Investigações agora chegam à Caixa Econômica e Ministério da Saúde

por Renato Onofre, Vinícius Sassine, Jailton de Carvalho e Thaís Skodowski, especial para O GLOBO

Polícia Federal usou Range Rover de Paulo Roberto Costa durante 11ª fase da Operação Lava-Jato – Divulgação Polícia Federal

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SÃO PAULO, CURITIBA e BRASÍLIA – A Operação Lava-Jato retornou ao local de início das investigações, o Paraná, para abrir uma nova frente de apuração, distante da Petrobras, agora chega ao Ministério da Saúde e à Caixa Econômica Federal. Na operação, foram presos preventivamente três ex-deputados: Luiz Argôlo (SD-BA), Pedro Corrêa (PP-PE) e André Vargas (PT-PR), que teriam sido beneficiados do esquema. Foram detidos provisoriamente: a secretária de Argôlo, Elia Santos da Hora, Ivan Mernon da Silva Torres, Leon Vargas (irmão de André Vargas) e Ricardo Hoffman, diretor de uma agência de publicidade. Condenado no mensalão, Pedro Corrêa cumpria pena no regime semiaberto.

Na 11ª fase da operação, intitulada “A Origem” — nomeada assim por ter voltado ao estado —, foi desarticulado um esquema que desviava dinheiro de contratos de agência de publicidade para políticos. Ricardo Hoffman, dono da agência Borghi/Lowe, tinha contas com a Caixa e Ministério, e supostamente operava esquema semelhante ao do mensalão, com repasses a políticos.

Pelo menos cinco produtoras de filme, que teriam pagado duas empresas fantasmas – atribuídas ao envolvidos nessa fase- por prestações de serviço que não existiram também foram alvo de fiscalização. As produtoras foram subcontratadas pela Borghi/Lowe.

Na operação, a PF cumpre 32 ordens judiciais nos estados de Paraná, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Além das prisões, há 16 mandados de busca e apreensão e 9 de condução coercitiva. Também foi decretado o sequestro de um imóvel de alto padrão na cidade de Londrina.

Apontado como laranja de Pedro Corrêa, Ivan Mernon foi preso em Niterói, no Rio de Janeiro. A secretária de Argôlo, Elia Santos da Hora, foi detida em Salvador. A PF prendeu Leon, Vargas em Londrina (PR). O ex-deputado Pedro Corrêa- que cumpre regime semiaberto- está preso em Canhotinho, no Agreste Pernambucano, mas o juiz Sérgio Moro já pediu sua transferência para Curitiba. Já Argôlo foi preso em Salvador e Hoffman, no Distrito Federal. Com base num mandado de condução coercitiva, a polícia também levou para depor Mônica Maria Souza Cunha e Vera Lúcia Leite

A atual fase tem por objetivo a investigação realizada em diversos inquéritos policiais e a partir da baixa de procedimentos que tramitavam perante o Supremo Tribunal Federal, apurando fatos criminosos atribuídos a três grupos de ex-agentes políticos. Segundo a PF, os crime abrangem organização criminosa, quadrilha ou bando, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude a procedimento licitatório, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência.

Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Durante a Operação, a PF utilizou um dos carros que pertencia ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás e um dos delatores do esquema, Paulo Roberto Costa. Os veículos apreendidos na Lava-Jato foram cedidos pela justiça, provisoriamente, à Polícia Federal.

A Range Rover usada na 11ª fase Operação foi peça chave na investigação do escândalo na Petrobras. A justiça identificou a partir do veículo a ligação entre o doleiro Alberto Youssef e o então diretor Paulo Roberto Costa, uma vez que o carro havia sido registrado no endereço do doleiro, mas em nome de Costa.

RELAÇÕES COM O DOLEIRO ALBERTO YOUSSEF

André Vargas, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa, presos na Lava-Jato – Montagem

Um dos 40 réus no processo do mensalão, Pedro Corrêa foi condenado em 2013 a sete anos e dois meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e estava em regime semiaberto. Ele é acusado pela Polícia Federal (PF) de “dar sustentação à nomeação e à permanência nos cargos da Petrobras” de diretores e gerentes ligados ao esquema de corrupção.

De acordo com despacho de Moro, mesmo depois de cassado no processo do mensalão, o ex-parlamentar “não perdeu seu poder político, tendo inclusive logrado eleger sua filha Aline Correa para a Câmara dos Deputados”. Na delação premiada, Alberto Youssef reporta-se por diversas vezes a Pedro Correa como um dos membros do PP que dava apoio a Paulo Roberto Costa e que, por conseguinte, recebia pagamentos de propina.

Moro esclarece que ainda não foi colhida prova documental de todos o repasses de valores efetuados por Alberto Youssef a Pedro Corrêa. Contudo, emais interceptados de conversas entre Youssef e Corrêa mostram supostas transações bancárias que somam ao menos R$ 100 mil. O juiz justificou a prisão de Corrêa afirmando que “a prova do recebimento de propina mesmo durante o processamento da Ação Penal 470 (mensalão) reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do crime, recomendando, mais uma vez, a prisão para prevenir risco à ordem pública”.

André Vargas, que foi vice-presidente da Câmara, foi cassado em 10 de dezembro de 2014. Vargas foi flagrado em telefonemas com o doleiro Alberto Youssef. O doleiro pagou um voo para que Vargas fosse com sua família para João Pessoa (PB) no início de 2014. Investigações da Operação Lava-Jato mostraram que Vargas teria auxiliado o laboratório Labogem a conseguir uma parceria com o Ministério da Saúde. O laboratório era usado pelo doleiro para o envio ilegal de recursos ao exterior, como já admitiram os proprietários da empresa.

Já Luiz Argôlo, segundo as investigações, recebeu, ao menos, R$ 1,2 milhão do doleiro Alberto Youssef, alvo central da Operação Lava-Jato. O ex-deputado também seria sócio de Youssef na empresa de engenharia Malga. Segundo a polícia, o deputado e o doleiro trocaram 1.411 mensagens num determinado período. A intimidade era tamanha entre os dois que o deputado tinha até um telefone exclusivo só para falar com Youssef com a conta paga pelo doleiro. Ele teria recebido pelo menos R$ 330 mil no esquema. E chegou a culpar a imprensa por não ter sido reeleito. O dinheiro chegou a ser entregue em seu apartamento funcional em Brasília durante o seu exercício como parlamentar.


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