José Cruz/ABr

José Sarney e Tião VianaA entrada de José Sarney (PMDB-AP) na briga pela presidência do Senado e a decisão de Tião Viana (PT-AC) de manter sua candidatura criou uma situação inusitada.

A queda-de-braço entre os representantes dos dois maiores partidos do consórcio governista será definida pela oposição. O PSDB tornou-se fiel da balança.

Sarney era avesso à disputa. Queria que seu nome fosse ao plenário como candidato único. Mudou de idéia.

O que o animou a rever a posição foi a perspectiva de reunir em torno de si os votos de três legendas: o seu PMDB e os oposicionistas DEM e PSDB.

Para eleger-se presidente do Senado, um candidato precisa de pelo menos 41 votos dos 81 senadores.

O PMDB dispõe de 20 “eleitores”. Tucanos e ‘demos’, com 13 senadores cada um, somam 26. Com esses 46 votos, Sarney estaria eleito.

O problema é que, na fase em que Sarney manteve sua candidatura no armário, Tião Viana avançou sobre o eleitorado do rival.

O candidato petista obteve a promessa de voto de quatro peemedebistas: Jarbas Vasconcelos (PE), Gerson Camata (ES), Pedro Simon (RS) e Paulo Duque (RJ).

Tião seduziu também pelo menos cinco senadores demos: Jayme Campos (MT), ACM Jr. (BA), Kátia Abreu (TO), Marco Maciel (PE) e Eliseu Resende (MG).

Se Tião não for traído, o cesto de votos de Sarney minguaria de 46 para 37 votos. Com mais três votos que espera beliscar no PTB -Gim Argelo (DF), Romeu Tuma (SP) e Epitácio Cafeiteira (MA)- Sarney amealharia 40. Precisaria de mais um voto.

A pergunta é: o PSDB dará seus 13 votos a Sarney? A bancada tucana está dividida. Dos treze senadores do partido, seis pendem para Tião.

São eles: Tasso Jereissati (CE), Mário Couto (PA), Marisa Serrano (MS), Flexa Ribeiro (PA), Eduardo Azeredo (MG) e Lúcia Vânia (GO).

A despeito da divisão, o PSDB deliberou que terá posição unitária. Algo que, se for levado a ferro e fogo, fará com que todos os seus 13 senadores tucanos votem unidos.

Se a opção for por Sarney, Tião Viana estará em apuros. Se, no entanto, o tucanato optar pelo petista, Sarney vai ao plenário em posição menos confortável do que gostaria.

Na noite desta segunda (19), Sarney encontrou-se com Lula. Disse ao presidente que reconsiderou a idéia de não ser candidato.

Foi uma conversa sem testemunhas. Os dois desceram o elevador do Planalto juntos. Lula foi para o Alvorada sem conversar com nenhum assessor.

Não se sabe ao certo, portanto, o que Lula disse a Sarney. Mais cedo, Tião Viana também fora ao Planalto. Reunira-se com Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete de Lula.

Carvalho dissera a Tião que Lula informaria a Sarney que preferia distanciar-se da disputa a ter de pedir ao petista que retirasse a candidatura dele.

Sarney teve pelo menos um encontro privado depois da conversa com Lula. Seu interlocutor revelaria mais tarde que o senador pareceu-lhe contrafeito.

O diálogo com Lula deve ter sido mais acerbo do que Sarney poderia supor. O senador disse que tiraria os próximos dias para ruminar a conjuntura.

Seja como for, Sarney deu nesta segunda (19) passos que podem ter convertido sua candidatura numa trilha sem volta.

Antes da reunião com Lula, conversara com Garibaldi Alves (PMDB-RN), por ora o único candidato oficial do PMDB à cadeira de presidente do Senado.

Garibaldi perguntara a Sarney se era verdade que ele decidira mesmo ser candidato. Sarney brindou o interlocutor com um lero-lero que indicava que, sim, era verdade.

Depois, Sarney telefonou para o tucano Tasso Jereissati, que se encontra na Europa. Disse-lhe que deveria, de fato, lançar-se na disputa.

Tasso repassou a informação à cúpula do PSDB. A bola está agora com o tucanato. O líder tucano Arthur Virgílio também está no exterior. Volta ao país nesta sexta (23).

A ausência de Virgílio empurra a decisão do PSDB para a semana que vem. Até lá, é provável que Sarney simule indecisão.

Nesta terça (20), Lula reúne-se no Planalto com o vice José Alencar e com os ministros que integram a coordenação de governo.

Nesse encontro, o presidente deve fazer um relato da conversa que teve com Sarney na noite da véspera. Logo, logo os detalhes da reunião devem ganhar o noticiário.

PS.: Atualização feita às 14h30 desta segunda (20): O senador Marco Maciel (DEM-PE) manda dizer que é “homem de partido”. Diz que votará no candidato que o DEM escolher.


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