Cálculos apressados e talvez interesseiros forem entregues à governadora Roseana Sarney para serem repassados ao presidente Lula sobre os prejuízos causados pela última enchente no Maranhão. Com isso, o Governo do Estado teria como pleitear R$ 300 milhões do Governo Federal para ajudar os flagelados. Teve afoito que pretendia R$ 1 bilhão.
Lula mandou empenhar apenas R$ 50 milhões. Fonte do governo federal informou ao Jornal a Tarde que a Defesa Civil Nacional constatou que das 132 cidades apontadas como vítimas, somente 98 estão foram atingida e exigem imediata recuperação. Algumas das elencadas fica em terreno elevado e sequer passa rio por perto.
Os números de pessoas afetadas pelas enchentes, segundo dados repassados à governadora e ao presidente Lula, foram da ordem de 502.635. Esses números não são reais. Perto de 420 mil pessoas foram vítimas das inundações. Pelos dados do Corpo de Bombeiros, o número de desalojados e desabrigados em todo o Maranhão foi de 168.669.
Há muito reinam nos estados nordestinos as indústrias da seca e das enchentes. Em outras épocas, prefeitos e governadores alarmavam dados para receber recursos do governo federal, sem nenhum controle ou fiscalização.
Setores do governo comemoraram a distribuição de cestas básicas na região do Baixo Parnaíba, onde foram atingidas pelas enchentes 1.200 famílias. Foram distribuídas 600 cestas, ou seja: meia cesta para cada família, mas os números oficiais apontam o repasse de mais de 2 mil cestas para o local.
Além de tudo isso, as vítimas das enchentes não deram sorte. Até 600 colchões que seriam distribuídos para os desalojados acabaram servindo de cama para os balaios que se concentraram na porta do Palácio dos Leões para protestar contra a cassação do mandato do governador Jackson Lago.
Em publicação carrísima, feita de papel couchê, impressa na gráfica Minerva, estão sendo distribuídos, entre os órgãos estaduais, milhares de exemplares do “Reconstruir”, produzido pela AMG Publicidade, mas paga pela Secom, que dispõe de jornalistas, revisores e fotógrafos para tal. O “Reconstruir” aborda as inundações e destaca as ações do governo, com os mesmos números alterados.
Lula chegou a visitar com a governadora Roseana Sarney os municípios de Alto Alegre do Maranhão, Bacabal, Pedreiras e Trizidela do Vale, que estiveram praticamente submersos.
O governo do estado adquiriu e distribuiu 400 toneladas de sementes de feijão para os lavradores das áreas atingidas, mas diversos sacos das sementes caíram em localidades e mãos erradas.
Na Assembléia Legislativa três deputados denunciaram que cestas básicas acabaram sendo distribuídas em cidades que não foram atingidas pelas enchentes.