Mobilidade urbana de São Luís é prejudicada por municípios da região metropolitana
Por Dayse Karol
Jornalista do Blog do Luís Cardoso
Todo mundo já percebeu que se movimentar em São Luís está cada vez mais difícil. Problemas de infraestrutura, trânsito caótico, transporte coletivo insuficiente, crescimento da frota de veículos, surgimento de invasões. Mas o que muita gente não se dá conta é que grande parte desses problemas são agravados pelas áreas que compõem a Região Metropolitana da Ilha: São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, além da capital.
Juntos, estes municípios perfazem uma área de 1000 km². Só em São Luís a população chega a 1,3 milhão de habitantes, isso sem contar com o restante da população da grande ilha. Imaginem a dificuldade de ordenar o trânsito, a ocupação do solo e o transporte englobando os quatro municípios.
Só para se ter uma ideia o Plano Diretor de São Luís (que determina as construções da cidade) é de 2006. A Lei de Ocupação do Solo, de 1992 e o Código de Postura, de 1969.
Isto sem contar com as eternas disputas e discordâncias entre os limites e áreas pertencentes a cada cidade. Somando tudo, tem-se o caos instalado. Até porque todo mundo joga a responsabilidade para a capital, já que o foco do problema acaba ficando aqui.
É uma bola de neve que cada vez fica maior. Todos os dias surgem novas áreas de ocupação que proliferam problemas e aumentam a demanda por todo tipo de serviço. São problemas que evolvem responsabilidades diversas e que requerem políticas integradas inserindo as administrações de toda a região metropolitana.
Enquanto isso não acontece, a situação piora. Como dito antes, só a Via Expressa não vai resolver os problemas da cidade. Nossas necessidades estão muito além disso. A ilha precisa de ordenamento e integração em todos os sentidos.
Um transporte coletivo eficiente minimizaria consideravelmente o caos do trânsito. Um sistema de VLT (Veículo Leve sobre Trilho), ciclovias, corredores de ônibus, substituição de alguns semáforos por passarelas, pavimentação das vias e fiscalização ajudam a disciplinar e agilizar a mobilização.
A demarcação dos limites reais de cada município e a responsabilização de cada representante por sua ocupação, reduz o peso da capital na adoção de políticas públicas adequadas e eficientes.
Não é fácil de fazer. E realmente dá muito trabalho. Mas são medidas que devem e precisam ser adotadas com a máxima urgência. Do contrário estaremos condenados a literalmente parar no tempo e no espaço.
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Cardoso,
Muito bom o enfoque da matéria de Dayse Karol sobre os problemas de trânsito de São Luís, ou seja, a falta da implantação de políticas públicas integradas para solução de um problema que a, cada dia, se agrava mais. E pior: as autoridades de trânsito dos municípios da ilha fingem que o problema não é com eles – esperam uma solução dos céus…
As alternativas apresentadas por Karol, resultado de pesquisa e reflexão sobre essa problemática, e que certamente poderiam melhorar o fluxo de veículos na capital, infelizmente não têm a menor chance de viabilidade numa cidade onde sequer as pistas de rolamento apresentam um asfalto de qualidade. Algumas lembram os antigos tabuleiros de pirulitos: esburacadas por todos os lados.
As vias dos bairros, quer centrais ou periféricos, são um horror. Exemplo de descaso são algumas ruas centrais, como as de São Pantaleão, Cândido Ribeiro, Rua da Inveja (de quem?), dos Afogados, etc. etc. Ou seja, não há no Centro da cidade uma única rua sem buracos, remendos malfeitos, depressões e outras irregularidades de asfalto sem qualidade. As da periferia, então, são excelentes para disputa de rallye.
A cidade, que mais se aproxima das opções apresentadas por Karol, é Curitiba, que, pela primeira vez na história deste país, implantou o anel viário, fez ciclovias e corredores de ônibus e, se não me engano, também tem o VLT. Fora Curitiba, ainda não conheço outra capital com os mesmos mecanismos.
Replicar esse modelo de trânsito aqui em São Luís, com a construção dessas obras, soa mais como utopia. Sim, não há vontade política, nem projetos e muito menos dinheiro pra isso tudo.
Mas, implicitamente concordo com a Karol: sonhar alto ainda não paga imposto. Portanto, vale a pena sonhar para se ter esperança.
FRED TORREMOLINOS
Ah!, em aditamento a meu comentário anterior, esqueci de citar uma condição sine qua non para que tudo isso pudesse dar certo em São Luís: E-DU-CA-ÇÃO DOS MOTORISTAS. Sim, porque certamente a maioria teria que cursar uma escola para educação no trânsito.
Infelizmente, e não há como discordar, há muita gente mal-educada na direção de um veículo. Gente que se transforma em machão, brigão, e que adora chamar atenção sobre si, quando tentam fazer dessas precárias ruas pistas de competição.
FRED TORREMOLINOS
Realmente muito boa a reportagem, com dados, estatísticas e informações importantes. A redação está muito bem construída. Parabéns ao blog. Sempre tenho visto matérias muito boas aqui dessa jornalista.
Por onde anda esta jornalista? Sempre via textos muito bons dela por aqui. Minha família inteira acompanhava suas matérias(meus irmãos e eu). Enriquecia demais o conteúdo do seu blog.
Se fosse possível gostaria de obter o contato dela, pois preciso de alguém com esse estilo de redação para assessorar a minha empresa.