Por Cássio Euller
Direto de Brasília

Foi uma noite de adrenalina pura. Pelo menos para um entusiasmado e quase solitário Aderson Lago que permaneceu em Brasília de onde vem acompanhando nestes últimos dez dias as sessões de incertezas do Tribunal Superior Eleitoral, se cassa ou não o mandato do governador Jackson Kleper Lago. Ele é acusado de abuso de poder econômico e compras de votos durante a campanha que o elegeu em 2006.

Depois do pedido de vista do processo pelo ministro Felix Fischer, por volta das 23 horas, o secretario da Casa Civil disparou o seu grito de alegria pelo celular ouvido na outra ponta, em São Luis, por um satisfeito Jackson, por uma agradecida Clay Lago e por alguns outros frenéticos governistas que passavam o telefone de mão em mão.

“Vamos sobreviver, governador”, explodia Aderson. A certeza da sobrevivência dita e repetida inúmeras vezes pelo chefe da Casa Civil começou desde o momento que ele próprio foi procurar o ex-ministro e hoje advogado Francisco Rezek.

A cartada de Aderson superou a cartada dada pelo deputado Roberto Rocha (PSDB) que havia indicado o advogado Eduardo Alckmin e a do deputado Domingos Dutra (PT) que fora buscar o reforço de Luiz Eduardo Greenhalgh junto ao campo majoritário comando pelo ex- ministro e chefe do mensalão José Dirceu.

Durante o ato preliminar da sessão ninguém teve duvida de que a defesa feita por Francisco Rezek foi a mais bem construída, convincente e de uma contundência de alto nível jurídico e cultural. Rezek ocupou a tribuna para concertar o caminho torto ora antes feito pelo insosso Alckmin e pelo destrambelhado advogado Daniel Leite. Este ficou com a maior parte do tempo cuspindo ao microfone da corte com uma defesa fajuta e planfetária, pobre de argumentos e sem sentido.

A berradeira de Daniel incomodou até mesmo o Alckmin, que em certa hora se aproximou dele à tribuna para falar-lhe baixinho: “sai daí, deixa o Rezek entrar”. Mais não foi apenas pela boa defesa feita por Francisco Rezek que fez o ministro Felix Fischer pedir vista do processo. A intenção já vinha sendo revelada a boca miúda por alguns jacksistas e amplamente publicada aqui neste espaço.

Isso era tão claro como claro foi o veredicto antecipado do ministro relator Eros Grau com seu voto a favor da cassação do diploma de Jackson e a posse imediata de Roseana Sarney, a segunda colocada. Felix Fischer, que na semana passada havia rejeitado o recurso o qual a domestica Sara Costa desmentia a sua primeira versão de que recebera dinheiro para votar em Lago, de forma súbita, terminou se transformando num generoso e agradável papai Noel com o governador acusado.

Nenhum dos outros seis ministros que compõem TSE disse nada. O contestador ministro Joaquim Barbosa, que havia acusado, um dia antes, os seus companheiros de toga de ultrajar a corte no caso do processo do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, fechou-se em silencio sepulcral. O pedido de vista soou como um presente natalino e de boas festas para os Lago.

“Teve o dedo do Rezek nisso”, explodia insatisfeito o ex-senador sarneysta Chiquinho Escorcio ao comentar o resultado da sessão de ontem. Chiquinho era quem mais torcia pela bancarrota de “Jackson e seus asseclas”, como costuma se referir ao governador do Maranhão, principalmente depois que fora agredido impiedosamente e levado preso para uma delegacia de policia em São Luis.

Se para os sarney o pedido de vista empurra o processo de cassação para o próximo ano, quando fatalmente a degola de Jackson e Luis Porto será fato consumado, para os jacksistas o que ocorreu ontem foi uma das maiores vitórias de um caso perdido. O próprio Jackson já havia jogado a toalha da queda do seu governo, que chegou a admitir que do Natal não passava.

Os deputados Domingos Dutra e Roberto Rocha deixaram escapar em seus discursos feitos na tribuna da Câmara na ultima quarta-feira de que o governo do “probo e correto médico que sempre viveu de sua profissão” estava literalmente ao fim. Tanto era o desanimo que a maioria absoluta dos assessores do governador, que ocupou por toda uma semana alguns andares do Kubitschek Plaza, retornou para São Luis. Até mesmo o pagador das contas, o empreiteiro Carlos Roberto, pegou ontem pela manhã um avião da TAM com destino a ilha.

Se teve o dedo do Rezek dentro do tribunal como chega a supor alguns sarneistas, fora do tribunal teve o tempo todo a ousada ação de Aderson Lago a começar pela própria aquisição do famoso jurista. O chefe da Casa Civil age o tempo todo como quem olha um cavalo selado passar na sua frente com a oportunidade de levá-lo a ser o candidato do próprio Jackson numa possível eleição para um governo tampão, a ser convocada pela Justiça Eleitoral. Depois de ajudar nas conquistas das prefeituras de São Luis e de Imperatriz, resta saber se Jackson está disposto mesmo a entregar o Poder Estadual ao PSDB, ainda que seja até 2010 e assistir depois o seu PDT sendo devorado pelo tucanato maranhense.

Uma sexta feira de animo

O deputado Roberto Rocha (PSDB-MA), que na ultima quarta-feira fez um discurso entregando os pontos dando como um fato consumado a cassação do governador Jackson Lago, no dia seguinte, voltou a ocupar tribuna da Câmara ainda pouco para dizer: “é preciso que se faça aqui o reconhecimento da decisão sabia do TSE, o que faz a gente brindar esse momento mágico”. E põe “mágico” nisso.

Despedida

Caro amigo Cardoso. Apesar de algum tempo fora do Maranhão e fora do jornalismo político de nossa terra, iniciado em Imperatriz, porém devo-lhe dizer que foi muito importante à oportunidade que me foi dada para que eu voltasse ao exercício da informação de interesse da bela terra maranhense.

No próximo janeiro fará um ano que você e um grupo de jornalistas estiveram aqui em Brasília, e foi nesta oportunidade, que generosamente você colocou o seu blogue a minha disposição. Certo que negligenciei por algum tempo em não ocupar esse importante espaço. Passei os últimos seis meses fora da capital da Republica ralando na imprensa do sul.

No jornalismo aprendi ser nem Vasco e nem Flamengo, embora tenha lido alguns comentários de que estaria eu a serviço dos Sarney. Dou risadas. E porque não de Jackson? Mas faço as palavras do blogueiro Decio: “Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, Sem parentes importantes e vindo do interior”.( Belchior).


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