Por Abdon Marinho

Leio que a Infraero apontou uma grande redução no fluxo de turistas para São Luís neste último período de férias. O fato não me surpreendeu, já alertei mais uma vez que o grande atrativo da capital é o seu casario colonial, seus prédios centenários, seu centro histórico. Infelizmente as autoridades não entendem isso e assim, à vista de todos, o centro vai ruindo, os azulejos vão desaparecendo, as pedras de cantarias vão sendo vendidas aos quilos, os prédios vão virando estacionamento, o mato vai tomando de conta dos telhados e destruindo as estruturas.

As autoridades não entendem que precisam fazer uma intervenção agressiva no setor, que os projetos de revitalização com recursos públicos, seja no governo federal, estadual ou municipal são insuficientes para resolver o caos que toma conta do centro. É necessário um pacto com a sociedade, com a iniciativa privada através de uma ampla campanha de conscientização e esforço comum para que no médio e longo prazo alcancemos os objetivos almejados.

Entra prefeito, sai prefeito e ninguém parece entender que aos poucos, porém de forma contínua, São Luís vai perdendo seu maior patrimônio. Falta sensibilidade às autoridades, torcia para que a nova gestão, desprovida dos vícios das anteriores e por ser uma eqüestre de jovens talentosos, tivessem essa sensibilidade, outro dia começaram a me convencer do contrário.

convencer do contrário.

Vou dar um pequeno exemplo. Não faz muito tempo um amigo alugou um prédio de família para uma grande empresa, um aluguel praticamente simbólico, mas com uma cláusula bem interessante, a empresa iria investir mais de um milhão de reais na recuperação do prédio retornando-o às suas condições originais. Pois bem, a empresa não conseguiu a licença das autoridades porque o prédio possuía pendências com o IPTU. Ora, me pareceu fácil, estando o prédio na área de preservação bastaria requerer a isenção do tributo, o que foi feito. Decorridos mais de trinta dias, a empresa pressionando para começar a obra de recuperação do prédio, veio a resposta da autoridade tributária municipal: a isenção não poderia ser concedida porque essa isenção deve ser solicitada todos os anos, como não foi requerida nos anos anteriores, não poderiam isentar agora e cancelar os lançamentos anteriores, logo a obra de reforma não terá autorização.

Vejam, não duvido que a autoridade tenha razão, é capaz que a melhor interpretação dos textos legais seja essa. Entretanto, como dizia, falta sensibilidade, esse é mais um prédio que ameaça ruir por falta de uma política de preservação. A autoridade reconhece o direito a isenção, mas segundo ela, não pode conceder por que a mesma deve ser requerida ano a ano. Como se o prédio deixasse de ser histórico de um ano para o outro,

me perdoem, ao meu sentir trata-se de falta de sensibilidade, poderia até dizer, de carinho me perdoem, ao meu sentir trata-se de falta de sensibilidade, poderia até dizer, de carinho com a cidade. As autoridades ao invés de promover uma política de incentivos a preservação dos prédios, de concederem benefícios aos empresários que queiram recuperar essa parte da nossa história, colocam toda sorte de entrave, de empecilhos. Não me conformo com esse modelo de política que temos.

Outro dia tive que ir ao centro, esse já é um roteiro que não gosto mais de fazer, diferente de trinta anos, o centro está perdendo suas características, os prédios estão ficando decrépitos, mal cuidados, ruas sujas, confesso que fico triste, quase deprimido com as cenas que vi, principalmente quando lembro que costumava percorrer as ruas do sol, dos afogados, do passeio, da paz, Silva Maia, e tantas outras. Vi um projeto de recuperação da Praça Deodoro, é magnifico, mas é pontual, não adianta você fazer uma obra tão monumental com os prédios ruindo ao redor, sem uma política conservação do seu entorno e para isso é necessário o consórcio com a sociedade, ajudar e incentivar os que querem fazer isso. Obras pontuais eqüivalem a jogar pérolas aos porcos, como se dizia antigamente.

Precisamos que as autoridades entendam isso. É possível ensinar sensibilidade as pessoas?


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