Na premiação do Concurso Anual de Textos do GLRP, houve palestra e elogios às organizações

Os concursos de textos sempre tiveram um papel fundamental na revelação de talentos brasileiros. Na década de 1930, o poeta alagoano Lêdo Ivo, morto em 2012, recebeu o primeiro impulso para a sua carreira ao vencer uma disputa de contos da “Revista Carioca”, aos 14 anos.

Anos mais tarde, Fernando Sabino e Clarice Lispector, ainda jovens e desconhecidos, pela primeira vez seriam reconhecidos pela mesma publicação. E embora a ascensão dos livros digitais e o surgimento das ferramentas de autopublicação, no século XXI, tenham derrubado a última barreira que impedia um estreante de publicar sua obra, o reconhecimento garantido por um concurso ainda é um prêmio cobiçado.

Pensando em estimular a produção de textos por maranhenses que, talvez, nem sejam habituados a escrever ou que não cobiçam fazer carreira como escritores, mas que se desafiam neste mundo, quando uma oportunidade é oferecida a produzirem trabalhos, conforme temas, o Grêmio Lítero Recreativo Português (GLRP) criou o “Concurso Anual de Textos” (CAT), que chegou à sua terceira edição na noite da última quarta-feira (4).

Nessa data, o Lítero anunciou os resultados da premiação 2019. Mas, também, celebrou a presença de personalidades do Maranhão, que contribuíram e ainda contribuem para a história das Forças Armadas, neste país, e neste estado. O tema deste ano foi “A importância das Forças Armadas para a Democracia”. O evento foi realizado no auditório do antigo prédio da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), localizado na Rua do Sol, centro de São Luís.

Mais que um atestado irrefutável de boa qualidade, o Concurso Anual de Textos do GLRP deve ser encarado principalmente como um estímulo, uma ferramenta importante para orientar os iniciantes no caminho da escrita. Esta foi uma das principais observações do presidente do Lítero, o advogado Carlos Nina. Ele informou que 26 pessoas se inscreveram no concurso deste ano, porém, 14 textos foram excluídos pelo GLRP, por não terem atendido regras elementares da apresentação. “Os outros 12 trabalhos, que atendiam aos critérios estabelecidos no regulamento do concurso, foram entregues à comissão avaliadora” complementou Carlos Nina.

Os vencedores desta terceira edição foram a bacharel em Direito Gabriela Serra Pinto de Alencar, como a primeira finalista, ficando com o prêmio maior de R$ 3 mil; o engenheiro e delegado de Polícia aposentado Célio Gitaly Vaz Sardinha, em segundo, com R$ 2 mil; e o analista do Ministério Público Federal, o bacharel em Direito Marco Antônio Soares Dominici, em terceiro, tendo direito ao cheque de R$ 1 mil.

Marco Antônio, que ficou em terceiro lugar, mas na quarta-feira estava viajando e não pode comparecer à premiação, foi representado pelo seu irmão Márcio Antônio Soares Dominici. “Estou feliz pelo meu irmão, foi a primeira vez que ele se candidatou a um concurso do Lítero, e o tema deste ano foi muito bom”, disse Márcio Dominici.

Gabriela Serra Pinto de Alencar garantiu que este foi o primeiro ano que tomou conhecimento do concurso, e não perdeu a oportunidade de se inscrever. “Fiquei sabendo por um amigo meu que já tinha participado de uma das edições anteriores. Sobre o tema, considerei o assunto difícil de se falar, devido as conjunturas políticas atuais que estamos vivendo. Porém, acredito que escrever sobre democracia é muito necessário, e as Forças Armadas assumem um trabalho solidário e humanitário importante, como a ajuda oferecida para combater as queimadas na Amazônia, no mês passado. Fiz um texto de acordo com os critérios estabelecidos, e deu tudo certo”, disse a primeira colocada no Concurso Anual de Textos do GLRP, edição 2019.

Já o segundo finalista, Célio Sardinha, fez questão de lembrar que o pai dele fez parte da primeira turma (Turma Ruy Barbosa) de Direito, instalada no prédio da Faculdade de Direito. “Meu pai faleceu há quatro meses, mas entrar neste imóvel e não lembrá-lo é impossível. Estou muito feliz por participar da cerimônia de premiação que, inclusive, é realizada nesta Semana da Pátria”, declarou Sardinha.

 COMPUSERAM A MESA DE SOLENIDADE

No evento, compuseram a mesa de solenidade o Sr. José Batista da Luz, representando o advogado José Maria Alves da Silva, presidente Conselho Deliberativo do Lítero; e os membros da Comissão Julgadora do Concurso Anual de Textos GLRP 2019: o professor de Direito Alberto Tavares, que é presidente da Comissão, o tenente-coronel Luciano Freitas e Sousa Filho, que é comandante do 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), o capitão de Mar e Guerra Márcio Ramalho Dutra e Mello, que é o capitão dos Portos do Maranhão, e Najla Buhatem Maluf,  que é presidente da Comissão de Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Maranhão. A mesa teve como anfitrião o coordenador do curso de Mestrado em Direito da Ufma, o professor Roberto Veloso, que também integrou a Comissão Julgadora do CAT GRLP 2019.

Apesar de não terem comparecido, devido, na quarta-feira, não estarem em São Luís, o coronel Marco Antônio Carnevale Coelho, diretor do Centro de Lançamento de Alcântara, e o desembargador Fernando Carioni, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina – os dois fizeram parte da Comissão Julgadora do Concurso Anual de Textos -, foram citados na cerimônia, pelas suas devidas colaborações, e representados respectivamente pela Tenente Coronel Dentista Enor Sauaia Loureiro e a advogada Najla Maluf.

O tenente-coronel Luciano Freitas disse ter ficado honrado com o convite para contribuir na análise dos textos dos candidatos ao concurso. “A Importância das Forças Armadas para a Democracia é um tema pertinente, devido ao momento que o Brasil vive. Temos um presidente atual que já foi militar, logo as Forças Armadas entraram em evidência. Todos aqueles trabalhos que chegaram à Comissão tinham textos muito bons, e, coincidentemente, a maior nota que eu atribuí foi para a redação que ficou em primeiro lugar entre os finalistas. Também estou honrado com o convite do Lítero para que eu fizesse parte deste evento”, disse o comandante do 24º BIS.

“Basta ver a missão constitucional que é reservada às Forças Armadas, para se verificar a magna importância que elas têm no contexto da vida da nossa Pátria. Se nós temos democracia é graças às Forças Armadas. Quanto ao concurso, os participantes não fugiram da temática colocada pelo GLRP, e primaram pelo uso das formas corretas do nosso português”, declarou Alberto Tavares.

“Todo o processo do concurso foi excelente. Nós da Comissão Julgadora recebemos 12 textos para corrigirmos, entre junho e junho. O Carlos Nina esteve sempre à frente, na realização de todo o processo do concurso, e nos auxiliou sempre que ele foi solicitado. Durante o período de avaliação dos trabalhos, nós da comissão não nos reunimos para discuti-los, devido nossas rotinas de trabalho, sendo que eu mesma estava neste período em Barra Grande, no Piauí. Mas mesmo assim foi unânime as maiores notas terem sido atribuídas ao texto da Gabriela”, frisou Najla Buhatem Maluf, presidente da Comissão de Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro da OAB – MA.

PALESTRA

Além dos 12 finalistas, seus familiares e colegas, e dos que integraram a Comissão Julgadora, quem compareceu na antiga Faculdade de Direito da Ufma, ouviu boas histórias contadas pelo coordenador do Mestrado de Direito da Universidade, Roberto Veloso, durante sua palestra sobre A Importância das Forças Armadas para a Democracia.

Roberto Veloso disse que a importância das forças armadas para a democracia está na defesa dos poderes constituídos. “Toda vez que a Constituição está ameaçada, por alguma interferência interna ou externa, as forças armadas servem para garantir o normal funcionamento das instituições”, disse o palestrante.

Uma das boas histórias contadas por Roberto Veloso foi o papel das Forças Armadas no episódio do ex-presidente Tancredo de Almeida Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral no dia 15 de janeiro de 1985, e sua posse estava marcada para o dia 15 de março, do mesmo ano. Mas às vésperas dela, Tancredo foi internado com febre e suspeita de apendicite aguda, tendo sido operado à beira de uma septicemia (infecção generalizada). O presidente foi submetido a um procedimento cirúrgico, mas não sobreviveu.

“À época, houve uma grande discussão de quem deveria assumir o cargo de presidente do Brasil. E quem disse que deveria ser o vice-presidente José Sarney foi o então o ministro nomeado do Exército Leônidas Pires Gonçalves. Este é um exemplo de que o Exército defendeu a Constituição, logo, a Democracia. Pois, se o Exército tivesse tomado outra posição, nós não teríamos tido a normalidade democrática”, disse Roberto Veloso.

A primeira Constituição Brasileira foi outorgada por Dom Pedro I em 1824 e durou 65 anos. Este foi outro fato histórico citado por Veloso, ao lembrar que à época o Poder Executivo entregou à Força Armada de Mar e Terra a responsabilidade pela segurança e defesa do Império. “Se queres enfraquecer uma nação, enfraqueça as forças armadas”, frisou Roberto Veloso.

Para o palestrante, que ainda citou fatos históricos como a Batalha de Guararapes, de Guaxenduba, e a Guerra do Paraguai – no momento em falava da criação do Exército Brasileiro –, as Forças Armadas sempre desempenharam importante papel na evolução histórica do Brasil, por exemplo, os batalhões de engenharia, os batalhões ferroviários, rodoviários, o Serviço de Proteção aos Índios do marechal Rondon, e o Correio Aéreo Nacional.

Na área tecnológica, é importante lembrar o papel da antiga Escola Técnica do Exército e a contribuição do Instituto Tecnológico da Aeronáutica na consolidação da tecnologia de informática. “É fundamental estabelecer uma concepção democrática de defesa do Estado e nela o papel das Forças Armadas”, concluiu Veloso.

EDIÇÕES ANTERIORES

O primeiro ano do Concurso Anual de Textos do GLRP foi 2017. A premiação aconteceu na sede do Lítero, em frente à Praça João Lisboa, no dia 2 de agosto. O tema do concurso foi sobre a importância da lei de arbitragem.

A Comissão Julgadora foi composta por seis avaliadores, dos quais dois, por motivos justificados, não concluíram suas avaliações, sendo, por decisão da Diretoria do Lítero, desconsiderados, sem substituição. Já os premiados na edição 2017 foram: Hialey Carvalho Aranha, em primeiro lugar;  Winícius Faray da Silva, em segundo; Laís Mesquita de Macedo, em terceiro.

Ano passado, quando foi realizada a segunda edição do evento, com o tema “Recortes Históricos da Contribuição do Lítero à Cultura”, as irmãs Ada e Lara Mesquita conquistaram os dois primeiros lugares, cuja soma dos prêmios foi de R$ 5 mil. A solenidade ocorreu no dia 6 de agosto de 2018, no salão do Lítero, quando na ocasião também foi comemorado o aniversário de 87 anos do Clube. A Comissão Julgadora foi composta pelos sócios Carlos Ramos Amorim Júnior, João Francisco Batalha e José Maria Alves da Silva.

CHANCES PARA NOVOS TALENTOS

No encerramento do prêmio do Concurso Anual de Textos do Grêmio Lítero Recreativo Português, o presidente do Clube Carlos Nina anunciou a quarta edição, que se refere ao ano de 2020. “Estamos antecipando para dar mais tempo às pessoas se prepararem e concorrerem. Os prêmios serão os mesmos, valores de R$ 3mil, R$ 2mil e R$ 1 mil”, informou Carlos Nina. Assim como nas edições já realizadas, os textos deverão ser inéditos, escritos em português, de autoria exclusiva dos participantes.

O presidente do GLRP disse que este ano foi o campeão de inscrições, em relação às edições de 2018 e 2017. “Considerando que o tema das Forças Armadas despertou enorme interesse de participação e considerando que em 2020 o Exército Brasileiro comemorará o sesquicentenário de sua instalação em São Luís, resolvemos nos associar a essas comemorações, escolhendo como tema exatamente isso: “Sesquicentenário do Exército Brasileiro em São Luís: Evolução histórica, tecnológica e atuação social.”

O regulamento do Concurso Anual de Textos do GLRP de 2020 estará disponível no site do Lítero a partir da próxima semana. Os trabalhos deverão ser entregues até maio de 2020.


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