Em um feito inédito, na solenidade que terminou ontem, Anacleto Corrêa Lima foi o nono integrante de um clã de origem negra inscrito nos quadros da OAB/MA.

FOTO: PAULO CARUÁ

Com especialistas em diversas áreas, como tributário, previdenciário, criminal e civil, no exercício efetivo da advocacia maranhense tradição tem nome e sobrenome. Estamos falando do clã Corrêa Lima, iniciado em 1969 pelo patriarca Itamar Corrêa Lima, que tem como características pujantes o saber jurídico, a coragem e o caráter.

O pioneiro de uma família de origem negra a alçar tal feito, Dr. Itamar fez questão de prestigiar o evento que marcou o ingresso do nono descendente, no caso o neto – Anacleto Pereira Corrêa Lima – aos quadros da seccional maranhense.

Tendo como referência além do avô, a mãe, a jornalista e também advogada Itamargarethe Corrêa Lima, o jovem advogado participou no final da manhã desta quarta-feira(16) do termo de compromisso na sede da OAB/MA, no Calhau. À solenidade comandada pelo presidente Kaio Saraiva contou com cerca de 50 novos advogados e seus respectivos familiares.

“Aqui fechamos uma etapa e iniciamos outra. Mesmo sentindo a ausência física da minha vozinha, Zulmira Domingas Pereira Corrêa Lima, uma das milhares de vítimas que perdemos para COVID-19 em 2020, mas com a certeza dela zelar por mim de onde quer que esteja, divido essa vitória com meus familiares, com ênfase ao meu avô e minha mãe “, disse.

Aos 85 anos, dos quais 53 dedicados ao exercício da advocacia, sem esconder o sentimento de gratidão, o líder do patriarcado esteve ao lado da filha e do neto. “ Somos o interruptor da Democracia no País. Enquanto operadores do direito, é nossa à missão de barrar os excessos e arbítrios dos agentes públicos, independente da esfera de poder. Hoje, presenciar mais um neto abraçando com amor a carreira jurídica, além de gratidão, tenho a certeza que o caminho escolhido foi à opção mais acertada na minha vida”, asseverou Dr. Itamar.

ORIGEM DO PATRIARCADO:
Abandonado pela mãe aos seis meses de idade, o filho de Severo Corrêa Lima, motorista do Palácio dos Leões no governo de Sebastião Archer foi criado por 13 madrastas. A infância e adolescência conturbadas foram à combustão propulsora para alimentar a vontade de vencer que, somada a determinação de garantir aos descendentes um futuro diferente, feito alçado com primazia, fez com que o aluno do Liceu Maranhense tivesse a certeza que somente através da educação conquistaria um lugar de destaque em uma sociedade imperialista e escravocrata.

O resultado não poderia ser diferente. Em 1964, Itamar Corrêa Lima ingressou no ensino superior. O ex- presidente do Centro Acadêmico da antiga Faculdade de Direito, na Rua do Sol – é citado como exemplo pelos grandes profissionais que desbravaram e lutaram para fortalecer a profissão no Estado.

LEMBRANÇAS DA DITADURA –
Dono de um legado moral robusto, na trajetória pessoal, o ex-escrivão da Polícia Federal, ex- delegado da Polícia Civil, ex-conselheiro da seccional maranhense nas gestões dos colegas Raimundo Marques e Caldas Góis, que foi aprovado nos concursos de auditor do Ministério do Trabalho e Juiz estadual, mas por problemas familiares abriu mão de ambas às nomeações, tem uma passagem em especial que enche de orgulho filhos e netos.

“O saber jurídico, o caráter, a coragem e determinação são atributos inconfundíveis. Acompanhei a narrativa de muitos fatos, porém enquanto filha, dois me enchem de orgulho. Ambos os episódios tem haver com a Ditadura Militar, período difícil na história do Brasil. O primeiro em 1968, como presidente do Centro Acadêmico, ao ser apontado pelo polícia repressora como líder dos movimentos que eclodiram em todo o País, inclusive na capital maranhense, para protestar o assassinato do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, ocorrida dentro do restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, ele foi preso e retirado da sala de aula. O segundo, já na condição de delegado da Polícia Civil, a prisão de um professor da Universidade Federal do Maranhão e filho de um general carioca das Forças Armadas, na década de 70, auge do período ditatorial, que bêbado e dirigindo um troller pela Avenida Kennedy, ao ser abordado após uma colisão, chamou de macaco o então titular das Delegacias de Acidente de Trânsito e segundo distrito policial”, lembrou a jornalista Itamargarethe.

Ainda exercendo a advocacia apenas, na condição de consultor jurídico da prole, além de Itamargarethe e Anacleto, também são inscritos na seccional maranhense os filhos Itamary, Itamauro e Itamarcia e, ainda, os netos Italanna, Paulo Filho e Raissa, sem contar com outros dois filhos e um neto que são bacharéis e logo logo poderão seguir os passos dos demais Corrêa Lima.


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