por Andrea Ramal do G1

Cid Gomes ficou menos de três meses no comando do Ministério da Educação, mas o fato é que a educação no país já está sem rumo há algum tempo. O próximo ministro será o quinto, em cinco anos, num cargo que vem cumprindo um papel mais político do que estratégico. Isso é muito grave, dada a importância dessa área para o desenvolvimento do país.

O novo ministro encontrará enormes desafios. O primeiro deles é reduzir as desigualdades educacionais, melhorando a qualidade das escolas públicas. Hoje, enquanto alguns poucos alunos se destacam, a nota média não chega a 4,0.

É um desafio de gestão. Requer estabelecer um currículo mínimo comum, definir metas de desempenho com as instituições, alinhar práticas de estados e municípios, fazer diagnósticos para detectar deficiências e implementar planos de ação específicos, alocando os recursos da maneira mais eficaz.

O segundo grande desafio está no sistema educacional. Começa na educação infantil, onde faltam vagas e educadores bem preparados, justamente numa fase em que se desenvolvem aspectos cognitivos e sócio-emocionais decisivos para a vida escolar.

A questão se agrava no ensino fundamental. Nessa etapa, uma parte significativa dos alunos não está desenvolvendo hábitos de leitura e estudo, nem competências básicas ligadas a português, matemática e ciências. A indisciplina vem aumentando e não há como ignorar problemas relacionados a drogas e violência, inclusive contra professores.

A corda arrebenta no ensino médio, com jovens em idade acima da série, que acumulam histórico de reprovações. Muitos chegam a este segmento quase analfabetos funcionais – não é à toa que o último Enem registrou meio milhão de notas zero e apenas 256 notas máximas na redação.

Nossa escola é do século passado. Há que valorizar e capacitar os docentes, garantir infraestrutura e recursos compatíveis com o aluno do século XXI, da geração Z, da interatividade. Renovar as formas de ensinar e aprender. Escola em tempo integral, do jeito que está, é absurdo: seria fazer mais do mesmo. Há que reforçar também a importância da contribuição das famílias. Sem que a família faça a sua parte em casa, as melhores políticas públicas fracassam.

O terceiro desafio é ligado ao ensino superior. Primeiro, no estímulo à pesquisa e inovação, que vêm sendo tratados de forma secundária. Além disso, o governo abriu as portas das faculdades para muitos estudantes sem base acadêmica, e não é toda instituição que faz trabalhos de suplência para ajudar o aluno a avançar.

Nesse ponto, a visão de Cid Gomes era temerária, pois fazer Enem on-line “qualquer dia, qualquer hora” não resolve: ao contrário, só agrava os riscos de deixar passar alunos despreparados. Essa bomba-relógio pode estourar no mercado de trabalho, com profissionais pouco qualificados, colocando em risco a capacidade produtiva e o crescimento do país.

Por tudo isso, a educação se tornou o ministério mais decisivo do momento. Tratá-lo de forma responsável é condição essencial para garantir o avanço do país nas próximas décadas.


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