Queda nos papéis da empresa foi de 29,11%; petrolífera suspenderá o desenvolvimento de três campos e interromperá a construção de cinco plataformas

Reuters

SÃO PAULO – A OGX anunciou nesta segunda-feira que suspenderá o desenvolvimento de três campos de petróleo e que interrompeu a construção de cinco plataformas, no mais recente revés do empresário Eike Batista, que viu a ação de sua petrolífera desabar na bolsa paulista.

A empresa também informou que não investirá no aumento da produção dos poços do campo de Tubarão Azul, na bacia de Campos, onde a extração pode parar no ano que vem.

“Não existe, no momento, tecnologia capaz de viabilizar economicamente qualquer investimento adicional nesse campo visando aumentar o seu perfil de produção e os poços atualmente em operação poderão cessar de produzir ao longo do ano de 2014”, afirmou a OGX em fato relevante.

Citando novas interpretações de dados geológicos, a OGX disse não ser viável o desenvolvimento dos campos Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia, onde as novas plataformas da OSX – também controlada por Eike – iriam operar.

“Restam poucos caminhos para a empresa. Já há algum tempo deixamos de ter preço justo e indicação para (as ações da) OGX, pela mais absoluta incapacidade de reunir dados confiáveis para realizar projeções”, afirmou o analista Luiz Francisco Caetano, da Planner, em relatório intitulado “OGX: O fim da história?”.

O anúncio da OGX veio após os três poços marítimos da empresa em produção (OGX-26HP, OGX-68HP e TBAZ-1HP), todos em Tubarão Azul, sofrerem problemas operacionais e registrarem quedas e interrupções nos últimos meses.

A produção marítima, que chegou ao pico de 13,2 mil barris de petróleo por dia em janeiro, despencou para 1,8 mil barris por dia em abril, recuperando-se a 6,8 mil barris por dia em maio.

As sucessivas frustrações com o nível de produção da OGX e a queima de caixa pela petroleira têm motivado forte queda das ações da empresa, contagiando os papéis de outras companhias de Eike listadas na Bovespa.

No meio de junho, a agência de classificação de crédito Fitch rebaixou o rating da OGX para “CCC”, indicando alto risco de não pagamento da dívida.

A ação da OGX fechou o dia em queda de 29,11%, a R$ 0,56, enquanto o Ibovespa teve baixa de 0,48%. Na mínima, o papel chegou a perder 39,2%.

No fim de maio, Eike reduziu sua participação na OGX de 61,09% para 58,92%, em operações na bolsa por um preço médio de R$ 1,73 por papel.

Eike tem o compromisso de aportar até US$ 1 bilhão na OGX, que tem uma opção contra o empresário a ser exercida até abril de 2014 ao preço de R$ 6,30 por papel, se o Conselho da companhia julgar necessário.

Segundo a assessoria da imprensa da OGX, a opção da companhia contra Eike “continua uma opção viável a ser considerada”.

Queima de caixa. A OGX pagará imediatamente US$ 449 milhões para a OSX, destinados principalmente para a construção de duas plataformas para operar em um outro campo, o de Tubarão Martelo, que continua sendo desenvolvido e tem previsão de primeiro óleo para o fim deste ano.

A petrolífera disse que o aluguel pelo afretamento do FPSO OSX-1, plataforma conectada ao campo de Tubarão Azul, continuará a ser pago à OSX.

A petrolífera terminou março com US$ 1,15 bilhão em recursos disponíveis e apenas o pagamento devido à OSX reduziria o caixa da companhia a cerca de US$ 700 milhões.

O Credit Suisse salientou que a OGX tem agora três ativos principais: blocos na bacia do Parnaíba, avaliados pelo banco em US$ 500 milhões de dólares; Tubarão Martelo, estimado em US$ 1,2 bilhão; e bloco BS-4, na bacia de Santos, adquirido por US$ 270 milhões.

“Com US$ 2,8 bilhões em dívida líquida ao fim do primeiro trimestre, há pouco valor para sustentar as ações na nossa visão. O pagamento de US$ 449 milhões pela OGX à OSX coloca o balanço da OGX ainda mais sob questionamento”, disse o Credit Suisse em relatório.

Após a divulgação do fato relevante pela OGX, o banco suíço UBS rebaixou o preço-alvo para a ação da OGX de R$ 1 para R$ 0,20, mantendo a recomendação de venda.

A OGX vai submeter à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) uma revisão de seu plano de desenvolvimento para Tubarão Azul, com base nas conclusões da análise do comportamento dos poços.

A empresa disse que “não devem mais ser consideradas válidas as projeções anteriormente divulgadas, inclusive as que dizem respeito a suas metas de produção”.

Procurada, a ANP disse que aguarda receber oficialmente a revisão da OGX e que os documentos serão analisados pela agência reguladora.

A OGX teve prejuízo de R$ 804,6 milhões no primeiro trimestre, quase três vezes superior ao do mesmo período do ano anterior, devido a uma baixa contábil bilionária com poços secos.

(Por Gustavo Bonato e Roberto Samora)


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