato e a sentença do juiz Moro. Ao acusar Lula, a força-tarefa apontou o ex-presidente como “chefe” do esquema de corrupção montado na Petrobras e o acusou de participar, em parceria com a OAS, do desvio de mais de R$ 87 milhões dos cofres da estatal. “Após assumir o cargo de presidente da República, Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à perpetuação criminosa no poder, comprar apoio parlamentar e financiar caras campanhas eleitorais”, escreveram os procuradores. “Lula era o maestro dessa grande orquestra”, chegou a dizer, na ocasião, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol.
De acordo com a denúncia, Lula recebeu R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas pagas pela OAS. A maior parcela, R$ 1,1 milhão, corresponde ao valor estimado do tríplex, cujas obras foram concluídas pela empreiteira. Os procuradores sustentaram ainda que companhia gastou R$ 926 mil para reformar o apartamento e outros R$ 350 mil para instalar móveis planejados na unidade, sempre seguindo projeto aprovado pela família Lula. A acusação inclui R$ 1,3 milhão que a OAS desembolsou para pagar uma empresa contratada para armazenar bens que o petista levou para São Paulo após deixar a Presidência da República. Desde o início da investigação que deu origem à sentença agora proferida por Moro, Lula sempre negou ter recebido vantagens da OAS. O ex-presidente ainda é réu em outros quatro processos.
Mais informações em instantes.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
HAMBURGO – Apesar da crise política no Brasil e sob a acusação de corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente Michel Temer disse que volta ao país “tranquilíssimo” após a viagem a Hamburgo, na Alemanha, para participar da cúpula do G20, grupo das maiores economias do mundo.
Nos últimos dias, multiplicaram-se os sinais de defecções em sua base aliada para a votação da denúncia da PGR no Congresso e também mudou a previsão do mercado em relação a sua permanência no cargo. Mesmo assim, o presidente resumiu em uma palavra seu estado de espírito:
— Tranquilissimo — disse, mostrando o polegar em sinal de positivo.
Temer procurou revelar otimismo na continuidade de seu governo:
— Vou continuar trabalhando pelo país, fazer a economia crescer como está crescendo, sem nenhum problema, e fazendo com que todos fiquem em paz — concluiu ao deixar seu hotel em direção ao centro de convenções do G20.
Durante as reuniões da cúpula do G-20, Temer tentou passar uma sensação de tranquilidade. Na última sexta-feira, o presidente buscou falar da situação econômica do país. Em um vídeo publicado em sua conta no Twitter, Temer cometeu uma gafe ao afirmar que estaria “fazendo voltar o desemprego.”
O presidente deixou a cidade alemã neste sábado para o Brasil. Ele decolou às 12h25 no horário local (7h25 horário de Brasília), após participar da primeira reunião da manhã do G-20. Temer, porém, não participou do almoço de trabalho nem do encerramento da cúpula.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
Senador do PSDB estava afastado do mandato desde 18 de maio, por decisão de Edson Fachin. Tucano discursou por mais de 20 minutos, criticou delação e foi aplaudido por senadores.
senador Aécio Neves (PSDB-MG) subiu à tribuna do Senado nesta terça-feira (3) para se defender das acusações do Ministério Público Federal contra ele. Durante o pronunciamento, o tucano afirmou que não cometeu crimes e se disse indignado com o que chamou de “injustiça”.
Ele estava afastado desde o dia 18 de maio, por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, com base na delação de executivos da JBS. Segundo o Ministério Público, Aécio solicitou e recebeu do empresário Joesley Batista R$ 2 milhões que seriam utilizados para pagar seus advogados em inquéritos da Lava Jato. Em troca, Aécio atuaria em favor da JBS no Congresso Nacional.
Além disso, Fachin entendeu, com base nas investigações do Ministério Público, que, em razão do mandato, Aécio poderua usar seu poder para atrapalhar as investigações da Lava Jato.
Ele retornou ao Senado nesta terça, após o ministro Marco Aurélo Mello derrubar o afastamento, em 30 de junho. Na decisão, o ministro contestou os argumentos da Procuradoria Geral da República de que Aécio usaria o poder do cargo para interferir nas investigações. O ministro também considerou que o afastamento do senador era uma medida que colocava em risco a harmonia entre os poderes Legislativo e Judiciário.
“Inicio este pronunciamento dizendo que retorno à tribuna com um conjunto de sentimentos que podem parecer contraditórios, mas retratam a profundidade das marcas que o episódio de afastamento do mandato deixou, não apenas em mim, mas em minha família e em todos aqueles que acompanham meus mais de 30 anos de vida pública”, disse Aécio em plenário.
“Dentre todos esses sentimentos, está a indignação com a injustiça”, complementou.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
O ministro Marco Aurélio do STF, determinou a volta do senador Aécio neves ao Senado, nesta sexta-feira.
Ele determina que o senador afastado volte as suas funções no senado imediatamente, que ele exerça novamente o mandato.
Aécio teria sido afastado com base nas delações da JBS, em 18 de maio deste ano. O afastamento do senador do cargo foi determinado pelo ministro Edson Fachin.
Ainda há dois recursos pendentes de julgamento no STF, um deles é o pedido realizado pela Procuradoria Geral da República que visa a prisão de Aécio Neves, o outro é o pedido feito pelo próprio senador, pedindo seu retorno ao Senado.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
Subprocuradora da República Raquel Dodge foi nomeada agora a pouco pelo presidente da República, Michel Temer, como procuradora Geral da República. Ela vai substituir a Rodrigo Janot a partir de setembro. O primeiro colocado na lista, Nicolao Dino, irmão do governador Flávio Dino, recebeu o veto do ex-senador José Sarney, que pediu a Temer que não o nomeasse.
A procuradora geral indicada será a primeira mulher a exercer o comando do PRG e não concordava com várias posições do Rodrigo Janot.
De acordo com o portal G1, “com a indicação, Raquel Dodge será submetida a sabatina no Senado e precisará ter a indicação aprovada pelos senadores antes de ser oficializada no cargo. Caso seja aprovada, ela tomará posse em setembro, no lugar de Janot”.
O G1 diz ainda que “ao anunciar o nome da procuradora, Temer quebrou a tradição de indicar o nome mais votado na lista tríplice enviada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) ao Planalto’.
Ela ficou em segundo lugar com 587 votos, ficando atrás do atual vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, que recebeu 621 votos.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
O senador Renan Calheiros entregou na tarde de hoje (28) o cargo de líder do PMDB. Calheiros faz oposição desde o início do ano ao governo Temer, principalmente com relação as reformas trabalhistas.
Ontem o senador exigiu a troca de integrantes da Comissão de Constituição de Justiça para que houvesse mais imparcialidade na aprovação das reformas, já que esta é a maior propaganda que o governo Michel Temer tem usado.
Renan ficou sabendo que Romero Jucá estava se articulando com o presidente Temer para destituí-lo do cargo, contudo, ele preferiu antecipar-se e entregou a liderança do PMDB. O senador se pronunciará as 16 horas
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
A Polícia Federal realizará, neste final de semana, varreduras em telefones e gabinetes da presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, de todos os ministros que assim desejarem e de todo o terceiro andar do prédio, que fica na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
O pedido foi feita pela ministra Carmen Lúcia ao diretor geral da PF, Leandro Daiello, e reflete o clima de tensão, desconfiança e irritação que tomou conta de Brasília, por causa da crise política e do avanço das investigações sobre chamados “figurões” da República.
Um dos motivos da decisão foi a informação de que a Agência Brasileira de Informações (Abin) estaria grampeando os telefones do ministro Luis Edson Fachin, relator da Lava Jato. Apesar de o presidente Michel Temer ter telefonado para Carmen Lúcia desmentindo que tenha pedido ou autorizado tal grampo, a presidente do STF soltou uma nota contundente em defesa da instituição.
“É inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a Democracia e contra as liberdades, se confirmada informação de devassa ilegal da vida de um de seus integrantes”, escreveu. “Própria de ditaduras (…), mais gravosa é ela se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente inaceitável numa República Democrática.”
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
O presidente da Comissão de Ética do Senado decidiu arquivar o processo que poderia resultar na cassação do senador afastado, Aécio Neves, como antecipou o blog no dia 15 deste (veja aqui).
O G1 mostra hoje a decisão do senador João Alberto
O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), informou nesta sexta-feira (23) ter arquivado o pedido de cassação de Aécio Neves (PSDB-MG).
O G1 procurou a assessoria de Aécio e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Após as delações da JBS se tornarem públicas, no mês passado, os partidos Rede e PSOL pediram ao conselho que cassasse o mandato de Aécio por quebra de decoro parlamentar.
O tucano está afastado do mandato desde o mês passado, por determinação do Supremo Tribunal Federal.
Ao G1, João Alberto explicou a decisão:
“Decidi arquivar porque não achei elementos convincentes para processar o senador.”
Em seguida, o presidente do Conselho de Ética acrescentou:
“Me parece que fizeram uma grande armação contra o senador Aécio. Fizeram com que ele entrasse naquilo, inclusive, de acordo com a Polícia Federal. Eu não vejo motivo, não me convence, pedir cassação de um senador eleito por milhões de votos em função de uma armação feita com o senador.”
Mesmo com a decisão de João Alberto de arquivar o processo, qualquer integrante do conselho pode recorrer ao plenário, em até dois dias úteis, desde que conte com o apoio de cinco parlamentares.
Segundo o Ministério Público Federal, Aécio Neves agiu em conjunto com o presidente Michel Temer para barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Com base nas delações da JBS, o Ministério Público denunciou Aécio pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Há cerca de duas semanas, a colunista do G1 Andréia Sadi informou que, com o objetivo de manter o PSDB no governo, interlocutores do presidente Michel Temer sinalizaram aos tucanos que apoiarão um candidato do partido na eleição de 2018 e poderiam atuar no Conselho de Ética para salvar o mandato de Aécio.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
Laudo deve ser enviado ainda nesta sexta-feira ao ministro Edson Fachin
POR JAILTON DE CARVALHO
O GLOBO
BRASÍLIA – O Instituto Nacional de Criminalística já concluiu a perícia sobre a gravação de uma conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. Os peritos estariam agora apenas fazendo revisão de texto para evitar erros ortográficos ou imprecisões de estilo. O laudo deve ser enviado ainda nesta sexta-feira ao ministro Edson Fachin, relator do inquérito aberto para investigação o suposto envolvimento do presidente com corrupção, organização criminosa e obstrução de justiça.
Segundo uma fonte que acompanha o caso de perto, a tendência da perícia é confirmar que não houve edição do diálogo entre Temer e Batista. Para os peritos, as “descontinuidades” em alguns trechos da gravação não teriam comprometido o conteúdo da conversa. O ataque a qualidade da gravação era uma das principais estratégias da defesa de Temer. Sem condições de negar o encontro de Temer com Batista, nem mesmo o conteúdo do diálogo travado entre os dois, advogados do presidente resolveram levantar dúvidas formais sobre a gravação.
Na conversa, Batista fala sobre a compra de um procurador da República, a manipulação de dois juízes federais e o pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro. O suborno sistemático seria uma forma de impedir que os dois fizessem acordo de delação. Batista diz ainda que, com o ex-ministro Geddel Vieira Lima fora de circulação, precisaria de um novo interlocutor. Temer indica o ex-assessor Rocha Loures.
Batista pergunta, então, se poderia tratar de “tudo” com Loures. “Tudo” responde Temer. Munido da gravação e outros documentos, Batista fez um acordo de delação premiada para delatar Temer e Loures, entre outros políticos. Depois da conversa de Temer com Batista, Loures entrou em cena, tratou de decisões e cargos estratégicos com o empresário e, não demorou muito, acabou sendo filmado correndo pelas ruas de São Paulo com uma mala com R$ 500 mil recebida de Ricardo Saud, operador da propina da JBS.
A propina seria a primeira parcela de um suborno que, ao longo de 25 anos, ultrapassaria a casa dos R$ 600 milhões. Em depoimento ao Ministério Público Federal, Saud disse que o dinheiro seria para Temer. Interrogado pela Polícia Federal, Batista reafirmou que o dinheiro seria para o grupo de Temer. A perícia é importante, mas não chega a ser considerada essencial pela Procuradoria-Geral da República. Para investigadores, outras provas já seriam suficientes para oferecer denúncia contra Temer e Loures.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
Depois de negar o uso de um jato do empresário Joesley Batista para viajar para a Bahia em 2011, o presidente Michel Temer mudou o posicionamento oficial nesta quarta-feira (7) e disse que utilizou um avião particular para levar sua família a Comandatuba, no litoral do estado.
(Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Em nota oficial, o peemedebista ressaltou, no entanto, que “não sabia a quem pertencia a aeronave” e que “não fez pagamento pelo serviço” de transporte.
Em depoimento à PGR (Procuradoria-Geral da República), o empresário Joesley Batista afirmou que o presidente e sua mulher, a primeira-dama Marcela Temer, viajaram em jato particular do executivo da JBS quando o peemedebista era vice-presidente.
Segundo Joesley, a viagem de ida a Comandatuba ocorreu no dia 12 de janeiro de 2011 e a de retorno a São Paulo foi feita em 14 de janeiro de 2011, mesmas datas apontadas pelo Palácio do Planalto na nota oficial. A agenda do então vice-presidente, no entanto, não registra qualquer viagem à Bahia.
“O então vice-presidente Michel Temer utilizou aeronave particular no dia 12 de janeiro de 2011 para levar sua família de São Paulo a Comandatuba, deslocando-se em seguida a Brasília, onde manteve agenda normal no gabinete. A família retornou a São Paulo no dia 14, usando o mesmo meio de transporte”, disse.
O Palácio do Planalto não quis responder em que circunstâncias Temer usou o jato particular. Limitou-se a afirmar que ele não pediu a aeronave a Joesley e que vai prestar explicações “no devido momento”, dentro do inquérito aberto contra ele a partir da delação do executivo da JBS.
Na terça-feira (6), o Palácio do Planalto negou que Temer tivesse viajado a Comandatuba em janeiro e disse que o presidente só viajou àquele local em abril, em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
Perguntada pela Folha, a Secretaria de Comunicação Social afirmou não ter registro de “viagem do então vice-presidente Michel Temer em avião particular do empresário Joesley Batista”.
Para justificar o recuo, auxiliares do presidente agora afirmam que o Planalto pesquisou a agenda de Temer em 2011 e não encontraram nenhum registro de qualquer viagem à Bahia naquela ocasião. O próprio peemedebista não se recordava desse voo.
Segundo a equipe do presidente, foi a primeira-dama Marcela Temer quem confirmou que o voo de fato ocorrera. Ela conversou com o peemedebista na noite de terça-feira, quando ele voltou ao Palácio do Jaburu, residência oficial.
A PGR pretende oficializar os dados informados pelo empresário nos autos do processo para apurar se a viagem ocorreu e como a informação será utilizada no inquérito sobre o presidente.
O objetivo do empresário foi demonstrar que tinha uma relação de bastante proximidade com o presidente, diferentemente do que o peemedebista tem afirmado.
Em entrevista à Folha, Temer reconheceu que conhecia o executivo antes da conversa que tiveram no Palácio do Jaburu, em março deste ano, mas disse que ele é um “falastrão”, “uma pessoa que se jacta de eventuais influências”.
Reprodução
Reprodução
ÉTICA
Para deslocamentos tanto profissionais como particulares, o presidente e o vice-presidente têm direito à utilização de avião da FAB (Força Aérea Brasileira), não havendo a necessidade do uso de aeronaves particulares.
Pelo código de conduta, autoridades subordinadas à Presidência da República devem pedir autorização à comissão de ética para deslocamentos em meios de transporte privados, uma vez que a iniciativa pode configurar conflito de interesse.
ÁUDIOS
No encontro no Palácio do Jaburu, o executivo gravou o presidente em diálogo no qual é tratada a solução de “pendências” com o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no rastro da Operação Lava Jato.
O peemedebista ouviu do empresário que ele havia “zerado as pendências” com Cunha, no que sugere a compra do silêncio do ex-deputado federal, segundo a PGR.
O conteúdo da gravação baseou parte do pedido de abertura de inquérito apresentado contra o presidente pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que foi autorizado pelo relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin.
O áudio é questionado pela defesa do peemedebista, para quem houve fraudes e cortes. A Polícia Federal realiza uma perícia para avaliar se houve modificações na gravação.
Leia a nota na íntegra.
*
O então vice-presidente Michel Temer utilizou aeronave particular no dia 12 de janeiro de 2011 para levar sua família de São Paulo a Comandatuba, deslocando-se em seguida a Brasília, onde manteve agenda normal no gabinete. A família retornou a São Paulo no dia 14, usando o mesmo meio de transporte. O vice-presidente não sabia a quem pertencia a aeronave e não fez pagamento pelo serviço.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.
BRASÍLIA – Em delação premiada, o diretor da JBS Ricardo Saud afirmou que o presidente Michel Temer pediu e recebeu R$ 15 milhões do grupo empresarial para distribuir entre aliados em 2014, ano de corrida eleitoral. Ele relatou também que Temer “roubou” R$ 1 milhão para ele próprio. Ou seja, o atual presidente guardou o dinheiro, em vez de gastá-lo na campanha.
O dinheiro saiu da “conta corrente” mantida pelo PT na JBS, que chegava a R$ 300 milhões e era alimentada por recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES) e dos fundos de pensão.
O dinheiro destinado especificamente para o então vice-presidente foi entregue, “conforme orientação direta e específica de Temer”, na empresa Argeplan, Arquitetura e Engenharia, em São Paulo, em 2 de setembro de 2014. Quem recebeu o dinheiro foi um dos donos, o coronel aposentado da Polícia Militar (PM) paulista João Baptista Lima Filho, amigo de Temer.
— Nesse caso aqui inclusive tem uma passagem interessante, porque o Michel Temer fez uma coisa até muito deselegante. Nessa eleição, eu vi só dois caras roubar dele mesmo. Um foi o (ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto) Kassab e outro foi o Temer. O Temer me deu um papelzinho e falou: ó, Ricardo, tem R$ 1 milhão que eu quero que você entregue em dinheiro nesse endereço aqui. E me deu o endereço — disse Saud em depoimento prestado em 5 de maio, acrescentando:
— O dinheiro vem do BNDES, vem dos fundos. E usou para a campanha da vice-presidência. Então o dinheiro era do PT. O PT deu para o presidente Temer para usar na campanha de vice. E assim foi feito. E não satisfeito, ainda guardou R$ 1 milhão pra ele no bolso — contou Saud.
Dos R$ 15 milhões, Saud contou também que R$ 2 milhões foram repassados para Paulo Skaf, que concorria ao governo de São Paulo, por meio de caia dois; R$ 9 milhões foram dissimulados em doações oficiais ao diretório nacional do PMDB, que depois repassaria para os estados; e R$ 3 milhões foram para o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Saud disse, em depoimento, que Temer “atuou em diversas oportunidades em favor dos interesses das empresas do grupo”. E apontou como exemplo a construção de um terminal de cargas no Porto de Santos tocada pela Eldorado, controlada pela empresa. Saud disse que visitou Temer no anexo do Palácio do Planalto em 2014 e pediu ajuda para retirar o embargo do obra, o que ocorreu uma semana depois.
Até conseguir a liberação dos R$ 15 milhões, Temer penou. Saud relatou que, na eleição de 2014, havia um grupo de senadores do PMDB ameaçando apoiar a candidatura do tucano Aécio Neves, e não da presidente Dilma Rousseff, do PT, que tentava a reeleição. Temer era o vice da petista na época. Para contornar o problema e evitar uma derrota, o PT resolveu liberar R$ 35 milhões de sua “conta corrente” para os peemedebistas, passando por cima da intermediação que seria feita pelo próprio Temer. O então vice-presidente se irritou.
— E aí ele ficou muito indignado. “Como pode isso, como é que é isso, Ricardo? Não tô entendendo isso. O PMDB tem que passar por mim, uai. Eu vou reassumir o PMDB” — contou Saud.
Segundo o delator, poucos dias depois, Temer reassumiu a presidência do partido para evitar perder o controle da legenda. De novo no comando do PMDB, ele chamou o delator para outra reunião e perguntou o que o PT tinha reservado para ele. A resposta de Saud o irritou mais uma vez.
— Eu falei: ó, Temer, por enquanto não mandaram nada, o senhor vai lá conversar, porque não tem nada aqui do… por enquanto não tem nada pro senhor. Acho que o PT está entendendo que o senhor é vice e vai arranjar dinheiro para o senhor. Ele falou: não, uai, eu entrei nisso aqui, já trouxe o PMDB inteiro, uai, vão ter que dar dinheiro pra minha campanha — afirmou Saud.
Em nova reunião, Temer se frustrou novamente com o PT.
— Ele chamou e falou: Ricardo, o pessoal do PT vai mandar 15 milhões pra mim, pra minha campanha, tá tudo certo? Eu falei: não, nada, tudo errado, eles não deram nada para o senhor até agora. “Mas não pode, eu estou esperando lá esse dinheiro, não sei o que, como é que vou fazer com isso, tal.” Eu falei: bom, não sei, eu vou conversar com Joesley, vou pedir para o Joesley ver se ele está sabendo de alguma coisa pro senhor, porque não chegou nada — contou Saud, em referência a Joesley Batista, dono da JBS.
Depois disso, o delator disse ter se reunido com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma em 2014. Só depois disso é que os R$ 15 milhões foram finalmente liberados. Temer e Saud se encontraram novamente, e o então vice-presidente pediu para ele esperar uma semana para definir exatamente o destino do dinheiro. No caso de Cunha, os R$ 3 milhões seriam para “estancar uma crise” que estava começando. Questionado que crise seria essa, Saud não soube responder. Segundo ele, Cunha reclamou do valor repassado.
— Aí nós procuramos Eduardo Cunha, ele falou: só 3 milhões, aquela coisa toda. (Eu disse:) Não, R$ 3 milhões é o que tem, você vai discutir com ele lá, eu não quero saber da história de vocês não.
As reuniões com Temer para tratar da liberação dos R$ 15 milhões ocorreram entre julho e outubro de 2014. Uma delas, a de de agosto, ocorreu no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente.
Em relação aos R$ 35 milhões destinados aos senadores, Saud contou que foram beneficiados Eduardo Braga (PMDB-AM), Jader Barbalho (PMDB-PA), Renan Calheiros (PMDB-AL), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Vital do Rêgo (PMDB-PB). Vital é hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Do total, R$ 1 milhão seriam para outra pessoa, mas os cinco acabaram dividindo o dinheiro entre eles.
— Tinha 1 milhão para Kátia Abreu (PMDB-TO). Mas esse 1 milhão a Kátia nunca recebeu, ficou tudo para eles lá. Eles separaram o deles e me chamaram lá, como descrito no passado aqui. Eu ia: ó, faz isso hoje, faz aquilo, tal. Tudo é propina, tudo dissimulado em forma de doação oficial, notas fiscais e dinheiro vivo — contou Saud.
Em nota, Paulo Skaf disse que sua campanha ao governo de São Paulo, em 2014, “não recebeu nenhum tostão do grupo JBS”. Acrescenta que “também não houve autorização para que ninguém solicitasse valores ao grupo. Todos os gastos e doações da campanha foram declarados à Justiça Eleitoral e constam da prestação de contas apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral em 2014, aprovada sem nenhum reparo”.
Vital do Rêgo informou, em nota, que recebeu doações legais do Grupo JBS quando disputou o governo da Paraíba em 2014, declaradas na prestação de contas aprovada pela Justiça: “O ministro Vital desconhece os fatos narrados pelo delator e está à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários”, finaliza a nota.
Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.