Em entrevista concedida hoje pela manhã ao Bom Dia Mirante, o secretário de Educação, César Pires, anunciou índices estarrecedores em relação aos alunos da rede estadual de ensino que pretendem ingressar na Ufma ou Cefet.

Tomando por base o último resultado do Enem, apenas 8% dos alunos estão aptos a passar nos vestibulares da Ufma e Cefet .

O secretário comentou ainda que 112 escolas foram inundadas ou serviram como abrigos durante o período das enchentes, alcançando em torno de 62 mil alunos. Para recuperar o tempo perdido, Pires anuncia um trabalho gigantesco, conforme declarações dadas na entrevista abaixo.

Roberto Fernandes – Quantas escolas foram necessárias ser utilizadas como abrigos pelas pessoas atingidas pelas enchentes?

César Pires – São 108 municípios, são 112 escolas entre as que foram inundadas e as que serviram como abrigos, alcançando em torno de 62 mil alunos. Por isso teremos que fazer um trabalho gigantesco para recuperar o período perdido para recolocá-los na trilha de um calendário daqueles que não foram atingidos pelas chuvas.
Roberto Fernandes – Essas escolas ainda continuam ocupadas?

César Pires – Muita delas sim. Muita ainda sofrendo as intempéries das inundações. Mas já estamos fazendo um mutirão. Contratamos, através da Fundação Josué Montelo, com recurso federal, engenheiros da Caixa Econômica para levantar a situação dessas escolas. Só agora na visita com governador, quando fomos a Bacabal encontramos escolas totalmente acabadas. Ele visitou uma escola que leva o nome dele e viu o estrago que a chuva fez e o descaso da gestão anterior em relação a isso, que precisa ser recuperada. Naquele momento estávamos com 11 engenheiros fazendo levantamento sobre as medidas que deveremos tomar.

Roberto Fernandes – Antes de iniciar o calendário educacional, as escolas precisam passar por uma reconstrução física?

César Pires – è difícil por causa do tempo. É muito curto em relação a isso. Temos que fazer um processo imediato de higienização e limpeza e isso estamos fazendo para colocar os alunos de volta. Só que o estrago é grande demais. Tem escola que levaram as pias, os vasos, portas e quadros. É uma situação difícil de ser recuperada em seis ou sete meses. Mesmo assim, a secretaria está fazendo um mutirão, unindo forças com sua equipe de trabalho, para pelos menos colocar o aluno na sala de aula.

Roberto Fernandes – Uma questão que nos preocupa bastante é o resultado do Enem. E média ficou abaixo dos 45 pontos, o que pode afetar a participação dos estudantes no Prouni. Há como recuperar isto?

César Pires – É muito difícil. A situação é histórica, com rastro de difícil compreensão no Estado do Maranhão para nós como educadores. Isso é o pior tsunami do que as inundações. As inundações você recuperar o que foi estragado, reconstrói uma escola, coloca uma carteira nova. Para que você tenha uma idéia, apenas 8% dos alunos têm condições de passar no vestibular da Ufma e do Cefet, a prevalecer esse status quo dessa análise do Enem de 2008. Para mim isso acaba com gerações. Do mesmo modo quando visito uma escola e pergunto ao aluno o que ele pretende ser. Alguns dizem que querem ser médicos outros falam que querem ser engenheiros. Olha que ele está condenando sem puder perceber O nível de esclarecimento dele e da família é insuficiente para compreender a forma perversa como a educação foi tratada. Então, 92% dos alunos da rede pública do Maranhão, na avaliação do Enem, estão abaixo dos 45 pontos exigidos para que se tenha acesso, sob o ponto de vista qualitativo, ao Prouni ou pelo menos sonhar em ser um acadêmico de medicina, de pedagogia ou qualquer coisa que o valha. É essa situação que queremos combater, virando o foco para a escola.
Roberto Fernandes – Mas por onde?

César Pires – Pela escola. A Seduc, ao longo desse período, voltou as costas para a escola. E não há fórmula para reparar esses equívocos se não voltando para a escola. O elo está entre o professor e o aluno, esquecido pelas instituições educacionais.

Roberto Fernandes – Como motivar o professor?

César Pires – Dando a ele condições, nova visão de fazer educação. Ele tem que compreender que por ele passa o fracasso e também o sucesso. Não há outra forma de construir educação que não seja esse ele professor/aluno. A Seduc tem que está com os olhos voltados para esta situação e isso estamos fazendo nesse pequeno espaço de tempo.

Patrícia – Com relação ao problema da falta de escolas para os alunos da rede municipal de ensino. Recentemente o secretário Moacir Feitosa esteve aqui e disse que tinha problemas com cessão de uso de escolas que são do Estado e que poderiam verificar essa cessão de uso para que essas escolas possam ser utilizadas em três bairros da capital. Já houve alguma negociação? Vocês se encontraram?

César Pires – Não, mas a Seduc está de portas abertas. Pra tudo que for para melhorar a educação no Maranhão, independente de ser do Estado ou do município, não irem,os virar as costas. Ao contrário, iremos estender as mãos e ter a compreensão de que a luta a da educação no Maranhão e não de setores políticos.


ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Acompanhe o Blog do Luis Cardoso também pelo Twitter™ e pelo Facebook.