Durante o evento, vice-presidente disse ‘não mover uma palha’ para assumir a presidência da República

POR THIAGO HERDY E STELLA BORGES*

O Globo 

SÃO PAULO — O vice-presidente, Michel Temer, disse nesta quinta-feira que é difícil a presidente Dilma resistir até o fim do mandato com popularidade baixa, durante palestra para empresários em São Paulo. Ao falar da presidente, o vice não usou o pronome “nós”, mas sempre “ela”.Temer disse ainda que “nada poderia fazer” se o índice de popularidade da presidente continuar baixo, mas afirmou “não mover uma palha” para assumir a Presidência da República no lugar de Dilma. Atualmente, a popularidade da presidente está em torno de 7%, segundo os últimos levantamentos. O vice também apostou que o governo Dilma vai até o fim e duvidou que ela renuncie, por ser uma mulher “guerreira”.

— Ninguém vai resistir três anos e meio com este índice baixo. Se a economia melhorar, acaba voltando em um índice razoável — afirmou, dizendo que é preciso “trabalhar para estabilizar relações” com a sociedade e a classe política:

— Mas se continuar com 7% e 8% de popularidade, de fato fica difícil, não dá para passar três anos e meio assim.

A organizadora do evento, a socialite paulista Rosangela Lyraentão questionou:

— Mas aí o que que faz?

— Aí eu não posso antecipar. O que que eu vou dizer, né? O que eu vou fazer? — respondeu Temer.

Aos empresários, Temer disse “não mover uma palha” para assumir a Presidência da República no lugar de Dilma, que tem enfrentado dificuldades para debelar a crise econômica e política no país.

O encontro foi convocado por Rosangela Lyraentão, integrante do movimento “Acorda, Brasil”, de oposição à Dilma.

Ao fim do evento, o vice-presidente foi provocado por uma pessoa da plateia, que perguntou qual era a atitude dele perante “a corrupção e a investigação da Operação Lava-Jato”, e se ele passaria para a história como “oportunista ou estadista”.

— Eu jamais seria oportunista, quero deixar muito claro isso. Em momento algum eu agi de maneira oportunista. Muitas vezes dizem, ‘ah, o Temer quer assumir a Presidência’, mas eu não movo uma palha. Por que daí sim eu seria oportunista — respondeu, irritado, o vice-presidente.

Durante o evento, Temer voltou a pregar a “unificação” do país e afirmar que “alguém precisava dizer que a crise é grave”, mencionando uma fala que foi interpretada negativamente por interlocutores de Dilma. Ele fez elogios ao PSDB e ao PT, mencionando o que considera “avanços” dos governos Fernando Henrique, como o fim do monopólio das telecomunicações, e também de Lula, como políticas habitacionais.

SITUAÇÃO DEVE MELHORAR EM 2016

No encontro, Michel Temer disse acreditar que, “com as medidas tomadas”, ele tem a impressão de que “as coisas começam a melhorar” em meados do ano que vem. Apostou que o governo Dilma vá até o fim e duvidou que ela renuncie, por ser uma mulher “guerreira”. Mas, caso o TSE decida pela cassação da chapa eleita, não discutirá a decisão, em respeito “às instituições”:

— Se o TSE cassar a chapa, acabou. Eu vou pra casa, feliz da vida, ela vai pra casa… não se vai feliz ou não, cada um tem a sua avaliação.

Sobre a polêmica da permanência de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda, o vice destacou que seu partido defende a permanência do ministro à frente da pasta:

— Para reunificar o país, a presença do Levy é muito importante — disse.

Temer também anunciou que na próxima terça-feira vai ser reunir os sete governadores do PMDB, em jantar com os presidentes da Câmara e do Senado, para “encontrar um caminho para a crise”.

Sobre o Orçamento de 2016, o vice-presidente defendeu a revisão de contratos e alterações em alíquotas de impostos para lidar com o rombo nas contas:

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— Se você enxugar contratos, por exemplo, você consegue fazer. Às vezes você tem um contrato de R$ 300 milhões, que na realidade às vezes pode ser realizado por R$ 220 milhões, você economiza — afirmou e, posteriormente, concluiu:

— Se ao final for preciso alguma oneração tributária, não é com a criação de novo tributo. Você pode pegar um e outro tributo existente e aumentar a alíquota temporariamente.

(*) estagiária, sob supervisão de Flávio Freire.


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