Completo amanhã mais um ano de vida. Irei fazer 51 anos no momento mais difícil que atravesso ao longo de toda a minha existência.
Acabo de me desfazer do projeto empresarial, o Jornal A Tarde, que desde o dia 25 de agosto pertence a um grupo empresarial do ramo gráfico da cidade.
Colocar o Jornal A Tarde nas rua, confesso, foi o maior desafio no ramo empresarial. Fui sócio dos jornais Atos e Fatos e do Diário da Manhã, sempre dividindo as tarefas com os outros dois sócios, Udes Cruz e Roberto Kenard, respectivamente.
Decidi dedicação integral ao blogue, que a partir de agora terá mais informações, com mais tempo disponível para apurar as notícias, investigar os fatos e publicar com total independência. Antes, é verdade, ser dono do Jornal A Tarde atrapalhava o blogue porque a política de comunicação do governo de Roseana Sarney não permite liberdade de imprensa. Tanto que a governadorsa escolheu o pior carrasco da imprensa maranhense para comandar sua comunicação.
Cuido hoje de minha mãe, acometida de Mal de Alzheimer, uma das piores doença dos últimos tempos.
Minha mãe, dona Conceição, tem 74 anos. Contraiu Alzheimer aos 71 anos, em São Paulo, onde residia com meus outros quatro irmãos, em Mauá. Tinha dito ao amigo jornalista, Roberto Kenard, que jamais escreveria sobre o assunto. Não resisti.
Alzheimer é a forma mais comum de demência. É uma doença degenerativa até o momento incurável e afecta geralmente pessoas acima dos 65 anos.
Em 2006 o número de portadores era de cerca de 26.6 milhões no mundo inteiro. Em menos de três anos o número dobrou. No Brasíl disputa com a Aids em número de mortos.
No Maranhão, até o momento, não se tem conhecimento oficial do número de pessoas afectadas, até porque não se sabe de nenhum setor da saúde pública estadual que tenha esse controle.
Aliás, não existe na Secretaria de Estado da Saúde, hoje comandada por Ricardo Murad, algum setor que trate da questão do Mal de Alzheimer, uma doença que avança nos paises do primeiro mundo e nos estados mais desenvolvidos. Imagine, então, no nosso Maranhão.
Passei a me dedicar aos cuidados de minha mãe. Leio tudo sobre a doença. Fico assustado quando converso com as pessoas sobre o Alzheimer. Geralmente quando não existem parentes portadores, ao menos um ou dois vizinhos da mesma rua com a doença.
A minha mãe desenvolve a terceira fase. Anda com dificuldade (aliás, quase já não anda mais), não articula as frases completas e perde a memória de forma assustadora a cada dia.
Esse momento requer amor e solidariedade, além de muita paciência e, sobretudo, assistência e cuidados diuturnos, que geram grande desgaste físico e emocional para os que lidam com portadores do Mal da Alzheimer.
Às vezes dona Conceição, que ainda conserva traços de beleza indigena, me surpreende com a troca de nomes. E me emociona quando digo que amanheceu mais linda do que ontem.
Agarra-me pela cabeça, como se fosse colocar em seu colo, e diz: “vem cá, criancinha linda da mamãe”. Aí eu desabo. Kernard tem razão, não deveria escrever sobre o assunto. Fico mais piégas do que sou.
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