Por JM Cunha Santos

Em todo o mundo, a maior carga de preconceitos não incide sobre raças, não está na cor da pele, não tem fulcro na origem étnica de grupos ou pessoas ou na preferência sexual e sim sobre aqueles cujo aspecto físico não agrada aos olhos da maioria. É um preconceito arraigado, imanente, com que todos parecem concordar e apoiar.

Invariavelmente, os chamados feios não terão direito ao amor ou, mesmo, carinhos desinteressados, gestos e palavras de prazer por sua presença e isso será considerado natural, jamais encarado como uma forma de preconceito. Suas companhias serão evitadas para que não sugiram a possibilidade de qualquer relacionamento mais íntimo ou até amizade mais profunda.

A ausência de beleza exterior, física, é perseguida virulentamente desde os contos infantis, histórias românticas, revistas em quadrinhos, filmes e romances. Os bruxos e bruxas, os monstros, os assassinos impiedosos, os bandidos e todos os vilões, ressalvadas algumas merecidas exceções, invariavelmente são representados por pessoas cuja aparência física não agrada, os feios. Os heróis, os que fazem o bem, defendem a causa da justiça, lutam contra o poder do mal são pessoas de aspecto físico agradável, bonitas, descritas meticulosamente no imaginário dos autores e no imaginário popular como de atração irresistível e alto poder de sedução.

Na infância, os chamados feios terão que suportar apelidos terríveis e precisarão se impor de outra forma se assim não quiserem ser afastados do convívio da maioria. Na adolescência, terão dificuldades de namorar e na juventude, se não tiverem tido chances de estudar e vencer concursos, até para conseguir empregos. O que é facilitado aos “narcisos” e “belas adormecidas” capazes de atrair o público. Até a bem pouco tempo as empresas e órgãos públicos exigiam boa aparência dos candidatos a cargos e empregos. E nem digam que isso tem a ver apenas com a cor da pele.

Uma carga poderosa de frustrações e complexos de inferioridade se abaterá sobre as vítimas do racismo estético, tornando-as tímidas, sempre no temor de não agradar. São complexos tão fortes que a maioria não concordará com a publicação de um artigo que pode virar piada na internet e chamar a atenção para sua fealdade. Pensem só no tipo de sentimento que pode aflorar numa pessoa que passa a vida inteira sendo tratada de dragão, demônio, desgraça, gorila, cara de cu e outros epítetos escolhidos para os feios. Pense só por um instante em como seria se você tivesse que viver assim.

O ser humano costuma se desdobrar para evidenciar os defeitos dos outros e, quando pode, esconder as virtudes. Ou o que chama de defeitos e chama de virtudes. É precisamente essa a atitude que mais exacerba o racismo estético. Entre a moça que nunca é escolhida para dançar e o moço a quem nunca concedem a contra-dança, há um sentimento vivo e indesmentível de desalento que pode ser percebido em suas reações.

A era moderna exalta a beleza física em detrimento do que se convencionou chamar beleza interior. As academias de malhação faturam os “tubos” e homens e mulheres se desgastam fisicamente comendo apenas frutos e vegetais, pagam altos preços nas clínicas de estética e empenham grande parte de seus salários em cremes, massagens, terapias com ervas e banhos milagrosos.

Ninguém quer ser vítima do racismo estético que humilha, isola, reduz vantagens e possibilidades e faz tristes e abandonadas as pessoas “feias” e sem solução. É esse o grande preconceito e a principal intolerância da era moderna.


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