Pressão política salvou deputado reeleito Cléber Verde

Reeleito deputado federal com 126.896 votos no dia 3 de outubro, Cléber Verde teve seu registro de candidato cassado pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegível por 8 anos políticos que tenham sido demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial.

Cléber Verde foi demitido do INSS, a bem do serviço público em 2003, quando ainda exercia o cargo de vereador por São Luís.

O parlamentar foi acusado de inserir dados falsos no sistema da Previdência Social. Eleito pela primeira e a segunda vez vereador de São Luís, o político usou e abusou do cargo que exercia no INSS para aposentar pessoas (eleitores seus) de forma fraudulenta, conforme constatação feita por peritos do instituto.

Só eu conheço mais de cinco pessoas aposentadas por Cléber Verde em troca de votos. Este é um crime. O outro foi o de inserir dados falsos no sistema, como a elevação da idade dos beneficiários.

Escurraçado do cargo federal, o político não poderia nem ter sido candidato a deputado federal em 2006, uma vez que sua demissão ocorreu em 2003. Mas nossas leis são falhas e nasceram para não ser cumpridas.

Com o advento da Lei da Ficha Limpa, Verde concorreu à reeleição mas foi cassado pelo TSE. Antes, o TRE aprovou o registro de sua candidatura.

Após a decisão do TSE, o deputado federal moveu céus e montanhas para garantir a reeleição. O seu próprio partido, o PRB, atravessou caminhos tortuosos e pulou cercas para garantir o novo mandato do seu filiado.

O PRB é do vice-presidente da República, José Alencar, que em uma das altas hospitalar, fez gestões junto a direção do INSS para salvar seu companheiro de partido.

E teve um forte aliado na empreitada: o senador José Sarney, presidente do Congresso Nacional.

Então, estranhamente, no dia 18 deste, o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, expediu portaria extinguindo a demissão e trouxe de volta Cléber Verde ao cargo, contra tudo e todos. Contra parecer técnico da sua Pasta.

O curioso é que Verde, assim que foi demitido a bem do serviço público, em 2003, ingressou na justiça contra a decisão do INSS. Não logrou êxito.

Decorreram sete anos da demissão e Verde nunca conseguia retornar ao cargo pela via judicial. Agora, escudado por lideranças nacionais, teve o sonho realizado. Sob forte pressão política.

O deputado, só para refrescar a memória, apoiou a candidata Roseana Sarney nestas eleições, e ainda ganhou como recompensa a Secretaria de Estado da Administração.

E ao agradecer sua confirmação como deputado reeleito, citou um trecho bíblico do livro dos Salmos, capítulo 23, que diz o seguinte: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará”.

Mas esqueceu de dizer que foram dois senhores que fizeram dele deputado novamente. E nem precisa repetir os nomes.

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Cléber Verde