Vereador, por não aceitar críticas, manda expulsar jornalista da Câmara de São Luís

    Durma-se com um barulho desse em plena São Luís de século 21! Na Câmara municipal da capital do Estado do Maranhão vereador não pode ser criticado sob pena de quem o criticou não ter mais acesso às dependências daquela Casa. É o cúmulo do ridículo! 

    Vejo em alguns blogs ( a maioria não reagiu com receio de perder a parceria) que o jornalista Vinícius Maldine Vieira criticou o vereador Aldir Júnior e quando chegou ao prédio da Câmara foi despejado por seguranças por ordem do político.

    O vereador precisa entender que a sede do parlamento municipal não é de sua propriedade. Segundo, ele estar vereador e pode ser até que não se reeleja em 2024. Já o jornalista em questão será jornalista até o final dos seus dias. Eis a diferença.

    O Comitê de Imprensa da Casa deveria reagir a esse tipo de censura ou a Associação dos Blogueiros do Maranhão (Amablog) ou o Sindicato dos Jornalistas de São Luís poderiam repudiar tal atitude.

    Caso não reajam, amanhã serei eu, alguns outros ou todos nós. Pelo fim da censura na Câmara Municipal de São Luís! Viva a Liberdade de Imprensa!

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    Faz Escuro Mais Eu Canto! Apesar das perseguições e injustiças, Blog não fechará as páginas; editor vai pras redes

    Por Luís Cardoso

    Havia dito ontem aqui que estava pensando seriamente em fechar as portas por causa das inúmeras perseguições da maioria de membros do Judiciário, das tramoias do Executivo em colocar o editor na cadeia para desmoralizá-lo, das investidas de empresários combinados com autoridades policiais para calar a voz do jornalista Luís Cardoso e de vários políticos em encher de processos e a facilidade que alguns juízes arbitram quantias que o blogueiro não tem condições de pagar, até fechar as páginas e ir embora do Maranhão.

    Recebi vozes de incentivos de muitos leitores e amigos. O telefone não parava de tocar, ao lado do velho e bom amigo Old Parr. Alguns se dispuseram a colaborar financeiramente para reparar o que a Justiça do Maranhão equivocadamente fez ontem ao bloquear meu salário para pagar uma indenização por danos morais, o que é  ilegal.

    Alguns sugeriram a criação de um grupo de amigos que possa ajudar mensalmente com o que podem e na condição de Blog continua ativo, na mesma linha de denunciar as mazelas, a corrupção, o descaso com a coisa pública e as pilantragens. Até advogados se ofereceram para trabalhar sem cobrar nada.

    Mas o que me fez refletir foram algumas professoras da capital e de várias cidades. “Quem vai ser a nossa voz?”, indagaram algumas delas. “Cardoso, se não fosse teu blog, nós vigilantes estaríamos até hoje sem receber nossos salários”, lembrou outro.

    “Não, não, não nos deixe agora sozinha nessa luta pela volta da água em nossas torneiras”, exigiu uma dona de casa que tem ajudado o blog a levantar os bairros em que o líquido precioso não se faz mais presente, embora a conta chegue sempre em dia.

    O maior volume de pedidos para não sair de cena veio do interior, das cidades em que acolho e divulgo notícias de malversação dos recursos públicos. Hoje, cedo da manhã, mais contatos e exigências. Então, tomei a decisão que acho mais coerente. li o poeta amazonense Thiago de Mello:

    Faz escuro mas eu canto,
    porque a manhã vai chegar.
    Vem ver comigo, companheiro,
    a cor do mundo mudar.
    Vale a pena não dormir para esperar
    a cor do mundo mudar.
    Já é madrugada,
    vem o sol, quero alegria,
    que é para esquecer o que eu sofria.
    Quem sofre fica acordado
    defendendo o coração.
    Vamos juntos, multidão,
    trabalhar pela alegria,
    amanhã é um novo dia.

    Como resposta, informo que, além do Blog permanecer na trincheira, venho ainda com um telejornal diário de 1h no Instagram em horário a ser definido, com bombas, notícias quentes e atualizadas, com mais um instrumento para servir a população.
    Que Deus nos guie sempre!

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    No PI, desembargador quer prisão de jornalista por reportagens que o citam em grilagem

    Arimateia Azevedo, no Portal AZ, conseguiu um habeas corpus preventivo para não ser preso.

    ATUAL7

    O jornalista Arimateia Azevedo, do Portal AZ, obteve habeas corpus preventivo para não ser preso, após o ex-presidente do Tribunal de Justiça do Piauí, desembargador Erivan José Lopes, haver pedido sua prisão preventiva, em razão de reportagens que citam o magistrado em grilagem de terras.

    Segundo o Diário do Poder, Azevedo e outros veículos do Piauí divulgaram denúncia do promotor Galeno Aristóteles, do município de Luis Correia (PI), com áudios e textos de conversas que seriam do magistrado com pessoas supostamente envolvidas no que o promotor denominou ‘organização criminosa’.

    No bojo da ação que tramita na 8ª Vara Criminal, o ex-presidente do TJ-PI já teve concedida liminar proibindo o jornalista de citar o seu nome. Agora, os advogados de Erivan Lopes pedem a prisão de Arimateia Azevedo.

    Diante da ameaça, a defesa do profissional de imprensa ingressou com habeas corpus preventivo no TJ do Piauí, e conseguiu salvo-conduto, que impede Azevedo de ser preso.

    Arimateia Azevedo argumenta que não pode ser responsabilizado criminalmente pelas reportagens, que somente relatam fatos públicos, e que também foram objeto de comentários em outros veículos de imprensa.

    Ele é um dos mais respeitados jornalistas do Piauí, pela coragem em denunciar malfeitorias de poderes. Nos anos 80, notabilizou-se por denunciar o crime organizado no estado, resultando na prisão do chefe da organização criminosa, o coronel PM Correia Lima, além de seu bando. Coleciona mais de uma centena de processos por denunciar supostas ilegalidades cometidas principalmente por agentes públicos.

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    Só muito óleo de Peroba: maior perseguidor da imprensa livre do Maranhão diz que é contra a censura

    Antes mesmo de assumir o cargo de governador do Estado do Maranhão, ainda quando só era candidato, Flávio Dino já iniciava um acúmulo de processos contra jornalistas, radialistas e blogueiros que o denunciavam ou criticavam sua forma autoritária de fazer política bem ao estilo comunista.

    Contra o jornalista Luis Cardoso, que não reza na cartilha comunista, foram vários processos, inclusive um em que obriga o profissional da imprensa a pagar R$ 20 mil por danos morais. Em uma ação eleitoral, quando a Corte do TRE condenou Luis Cardoso a pagar R$ 53 mil, o TSE, através da sua presidente ministra Carmem Lúcia, cassou a decisão. Que feio para os membros do TR!

    Agora, Flávio Dino busca uma condenação criminal do titular do Blog do Luis Cardoso para que o jornalista seja preso e o site fechado. Como imagina que tem o controle do TJ-MA, acha possível realizar seu sonho. Esquece que tem as instâncias superiores que não compactuam com a censura e o fim da liberdade de imprensa.

    Agora, para querer aparecer nacionalmente, o censor Dino esquece que tenta colocar comunicadores na cadeia no Maranhão e posa de defensor das liberdades lá fora como parte de sua campanha para presidente da República. Confira a desfaçatez abaixo:

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    Governo comunista quer destruir uns aliados e acabar com a imprensa livre do Maranhão

    O deputado federal Josimar do Maranhãozinho veio ontem assumir que sofre perseguições do Sistema de Segurança Pública do Estado, apesar dele ser aliado do Palácio dos Leões e um dos grandes responsáveis pela reeleição de Flávio Dino. Só Maranhãozinho se elegeu deputado com quase 200 mil votos, uma votação expressiva e a maior da nossa história. Ora, se aniquilar um deputado governista virou meta, imaginem a imprensa independente. 

    A reação do parlamentar fez o governo discretamente levantar da cadeira e informar que existem sim investigações contra um político de mandato e elencou uma série de supostos ilícitos praticados pelo político. Relacionou a existência de três organizações criminosas: uma comandada pelo ainda delegado Bardal, outra por um ex-deputado (provavelmente Raimundo Cutrim) e a terceira também supostamente comandada por Josimar do Maranhãozinho.

    Se as investigações concluírem tratar-se de fatos reais, que os investigados sejam julgados, presos e condenados. E a imprensa independente fica na obrigação de acompanhar e divulgar a verdade.

    Através de um blog amilhado disseram que existem setores da imprensa em conluio com o que considera três facções. Uma forma clara de  ameaçar a divulgação dos que se planeja nos porões do Palácio dos Leões. A perseguição aos canais livres de comunicação no governo comunista é implacável ao ponto de tornar o Maranhão o estado com o maior volume de processo judiciais impetrados pelo atual governo contra jornalistas, radialistas e blogueiros.

    Aliás, os prefeitos do PC do B e vários deputados do mesmo partido parecem que são orientados pelo chefe maior e a cada dia avolumam os tribunais de ações contra a imprensa livre. Os gestores comunistas são denunciados por corrupção, desvios de recursos, fatos comprovados pelo Ministério Público, a exemplo de Domingos Dutra, em Paço do Lumiar.

    São 3h50 da madrugada e acabo de olhar o sono tranquilo da minha caçula, Maria Luiza (Malu), que completa hoje 11 meses de idade. Mal sabe a minha amada dos riscos que corre o pai dela por nunca aceitar defender um governo de mentiras. Já sofri condenação em processos sem embasamento legal dos comunistas Flávio Dino e Márcio Jerry, só pra ficar nos maiores.

    O último a que respondo é um processo criminal impetrado pelo governador na ânsia de querer que eu vá pra cadeia, se for condenado por um tribunal que atende a maioria dos pleitos de  Flávio Dino. Ele não pode ter atrapalhado seus planos, ainda mais agora que inventou ser candidato à presidência da República.

    Não esqueço de um processo do comunista Flávio Dino junto ao Tribunal Regional Eleitoral, onde estive condenado a pagar R$ 53 mil numa eleição em que ele foi derrotado. Recorri ao TSE e a então ministra presidente Carmem Lúcia cassou a decisão unânime do TRE local.

    Deus é maior!

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    Que vergonha! Maranhão ocupa o 2° lugar dos estados mais violentos contra jornalistas

    Em postagem publicada hoje pelo site O Antagonista, conforme levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público, o Maranhão figura com o segundo lugar mais violento em número de assassinatos contra jornalistas. 

    Aliás, é o primeiro do país quando a censura é exercida por Tribunais de Justiça. Nosso estado tem aparecido como o maior censor em ações de vários juízes e desembargadores contra a liberdade de imprensa. Uma vergonha!

    Confira abaixo a matéria do O Antagonista:

    Dos 64 homicídios de jornalistas ocorridos desde 1995 no Brasil, por causa do exercício da profissão, 13 ocorreram no Rio de Janeiro, estado que lidera o ranking.

    O dado foi apresentado ontem no Conselho Nacional do Ministério Público e integra estudo do órgão que visa aprimorar a investigação desses crimes, que atentam contra a liberdade de imprensa.

    Depois do Rio, os estados mais violentos são Maranhão, com 7 casos, e Bahia, com 6.

    De todos os 64 assassinatos no país, somente 32 foram solucionados nos últimos 18 anos.

    No lançamento do estudo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que a perseguição a profissionais de imprensa não deixa de ser uma forma de censura — sem dúvida, a mais cruel.

    “A censura está proibida no Brasil. Mas ela pode ser exercida, também, sob o modo de atentar contra a vida do comunicador, sob a forma de ameaçar a sua segurança, para que ele deixe de dizer, para que se omita. Sempre que isso acontece, e estando o Brasil no ranking dos países perigosos para exercer a liberdade de imprensa, é preciso compreender que essas ameaças são um modo de censura à própria imprensa.”

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    Ministro Alexandre de Moraes revoga decisão sobre censura

    Medida foi divulgada após o decano do STF, ministro Celso de Mello, soltar mensagem em que reafirma que qualquer tipo de censura é ilegítima

    Agência Estado

    O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quinta-feira (18) revogar a decisão dele mesmo que havia censurado a revista digital “Crusoé” e o “Antagonista”.Segundo o ministro, “comprovou-se que o documento sigiloso citado na matéria realmente existe, apesar de não corresponder à verdade o fato que teria sido enviado anteriormente à PGR para investigação”.“Na matéria jornalística, ou seus autores anteciparam o que seria feito pelo MPF do Paraná, em verdadeiro exercício de futurologia, ou induziram a conduta posterior do Parquet; tudo, porém, em relação a um documento sigiloso somente acessível às partes no processo, que acabou sendo irregularmente divulgado e merecerá a regular investigação dessa ilicitude”.“A existência desses fatos supervenientes – envio do documento à PGR e integralidade dos autos ao STF – torna, porém, desnecessária a manutenção da medida determinada cautelarmente, pois inexistente qualquer apontamento no documento sigiloso obtido mediante suposta colaboração premiada, cuja eventual manipulação de conteúdo pudesse gerar irreversível dano a dignidade e honra do envolvido e da própria Corte, pela clareza de seus termos”, escreveu.

    A decisão foi divulgada depois de o decano do STF, ministro Celso de Mello, divulgar mensagem em que reafirma que qualquer tipo de censura – mesmo aquela ordenada pelo Poder Judiciário – é “prática ilegítima” e, além de intolerável, “constitui verdadeira perversão da ética do Direito”.

    Na última quarta-feira, o ministro Marco Aurélio Mello havia chamado de “censura” e “retrocesso” a decisão anterior de Moraes que havia determinado a remoção do conteúdo jornalístico.

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    Decano do STF diz que “censura judicia constitui verdadeira perversão da ética do Direito”

    O site o Antagonista mostra que “o ministro Celso de Mello, decano do STF, divulgou uma mensagem em defesa da liberdade de imprensa e condenando a “censura judicial” imposta por seus colegas”.

    Confira abaixo:

    “A censura, qualquer tipo de censura, mesmo aquela ordenada pelo Poder Judiciário, mostra-se prática ilegítima, autocrática e essencialmente incompatível com o regime das liberdades fundamentais consagrado pela Constituição da República.

    O Estado não tem poder algum para interditar a livre circulação de ideias ou o livre exercício da liberdade constitucional de manifestação do pensamento ou de restringir e de inviabilizar o direito fundamental do jornalista de informar, de pesquisar, de investigar, de criticar e de relatar fatos e eventos de interesse público, ainda que do relato jornalístico possa resultar a exposição de altas figuras da República.

    A prática da censura, inclusive da censura judicial, além de intolerável, constitui verdadeira perversão da ética do Direito e traduz, na concreção do seu alcance, inquestionável subversão da própria ideia democrática que anima e ilumina as instituições da República.

    No Estado de Direito, construído sob a égide dos princípios que informam e estruturam a democracia constitucional, não há lugar possível para o exercício do poder estatal de veto, de interdição ou de censura ao pensamento, à circulação de ideias, à transmissão de informações e ao livre desempenho da atividade jornalística.

    Eventuais abusos da liberdade de expressão poderão constituir objeto de responsabilização ‘a posteriori’, sempre, porém, no âmbito de processos judiciais regularmente instaurados nos quais fique assegurada ao jornalista ou ao órgão de imprensa a prerrogativa de exercer de modo pleno, sem restrições, o direito de defesa, observados os princípios do contraditório e da garantia do devido processo legal.”

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    A armadilha que Toffoli e Moraes armam contra a Crusoé e toda a imprensa

    O antagonista

    O Estadão publica singelamente o seguinte sobre a censura contra a Crusoé:

    “O Estado apurou que um dos focos do inquérito é apurar se a revista foi usada por procuradores da Lava Jato para atingir Toffoli no momento em que o tribunal toma medidas que contrariaram a força-tarefa de Curitiba — o que, diz um ministro, tornaria a publicação coautora do crime de vazamento de informação sigilosa, Ou se apenas cumpriu seu papel de informar.”

    É um espanto: tornar uma revista coautora do crime de vazamento de informação sigilosa equivale a censurar previamente TODA E QUALQUER REPORTAGEM INVESTIGATIVA DE QUALQUER JORNAL E REVISTA.

    A imprensa tem o direito de publicar documentos sigilosos que sejam de interesse público. Faz parte da cartilha básica da liberdade que lhe dá a Constituição. Criminalizar esse direito é implantar a mordaça em todos os veículos.

    A armadilha que Toffoli e Alexandre de Moraes, apoiados por outros dois ministros, estão armando contra a Crusoé atinge todos os jornais e revistas do Brasil.

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    Ex-presidente do STF diz que Liberdade de Imprensa tem que ser plena como manda a Constituição

    “Ou a Liberdade de Imprensa é plena, completa, cheia, ou é um arremedo de liberdade”, disse o ministro aposentado Ayres de Britto (foto abaixo), ex-presidente do Supremo Tribunal Federal que criticou a atitude dos ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes de querer tornar o STF como corte julgadora e investigadora. 

    Em 28 de maio de 2012, o então presidente do STF, ministro Ayres de Brito, disse no 5º Congresso da Indústria de Comunicação, em São Paulo, que “a imprensa plenamente livre, sem censura, sem necessidade de licença da autoridade, ela vitaliza, concretiza os conteúdos da democracia. Os desvios, os defeitos da nossa República, da nossa tripartição dos Poderes, do nosso sistema de controle, a violação aos direitos e garantias individuais, tudo é acompanhado investigado, denunciado pela imprensa, com a devida cobrança de providências por ela”, destacou. E condenou a censura prévia, dispositivo da nefasta censura bastante usado por boa parte dos magistrados maranhenses.

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    “É censura”, diz Marco Aurélio sobre decisão para retirar reportagens

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou ainda que considera a atitude um “retrocesso em termos democráticos”

    Marco Aurélio Melo

    O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (16/04/19) que houve censura na decisão do colega Alexandre de Moraes de determinar à revista digital “Crusoé” e ao site “O Antagonista” a remoção da reportagem “O amigo do amigo do meu pai”, que menciona o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. Para Marco Aurélio, o episódio marca um “retrocesso em termos democráticos”.

    “Isso, pra mim, é inconcebível [a remoção do conteúdo dos sites jornalísticos]. Prevalece a liberdade de expressão, para mim é censura”, disse Marco Aurélio à reportagem.

    O site informou que a reportagem tem como base um documento que consta dos autos da Operação Lava Jato. O empresário Marcelo Odebrecht encaminhou à Polícia Federal informações sobre codinomes citados em e-mails apreendidos em seu computador em que afirma que o apelido “amigo do amigo do meu pai” se refere a Toffoli.

    “Eu não vi nada demais no que foi publicado com base em uma delação. O homem público é, acima de tudo, um livro aberto. [A remoção de conteúdo] É um retrocesso em termos democráticos”, avaliou Marco Aurélio Mello.

    A decisão de Alexandre de Moraes de remover conteúdo de “Crusoé” e “O Antagonista” foi reprovada pela cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR). Pelo menos três ministros do STF também criticaram reservadamente a decisão do ministro por avaliar que o entendimento de Moraes contraria entendimentos recentes do tribunal sobre a liberdade de imprensa e abre margem para excessos.

    Indagado se o plenário do Supremo poderia derrubar a decisão de Moraes, Marco Aurélio disse: “Não sei, cada qual tem a sua concepção sobre o Estado democrático de direito. A minha é sólida e sempre procedi assim.”

    Arquivamento
    Nesta terça-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informou ao STF que deve ser arquivado o inquérito aberto pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, para apurar ameaças e fake news contra a instituição e seus integrantes.

    A manifestação foi encaminhada ao relator do inquérito, Alexandre de Moraes, nesta terça-feira, data em que foi deflagrada uma operação para vasculhar residências de pessoas que criticaram o Supremo nas redes sociais, e um dia após a notícia de que o ministro mandou retirar do ar reportagens dos sites da revista “Crusoé” e “O Antagonista”.

    “O STF não pode a um só tempo instaurar o inquérito, investigar e julgar. Não pode. Isso quebra a organicidade do direito. O STF é o Estado julgador, não o acusador. O Estado acusador cabe ao Ministério Público. Tempos estranhos!”, comentou Marco Aurélio à reportagem.

    Procurado pela reportagem, o gabinete de Alexandre de Moraes não havia se manifestado até a publicação deste texto.

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    Editorial da Crusoé: A hora escura em que vivemos

    Por não concordar com o clima de censura que tentam implantar no pais, a partir de decisões isoladas de dois ministros do STF, e por não aceitar que jornalismo sério seja confundido com “fake news”, o Blog do Luis Cardoso reproduz abaixo o editorial publicada hoje pela Revista Crusoé:

    Em um dia qualquer do século passado, Louis Brandeis, o mítico juiz da Suprema americana, cunhou uma frase lapidar que ganharia para sempre seu lugar na história. “A luz do Sol é o melhor detergente”, elaborou Brandeis, partindo de um raciocínio simples, mas fundamental para iluminar tempos sombrios como os que agora vivemos.

    Crusoé foi lançada há menos de um ano. Ao longo de sua existência, conseguiu amealhar um número expressivo de leitores. Nesta segunda-feira, 15, a redação da revista viveu seu momento mais difícil. Uma funcionária do Supremo Tribunal Federal bateu à porta para entregar três folhas de papel que, em resumo, mandavam retirar do ar, imediatamente, a reportagem de capa da mais recente edição.

    A capa em questão estampava o rosto do presidente da corte, Dias Toffoli. O texto revelava o teor de um documento em que Marcelo Odebrecht, empreiteiro-delator da Lava Jato, contava tratar-se de Dias Toffoli um personagem que, em mensagem eletrônica enviada por ele, era chamado de “amigo do amigo de meu pai”.

    A reportagem foi elaborada com cuidado. Em nenhum momento Crusoé fez ilações ou atribuiu ao ministro qualquer tipo de relacionamento escuso com a Odebrecht. Limitou-se a informar o conteúdo do e-mail e, como mandam as normas do jornalismo, contextualizou a história, explicando quem era quem e informando o papel de cada um quando a tal mensagem foi enviada. É preciso, sempre, situar o leitor.

    O mais importante, do ponto de vista da notícia, era o que constava do documento, que acabara de ser apensado aos autos de um dos muitos inquéritos da Operação Lava Jato. Lá pelas tantas, o texto informava que, por mencionar Dias Toffoli, o ofício de Marcelo Odebrecht, entregue aos investigadores por um de seus advogados, havia sido remetido (frise-se, remetido) à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, responsável por investigar quem tem foro privilegiado.

    A procuradora-geral, no dia seguinte à publicação, divulgou nota negando ter recebido (frise-se, recebido) cópia do documento de Odebrecht. Era de se imaginar que o papel talvez ainda não tivesse chegado ao gabinete de Dodge. Poderia estar transitando entre Curitiba e Brasília. Mas, como publicou Crusoé, havia sido enviado à procuradora – isso, havia.

    Eis que foi justamente à nota de Raquel Dodge que o ministro Alexandre de Moraes, um dos onze integrantes do Supremo, recorreu para censurar a revista, alegando tratar-se de fake news a reportagem publicada. Raciocínio tortuoso. Dodge não ter recebido o documento, para ele, era motivo suficiente para colocar em xeque a integridade do texto, que em momento algum dizia que o papel havia chegado às mãos da procuradora.

    Na decisão, aliás, havia zero palavra sobre a afirmação de Marcelo Odebrecht acerca de Dias Toffoli. Esse era um não-assunto na ordem de censura. A questão central era a nota de Dodge. O esforço para descredibilizar a reportagem, ainda que baseado em uma premissa artificial, estava patente.

    Relator no Supremo de um inquérito sigiloso aberto pelo próprio Dias Toffoli para investigar agressões a integrantes da corte, Moraes agiu a partir de uma provocação do próprio presidente. Horas após a publicação da reportagem de Crusoé, Toffoli lhe enviara, do exterior, uma mensagem pedindo a “devida apuração das mentiras recém divulgadas por pessoas e sites ignóbeis que querem atingir as instituições brasileiras”.

    Logo se descobriria, ao menos em parte, a razão do misterioso inquérito instaurado em março, e que tanto chamou atenção por seu caráter atípico: uma investigação aberta de ofício pelo presidente do tribunal, que escolheu Alexandre de Moraes a dedo como relator, sem passar pelo sistema de sorteio comum aos demais procedimentos, e sem o necessário acompanhamento do Ministério Público.

    A censura determinada por Moraes, se não disse tudo sobre o inquérito, mostrou que um de seus propósitos é intimidar – ou, ao menos, tentar intimidar — jornalistas que fazem seu trabalho. Crusoé foi censurada a partir de um salto interpretativo, uma pirueta. Como não havia o que questionar sobre a questão central, optou-se por criar um incidente lateral, motivado pela nota de Dodge, que nem sequer condiz com o que consta do texto publicado.

    Não fosse suficiente a ordem para retirar a reportagem do ar imediatamente, o que foi feito, cerca de sete horas depois um outro oficial de Justiça chegava à redação, agora para entregar uma intimação em que o gabinete de Alexandre Moraes comunicava que a revista será multada por descumprir sua decisão. O despacho de seis linhas não explicava quais bases serviram ao entendimento do ministro de que sua ordem fora desrespeitada.

    Como o tal inquérito corre sob sigilo, ao menos por ora é impossível saber o que Alexandre de Moraes viu para concluir que houve descumprimento da ordem de censura. Significa dizer que estamos expostos a novas ordens, a qualquer momento – e, de novo, sem mais explicações.

    Sim, estamos no escuro. Nunca a luz do Sol, aquela a que se referia Brandeis, foi tão necessária. De tudo, uma coisa é certa: a jovem e corajosa redação de Crusoé seguirá fazendo seu trabalho como deve ser feito. Sem se curvar, sem temer as arbitrariedades, sempre em busca de luz para iluminar as trevas.

    Rodrigo Rangel
    Diretor de redação

    Entidades protestam contra censura à imprensa decretada pelo STF

    Um dos mais lidos jornalistas do pais aposta que STF derruba censura ao Antagonista e Cruzoé

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