O Titanic, a fascinação macabra e a nova tragédia
Por Dr Alex Borralho, advogado
Era 15 de abril de 1912, quando o RMS (Royal Mail Steamer/ Vapor ou Navio do Correio Real) Titanic (navio britânico operado pela White Star Line) bateu em um iceberg na rota entre Southampton (Grã-Bretanha) e Nova York (Estados Unidos). A viagem tinha escalas na França e na Irlanda e o impacto da batida afundou o luxuoso transatlântico três horas depois, causando a morte de 1.517 pessoas. Os destroços do navio foram encontrados em 1985.
Esse desastre marítimo sempre cativou e atrai grande interesse das pessoas. É o fascínio macabro que invade e seduz a imaginação e que serve para maquiar o fato de que catástrofes deixam marcas profundas que atravessam gerações.
Era 18 de junho de 2023, quando o Titan, um submarino da operadora de turismo OceanGate desapareceu com 5 pessoas a bordo. Sem escalas e com o intuito de proporcionar uma experiência particular do mencionado naufrágio, o referido submersível fazia uma expedição que tinha como destino os destroços do Titanic e a morte, com todos os dramas da tragédia do dia 15.04.1912, como o terror e a iminência da morte sentida de forma ampla. Agora são 1522 vítimas do transatlântico!
Com sonhos e devaneios, que também foram extremamente potencializados por James Cameron e pela magia do cinema, o Titanic continuará a fazer vítimas sob as mais variadas formas, sendo sombra do passado que deslumbra e que causa pesadelos.
Uma amostra da vertente de sentimentos e de imaginação foi dada por Elizabeth Gladys Millvina Dean, que foi a última sobrevivente do Titanic, ao expressar que “Não viva a vida com medo do que vai acontecer amanhã, pois desta maneira você só conseguirá viver assustado. Planos há longo prazo são inúteis e servem apenas para trabalhar e trabalhar e nunca aproveitar o que foi alcançado. Tenha 25 ou 55 anos, o melhor que se tem a fazer é ir, viver de acordo com os acontecimentos, um dia após o outro, já que nunca se sabe quando será o último. As coisas nem sempre são como a história diz, mas a verdade sempre vem à tona e será reveladora para mudar o que já foi escrito sobre o Titanic”.
É preciso compreender que o Titanic ainda navega e sempre navegará entre nós e que essa viagem nunca acabará, sendo, ainda, muito lucrativa. O que repousa no leito subaquático é o resultado da noite fatídica (nada mais). O nosso imaginário continua dentro do navio, frequentando restaurantes, bibliotecas e salas de leitura, salão de jogos, barbearias, piscinas no convés e reservadas (as destinadas à primeira classe eram aquecidas), ginásio e elevadores (04).
Mesmo nos dias atuais, é preciso ser sensato para reconhecer que nunca existiu um navio que supere a grandeza do Titanic, consagrado pela eternidade, conhecido por todos e que impulsiona literatura, teatro, cinema e muitos sonhos.
Os cinco ocupantes do Titan procuraram as águas gélidas do Atlântico Norte, porque não sabiam conduzir as suas vidas à margem das lembranças daquela trágica noite, preferindo a escuridão do fundo do oceano e a extraordinária variedade de histórias que cerca o Titanic e acreditando que “nem Deus afunda”. A morte também os alcançou! A diferença é que no Titan não tinham botes salva-vidas, nem banda tocando e muito menos charuto e conhaque. Alguém tem dúvida de que vai virar filme?
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