Fernando Sarney, que cuida dos negócios da família Sarney, resolveu quebrar o silêncio em que se trancou desde que a Polícia Federal o investiga e aos seus. Menos ruim, já que pela defesa pode-se ficar sabendo quem mente e quem diz a verdade. Por sinal, o artigo de Fernando Sarney publicado no jornal da família tem por título “A verdade”. Mais um motivo para que se ponham os pingos nos ii da mentira.

O primogênito dos Sarney esclarece que há três anos é investigado pela Polícia Federal. Não esclareceu que não só é investigado como já foi indiciado, juntamente com a mulher Teresa Murad Sarney e um punhado de colegas, por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. E agora a PF vai indiciá-lo por evasão de divisas (ele é suspeito de ter 1 milhão de dólares na China e 13 milhões de dólares na Suíça, dinheiro não declarado à Receita Federal).

O chefe do Sistema Mirante de Comunicações chama a investigação da PF de “injustificada violência contra a privacidade”. Prova de que a família Sarney não toma jeito e insiste em confundir o público com o privado. Pelo prisma de Fernando Sarney o trabalho da Policia Federal se resume a bisbilhotar a vida pessoal de indivíduos, resumindo a instituição a uma espécie de lavadeira mexeriqueira aparelhada com a mais alta tecnologia. Longe disso, ele sabe.

Fernando Sarney volta à velha ladainha de que a investigação transcorre em segredo de Justiça, “mas esse segredo é desrespeitado com vazamento criminoso na imprensa”. Opa, há aí no mínimo vontade de confundir a opinião pública. O segredo de Justiça, como Fernando o entende, seria para proteger o investigado. O que não é verdade. O segredo de Justiça é para proteger a investigação. Ao divulgar uma informação que foi vazada, a imprensa não comete crime algum. Cabe a PF investigar quem vazou e à Justiça punir nos termos da lei, se for o caso. E Fernando Sarney se diz empresário de comunicação.

Para justificar a riqueza que amealhou nos quarenta anos de mando do pai José no Maranhão, Fernando puxa da gaveta o faturamento de 80 milhões de reais, em 2009, das empresas da família. Sobre de onde veio esse faturamento, nenhuma palavra. Esclareça-se, então: 99% do faturamento das empresas da família Sarney vem do poder público, estadual e federal. A máquina privada de comunicação dos Sarney para uso exclusivo contra adversários políticos é azeitada pelo dinheiro público.

“Sou responsável pelos meus atos. É, portanto, uma leviandade tentar envolver nesses episódios minha família, especialmente meu pai”. Eis a cantilena de Fernando Sarney. Mas quem no Brasil envolveu a família de Fernando Sarney nos negócios obscuros investigados pela polícia? Fernando Sarney. Ou ele vai querer dizer agora que foi a imprensa, a polícia e a Justiça que puseram a mulher Teresa e a filha nos negócios nebulosos documentados pela PF?

Mas Fernando Sarney acha um espaço no artigo para ser humilde. Diz ele: “Cometi equívocos nesse episódio. O principal deles, a iniciativa dos meus advogados contra o jornal O Estado de S. Paulo”. Como se vê, nem quando quer passar por humilde Fernando Sarney consegue êxito. O único equívoco (puxa!) dele não é dele, mas dos seus advogados.

Só que não se trata de um equívoco. Fernando Sarney deveria comprar o dicionário Aurélio Buarque, ele tem mais de 13 motivos para não alegar falta de dinheiro.

Não se trata de um equívoco. Trata-se de uma bem urdida operação para impor a censura prévia ao jornal O Estado de S. Paulo e, assim, evitar que as entranhas do Esquema Sarney ficasse à mostra.

Primeiro, Fernando Sarney tentou na Justiça proibir a publicação dos escândalos no citado jornal. Não obteve êxito. Foi, então, que se lembrou do desembargador Dácio Vieira, do Superior Tribunal de Justiça. Dácio haveria de dar um jeito, afinal, fora ao cargo pelas mãos amigas do pai José (e Fernando considera uma leviandade envolver a família, especialmente o pai). Como esperado, obteve, finalmente, êxito. Instalou-se a censura prévia ao jornal O Estado de S. Paulo.

Por fim, o primogênito de José diz que não quer “discutir” a sua vida privada na imprensa. Bom, isso é possível, desde que ele, Fernando Sarney, não ponha a mão nos negócios públicos. Quem anda em busca de pote de dinheiro público sempre acaba com a vida privada na imprensa.

Pronto, estão postos os pingos nos ii da mentira da “verdade” de Fernando Sarney.


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