Ex-ministro do governo Collor teria intermediado desvio da BR Distribuidora.
Defesa de senador não comenta. Ex-ministro diz que já deu esclarecimento.

Vladimir Netto e Mariana Oliveira

Da TV Globo, em Brasília

Delatores afirmaram em depoimentos a investigadores da Operação Lava Jato que o senadorFernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu pessoalmente dinheiro vivo resultante do esquema de corrupção na Petrobras – a TV Globo teve acesso ao teor dos depoimentos.

Antes de o dinheiro chegar às mãos do ex-presidente da República, afirmaram esses delatores, a quantia teria circulado em um carro-forte de uma empresa de valores e em carros blindados.

Segundo esses depoimentos, Collor foi destinatário de propina referente a um acordo que envolveu a BR Distribuidora para beneficiar uma rede de postos a Aster, de propriedade do empresário Carlos Alberto Santiago, em cujo escritório a Polícia Federal apreendeu R$ 3,6 milhões nesta semana.

De acordo com os delatores, o principal articulador do acordo que teria resultado em propina para dirigentes da BR e para o próprio senador do PTB foi Pedro Paulo Leoni Ramos, ministro de Assuntos Estratégicos do governo Collor.

O advogado Rogério Marcolini, defensor de Collor disse que não teve acesso ao teor do que motivou as buscas e, por isso, não comentará as acusações. Ele também criticou a demora para ter acesso às investigações.

A assessoria do ex-ministro Leoni Ramos divulgou nota, cuja íntegra é a seguinte: “A assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni Ramos informa que ele já prestou todos os esclarecimentos às autoridades competentes, depoimento este que está sob sigilo, e reafirma a disposição dele para continuar colaborando com quaisquer outros questionamentos que forem necessários”.

As informações serviram de base para as buscas realizadas na última terça-feira (14) pela Polícia Federal em diversos estados e que envolveram políticos na Operação Politeia. Ao todo foramcumpridos 53 mandados de busca e apreensão que se referem a seis políticos investigados no Supremo Tribunal Federal.

Os dados repassados pelos delatores ainda estão sendo investigados na Lava Jato – o acordo firmado por eles prevê redução de pena em troca de narrar fatos que possam colaborar para investigações – há possibilidade de anulação em caso de mentira.

O doleiro Alberto Youssef narrou, no depoimento, que foi procurado por Pedro Paulo Leoni Ramos para lavar dinheiro desviado da BR Distribuidora e que participou do acordo milionário para que a rede Aster passasse a ter a bandeira da BR.

Além de comissão para diretores da BR – que também foram alvos de buscas nesta semana – houve, segundo o doleiro, pagamento de propina a Pedro Paulo e Collor. Ele relatou que uma parte da quantia foi entregue nas mãos do senador.

Entregador do doleiro, Rafael Ângulo disse que entregou dinheiro vivo a Collor no apartamento dele, em São Paulo – R$ 60 mil em notas de R$ 100. E que chegou a pagar faturas do cartão de crédito do ex-ministro de Collor. A mando de Youssef, o entregador contou que usou carro blindado para buscar dinheiro no posto de Carlos Alberto Santiago. O dinheiro chegou num carro-forte, contou Ângulo aos investigadores.

UTC
Em outro acordo de delação premiada, o empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, afirmou que pagou R$ 20 milhões em propina para fechar contratos na BR Distribuidora, empresa ligada à Petrobras que atua na distribuição de combustíveis.

Parte desse dinheiro, afirmou Pessoa, teria sido repassada a Collor por meio de Pedro Paulo Leoni Ramos. Além disso, diretores da BR também teriam sido beneficiados com desvios.

Pessoa afirmou que os valores foram pagos entre 2010 e 2012, e que Leoni Ramos procurou ele para oferecer um acordo – um pacote de obras em bases de distribuição em troca de uma comissão sobre o valor dos contratos.

O empresário fixou o valor em R$ 20 milhões e disse que só pagaria a quantia porque sabia que Collor estava por trás da negociação. Teria repassado quantias a Leoni Ramos em dinheiro vivo.

O dono da UTC relatou ainda aos investigadores que usava dinheiro de uma conta de caixa dois da empreiteira e que, para levantar os recursos, superfaturava contratos com outras empresas ou fazia contratos fictícios.


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