​​​​​Por  Aziz Santos
Nos primeiros dias de governo, dr. Jackson tomou uma decisão histórica: a de transferir os recursos públicos do Bradesco para o Banco do Brasil.

Foto: Reprodução

A Diretoria do Bradesco, inconformada, pediu audiência com o Governador, da qual participei, a convite.
Depois de ouvi-los, disse-lhes o Governador que a sua decisão, além de respeitar a Constituição da República, depositando em banco público as finanças estaduais, atendia à imensa maioria dos servidores que disseram sim à mudança (86% deles), em pesquisa exibida aos diretores daquela instituição.
O fato obteve repercussão tão intensa junto ao funcionalismo e à sociedade em geral que o governo usurpador da Roseana Sarney não teve coragem de voltar atrás, e pôr, de novo, os recursos públicos em banco privado.
Logo depois o Governador foi convidado pela então Ministra da Casa Civil, à época, Dilma Rousseff, em nome do presidente da República, para devolver ao Bradesco os depósitos públicos. Resposta do Governador à Ministra: diga ao senhor Presidente que eu fui eleito para defender os direitos do povo do Maranhão. A partir daí, nenhum recurso federal, a não ser os constitucionais, aportaram ao Tesouro Estadual, nem mesmo os que já haviam sido contratados, como os do Projeto Rio Anil.
Para alguns analistas, a decisão corajosa do Governador de transferir os recursos públicos para o BB assegurou o financiamento material de sua cassação (estupro judicial) junto às altas rodas de Brasília. Segundo eles, muito cedo o governo popular do dr. Jackson Lago confrontou-se com enormes interesses empresariais em jogo. Bradesco, acionista da Vale, que também tinha sido contrariada pelo Governador na sua pretensão de implantar uma siderúrgica na Ilha de São Luís. Acionista algum de uma casa de crédito privada aceitaria ficar sem um depósito médio de 1 bilhão de reais de uma hora para outra. Teria isto algum sentido?​
A reivenção do Maranhão
Na verdade, o Governo Jackson Lago buscava reinventar o Maranhão. Assim, o planejamento público materializado em cada ação governamental foi uma construção coletiva, a muitas mãos e ideais: da sociedade, das lideranças políticas, dos movimentos sociais, das organizações não-governamentais, das universidades, do empresariado, em um grande pacto por um Maranhão Democrático e Solidário, com foco no desenvolvimento local.
Do suor desse trabalho democrático e democratizante resultaram a atração de projetos estruturantes; a regionalização com os Conselhos Populares de Desenvolvimento Regional de cunho municipalista; a cooperação internacional; a educação pública de qualidade; a política de segurança cidadã; a política descentralizada de saúde; a dimensão estratégica da política de assistência social e segurança alimentar e nutricional, na perspectiva de superação dos altos índices de pobreza, exclusão e fome da população; a política cultural descentralizada e batizada com o conceito de maranhensidade em favor do reforço da identidade cultural dos maranhenses; um caminho inovador de política industrial, priorizando a produção de bens populares; a refundação do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos-IMESC; a descentralização das licitações públicas e o combate à pobreza pelo viés da geração de riquezas alicerçada no princípio da subsidariedade, para elencar apenas alguns tópicos.

Jackson – o humanista.
Certa vez cometi um erro grosseiro com a sua liderança. Empolgado com o que fazia, revelei a um jornalista, em caráter sigiloso, algo de nossas confidências de governo. O jornalista, sob o argumento de que era seu dever profissional tonar pública a informação, assim o fez. Doutor Jackson reuniu a equipe para saber como a informação tinha vazado. Fiquei calado durante toda a reunião. Mais tarde, fui à sua casa para dizer-lhe que tinha sido eu o informante e, claro, entreguei a ele o cargo que exercia. Ele me disse algo mais ou menos assim: somos humanos, todos podemos errar.
Sua voz mansa e tranquila nunca precisou elevar-se para repreender. Elogiava em público e corrigia-nos pelo exemplo. Liderava não para criar medo, mas iluminava o caminho para que o seguíssemos, se quiséssemos. Sabia, como Guimarães Rosa que o “lindo do ser humano é que ele nunca está pronto”, por isso relevava as nossas falhas complacentemente. Formava equipe com maestria, também porque intuía que se fosse muito rápido iria sozinho, mas, como desejava ir longe, permitia que caminhássemos juntos.


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