Por Carlos Nina*

Mantido pela Fundação Antônio Jorge Dino, o Hospital Aldenora Bello cedo tornou-se uma referência, além de única opção em oncologia no Maranhão e na Região. Criado nos anos 60, 25 anos depois sua demanda havia crescido. O presidente José Sarney, atento à necessidade do Hospital, propiciou-lhe a ampliação que inaugurou em 1989. Decorridos mais trinta anos, o Hospital faz, atualmente, entre 750 a 900 atendimentos/dia, aproximadamente 500 cirurgias/mês e, anualmente, 36.000 quimioterapias e radioterapias.

Como instituição filantrópica, o Hospital obriga-se a atender a um percentual de pacientes pelo SUS. A direção da FAJD, porém, prioriza a população carente e atende muito mais do que o limite mínimo. Opção essa que gera um déficit mensal porque os preços pagos pelo SUS apresentam quatro agravantes: 1) não cobrem os custos reais dos procedimentos; 2) sofrem com a burocracia atraso de no mínimo mês e meio; 3) o Estado e o Município não acrescentam, como deveriam, suas respectivas contrapartidas; 4) o SUS não paga por atendimentos feitos além do máximo estabelecido pelo Poder Público.

Como a doença não respeita os limites governamentais, a FAJD, graças à contribuição de doadores e emendas parlamentares, continuou a fazer a sua parte, assumindo riscos que podem sufocá-la, porque confiou em autoridades que não cumpriram suas próprias promessas nem seu dever constitucional. Para agravar o quadro, demagogos cuja ajuda só existe em fotos para a mídia e redes sociais, criam expectativas que confundem a opinião pública, enquanto os pacientes sofrem com a progressão da doença, assistindo impotentes ao descaso a que são relegados.

Para manter atendimentos além dos percentuais estabelecidos pelo Poder Público e oferecer serviços cujos custos a FAJD não tem meios de arcar, governantes a têm convencido a fazê-los, prometendo convênios que não firmam ou demoram a ser firmados, depois pagos com atraso ou sequer pagos totalmente. Enquanto isso, o Hospital atende além de sua capacidade financeira, enfrentando, dia a dia, a angústia de socorrer a todos que o procuram, correndo o risco de paralisar tudo, ou reduzir-se ao mínimo a que está obrigado, encerrando, de vez, o atendimento excedente. É um dilema entre a vida e a morte dos que procuram o Hospital. Entre o desespero dos enfermos e a esperança de sua cura.

A obrigação é estatal. Mas o Aldenora Bello, há mais de 55 anos, superando todas as dificuldades que enfrentou, tem prestado incalculáveis serviços a milhares de portadores de câncer. Por isso foi louvável a criação do Fundo de Combate ao Câncer, da iniciativa do Deputado Eduardo Braide. Mas é fundamental que esses recursos sejam aplicados efetivamente nessa finalidade, de forma otimizada, sem desvios ou desperdícios, assegurando atendimento ao maior número possível de pacientes.

Afinal, há no Hospital uma fila de 1.200 pessoas esperando o tratamento radioterápico. Se o Poder Público fizesse o dever de casa, essa fila não existiria. A FAJD está trabalhando para isso. Conta com o apoio da população, seus parceiros e doadores. E os enfermos esperam que o Poder Público faça a sua parte.

*Advogado e jornalista.
E-mail: [email protected]

Carlos Nina
(98) 9 8899 8381


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