Maldade Suprema
Por Carlos Nina*
Nunca imaginei que a degradação moral no País chegasse aos níveis em que se encontra. Muito menos que fosse possível desviar-se o foco de combate à corrupção, apontando-se para declarações de quem teve a coragem de liderar essa luta insana, como se frases, apropriadas ou não, pudessem ser comparadas ao rombo bilionário e criminoso que os diversionistas cometeram.
Mas está acontecendo, porque a organização criminosa que se instalou no Poder nas últimas décadas minou todas as instituições. Se é que a ela suas cúpulas não se associaram por interesses convergentes.
Incrustados no universo acadêmico, na mídia, nos meios culturais e em corporações, os agentes da contaminação apresentavam-se como ídolos e lideranças. Admirados e respeitados, tiveram exposta a podridão que escondiam, agora confirmada pela reação cínica e inegável de quem não só foi conivente com a corrupção, mas dela beneficiário. Aplaudidos e defendidos por incautos aos quais continuam a enganar e iludir.
No Parlamento, que já se viu legislar para atender interesses pessoais, agora atuam desbragada, conjunta e deliberadamente para prejudicar o País, impedindo a aprovação de medidas necessárias para o resgatar do abismo em que foi jogado.
No STF, que deveria representar a esperança, consolida-se a característica mais marcante que Mário de Andrade atribuiu a Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.
Alguns ministros cuja atuação tem sido a escancarada e desrespeitosa defesa da impunidade, querem, agora, jogar no lixo todo o trabalho sério que foi feito pela Lava Jato. Não só por ela, mas por inúmeras outras ações do Ministério Público federal e estadual. Para beneficiar comparsas, pretendem pôr em liberdade milhares de condenados, com direito a serem indenizados pelo Poder Público. Ou seja: vão receber de volta o dinheiro apreendido, que roubaram, e ainda vão ser indenizados por isso. Nunca se viu tamanha maldade com as pessoas decentes da Nação!
O argumento é de que os réus delatores deveriam apresentar suas defesas antes dos delatados, como se a legislação privilegiasse algum réu no mesmo processo. Os acusados defendem-se da denúncia, que já contempla a delação. Não se defendem da delação e, portanto, têm, inclusive os delatores, os mesmos direitos quanto aos prazos e ordem para apresentar suas defesas. Do contrário, um delator também teria seu direito ferido se o delatado, ao apresentar sua defesa, posteriormente, delatasse o delator.
Ou seja, o STF está afrontando a inteligência coletiva. Caso leve adiante esse entendimento absurdo, deverão ser anulados, também, todos os processos em que um réu, ouvido antes de outro, tenha sido por este delatado.
Pena que a Ordem dos Advogados do Brasil foi transformada em escritório privado dos interesses de seu presidente, pois a ela, por força do art. 44, inciso I, da Lei 8.906/94, caberia reagir. Tem preferido atender aos interesses da elite que defende os corruptos, em detrimento do respeito que deve a toda a categoria que deveria representar e que, por falta de autoridade moral, já não tem legitimidade para isso.
Confia-se em que o Ministério Público continue a cumprir o seu dever e haja maioria decente no Supremo.
*Advogado. E-mail: [email protected]
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Sem noção, suposto combate a corrupção não justifica a quebra de garantias constitucionais, conluio entre acusador e Juiz para fabricar provas e conduzir o processo, intimidando a defesa, vazando informações sigilosas, buscando meios ilícitos para condenar a qualquer custo, obrigando condenados a mudar de depoimentos para acusar terceiros em troca de liberdade e, como se viu, recebendo alto cachê de supostas palestras para empresas que foram blindadas nas investigações. Se tudo isso não for o bastante para se reprovar tal conduta, tão corrupta quanto as condutas pelas quais acusam os réus, então eu não sei mais o que é. Hoje foi com Lula, mas se a moda pega, amanhã pode ser com qualquer um, perseguição implacável usando instrumentos do Estado, sem provas e estuprando o direito de defesa para uns e omissão, conivência e impunidade para outros cujas provas dos crimes existem, foram reveladas contas e extratos no exterior e os crimes prescrevem porque nada foi feito. Isso é Justiça? Isso é politicagem togada. Vergonhoso defender isso.
DR. Carlos Nina, suas palavras são a pura verdade do que está acontecendo no Brasil, só não olha e percebe quem não quer, ou quem faz parte da quadrilha. Coitada das pessoas que acreditam nesses corruptos.
Não tem santo, todos os lados são corruptos, ou tentar de toda maneira proteger o parente acusado de rachadinha é legal.