Editorial – Jornal Pequeno

Há um vírus ideológico devastador, e que se transmite pelo ar, inoculado na população brasileira. Ainda sem nome científico e sem vacina previsível, ele age diretamente e mata as células da corrupção. Esse vírus foi identificado nas manifestações de junho de 2013, desapareceu por algum tempo, mas ressurgiu, ainda mais forte e imune, nas eleições de 2014. Quem quer que se aproxime de corruptos, mesmo estando eleito, sofrerá os efeitos dessa contaminação.

É o mesmo vírus ideológico que levou dezenas de milhões de brasileiros às praças públicas exigindo eleições diretas, liberdade de expressão, o fim da tortura e a volta do estado de direito nos idos da ditadura militar. Não se considere, portanto, que o escândalo da Petrobrás e outros tantos que macularam este país não terão efeito sobre o segundo turno desta eleição. Exigir que o governador eleito Flávio Dino faça declaração pública de apoio a uma candidatura do PT, no caso a de Dilma Rousseff, depois de uma eleição que venceu pregando a honestidade, não nos parece a melhor ideia. O povo brasileiro exige, a qualquer custo, o combate sincero e sem tréguas à corrupção.

Quando o dinheiro destinado à educação, saúde e segurança é dividido entre partidos políticos e homens públicos e os diretores da maior estatal do país são nomeados como capos de um cartel com a única função de dividir as finanças do país entre chefes políticos, não há mais o que discutir. Esta eleição mostrou que a ideologia nascente do povo brasileiro é varrer do país a corrupção, embora seja esta uma tarefa bem mais difícil que derrubar ditaduras. Mas é a vontade manifesta de uma população que foi às urnas do Oiapoque ao Chuí.

Só o infeccioso foro privilegiado ainda garante a proteção de alguns nomes (e não se sabe por quanto tempo) divulgados pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff nos inquéritos que correm na Polícia Federal e na Justiça Federal. A descrição detalhada, o modus operandi que emergem desses depoimentos não deixam dúvidas: o governo federal estava a par de tudo, se é que tudo não foi planejado em conexão direta com os principais gabinetes do governo federal.

Não se exija, pois, que o povo brasileiro, e menos ainda o povo maranhense, aceite, depois de tanta luta, qualquer que seja o transigir com a corrupção. O país está assustado. Nem se esperava que o loteamento da Petrobrás estivesse pagando a eleição de pessoas desonestas, que servisse à locupletação do banditismo político. São 10 bilhões de reais e talvez tanto dinheiro bastasse para por fim às intermináveis e agonizantes filas nos hospitais do país.

A verdade é que o Brasil precisa respirar. Não há oxigênio que baste para 50 anos entre ditadores armados e corruptos impunes. Em algum momento é preciso que sobre fôlego para virar as páginas da História. A transição entre um modelo político e outro faz parte da democracia. E já passou da hora de substituir esse modelo político que estafa o Brasil e sacrificou o desenvolvimento humano do Maranhão.


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