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Sobre a Milicia: Assim q eles tentam ganhar uma eleição…noticia montada nas escuras.
Confesso que o Maranhão me surpreende. Quando tive acesso ao tal vídeo da milícia 36, no domingo a noite, realmente não vi nada demais e por isso achei que não passaria de mais um dos vídeos apócrifos divulgados aos montes nas redes sociais.
Na manhã do dia seguinte, cedo, quando lia o noticiário nacional e me deparei com o vídeo na capa do blog do jornalista Reinaldo Azevedo de Veja, a primeira lembrança que me veio a mente foi um episódio não muito distante no tempo para quem é historiador: o “caso Reis Pacheco”.
O caso Reis Pacheco, factoide criado pelo grupo Sarney para Rosegana ganhar a eleição ao governo do estado em 1994, guarda em si muitas semelhanças com a história da milícia 36. Ambos são casos flagrantes de uso dos meios de comunicação para forjar uma história que ligue o adversário a um ato de violência.
E o que foi o “caso Reis Pacheco”?
Há poucos dias da eleição em segundo turno para o governo do Estado em 1994, o então senador José Sarney escreveu no jornal Estado do Maranhão sobre o assassinato misterioso de um certo Reis Pacheco, pouco tempo depois, o suposto irmão da vítima apareceu em uma entrevista na TV Imperatriz, de propriedade da família Sarney dizendo que o irmão havia desaparecido.
Pouco antes do segundo turno o assunto apareceu no programa eleitoral de Roseana com ares de escândalo. A história contada no programa de Roseana dizia que o ferroviário Reis Pacheco havia se envolvido num acidente de trânsito, no qual batera no carro do vereador Hilton Rodrigues, pai de Cafeteira e adversário de Roseana naquela eleição. Embora no acidente Reis Pacheco tenha sofrido apenas leves escoriações, o pai de Cafeteira não resistira, morrendo pouco tempo depois.
Segundo o tal testemunho, para se vingar, Cafeteira havia sequestrado e assassinado o ferroviário Reis Pacheco. Cafeteira, em vantagem, segundo as pesquisas eleitorais, viu-se repentinamente acusado de ser assassino no horário eleitoral de Roseana Sarney.
Correndo contra o tempo, já que faltavam poucos dias para a eleição, aliados de Cafeteira conseguiram encontrar o suposto morto no Pará, dois dias antes da eleição. Depois de muita insistência, o morto-vivo aceitou gravar um depoimento. O desmentido foi ao ar no último dia de campanha, mas somente São Luís viu o esclarecimento da farsa porque o resto do Estado ficou no escuro por um bleclaute promovido pela Cemar, então estatal pertencente ao Estado, cujo governador, Edison Lobão, era aliado do grupo Sarney. Na época, quando internet e redes sociais eram sonhos distantes e Sarney controlava todos os meios de comunicação, a farsa vingou e Rosena Sarney venceu a eleição.
O estapafúrdio caso do vídeo “milícia 36” segue a mesma estrutura da farsa que produziu o morto vivo Reis Pacheco uma fraude no Maranhão. O primeiro passo é “publicar a falsa notícia num meio de comunicação pertencente ou aliado do grupo. No caso Reis Pacheco foi o Jornal O Estado do Maranhão, no caso “Milícia 36”, a revista Veja. Em seguida, exibe-se o conteúdo no programa eleitoral como se fosse conteúdo sério, rigorosamente jornalístico e de denúncia, exatamente como fizeram os programas eleitorais de Roseana em 1994 e Castelo ontem. Por fim, monta-se um palco na mídia para mostrar os detalhes do suposto escândalo, exatamente como estão fazendo hoje os meios de comunicação ligados ao grupo Sarney e como fizeram na época do “caso Reis Pacheco”.