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Mauro Pimentel/Folhapress
Ex-procurador da República Marcello Miller, que foi convocado pela CPI da JBS
Ex-procurador da República Marcello Miller, que foi convocado pela CPI da JBS

TALITA FERNANDES
DE BRASÍLIA

Em sessão esvaziada, a CPI da JBS aprovou nesta quinta-feira (21) a convocação de dois ex-auxiliares do ex-chefe do Ministério Público Rodrigo Janot, Marcello Miller e Ângelo Villela Goulart.

Por se tratar de convocação, o comparecimento deles é obrigatório.

Miller é suspeito de ter orientado a delação da JBSenquanto ainda era procurador. Ele deixou o Ministério Público Federal em abril deste ano para atuar em um escritório de advocacia.

Já Villela, que foi preso em maio na Operação Patmos, é acusado de ter recebido R$ 50 mil para dar informações sigilosas de investigações ao grupo JBS.

Villela deve ser o primeiro a ser ouvido pela comissão. A expectativa é de que seu depoimento seja marcado para a próxima terça-feira (26).

O procurador disse em entrevista à Folha que Janot “tinha pressa” para denunciar o presidente Michel Temer para barrar a indicação de Raquel Dodge para a PGR (Procuradoria-Geral da República).

CONVITE

A CPI aprovou ainda um convite para ouvir Janot e seu braço-direito, o procurador Eduardo Pelella. No caso deles o comparecimento à comissão é opcional. Ainda não há data marcada para que eles sejam ouvidos.

Os requerimentos foram aprovados sob a justificativa de que os depoimentos servirão para esclarecer o acordo firmado pelo Ministério Público com executivos da JBS.

advogado Willer Tomaz, que foi preso na Operação Patmos, também deverá prestar esclarecimentos à CPI. Ele é acusado de pagar propina a Villela para repassar informação privilegiada a Joesley Batista sobre as investigações que envolviam a JBS.

Os depoimentos de Villela e Tomaz já estão previstos para a próxima semana.

Na lista de convocações estão ainda executivos da JBS, incluindo os seus donos, Joesley e Wesley Batista. Serão ouvidos os delatores Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva, e os executivos Valdir Aparecido Boni, Florisvaldo Caetano de Oliveira, Fábio Chilo e Demilton Antônio de Castro.

Instalada no começo deste mês, a CPI tem como um de seus objetivos apurar possíveis irregularidades ligadas ao acordo de colaboração do grupo JBS.

Desde que foi criada, a comissão é vista pela oposição como uma tentativa do governo de constranger o Ministério Público e os acusadores do presidente Michel Temer, alvo de duas denúncias com base na delação da JBS.

O relator da CPI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), defendeu que as oitivas sejam iniciadas pelos procuradores. Ele não vê impedimento para que a comissão siga as investigações enquanto a Câmara analisa um segundo pedido de denúncia contra Temer.

“Não podemos paralisar a CPI e aguardar a denúncia. Vai ter que tramitar independentemente da denúncia”, disse o deputado que é um dos principais porta-vozes da tropa de choque do presidente.

A acusação de obstrução de Justiça e organização criminosa de Temer deve ser analisada pelos deputados até outubro, de acordo com a previsão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O envio da denúncia à Câmara depende da conclusão de um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre pedido de Temer para suspender a acusação. A análise deve ser concluída nesta quinta-feira (21), mas a Corte já tem maioria formada pela continuidade da tramitação.

CONTRATOS

Outra frente de atuação da CPI é a apuração de possíveis irregularidades em contratos do grupo JBS com bancos públicos. Por esse motivo, os parlamentares convocaram o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho a prestar esclarecimentos.

Também estão sob investigação empréstimos tomados pelo frigorífico com a Caixa Econômica Federal. Foram convidados a dar depoimento dois ex-presidentes do banco: Jorge Hereda e Maria Fernanda Ramos Coelho.

A lista de oitivas aprovadas como convite inclui ainda o ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) Leonardo Gomes e o advogado da associação de minoritários da JBS Márcio Lobo.

Ao final da sessão, o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), anunciou os primeiros depoimentos. Na próxima terça-feira (26), será convocado o procurador Ângelo Villela, e o advogado Marcio Lobo falará na condição de convidado.

Para a quarta-feira (27), estão previstas as oitivas de Willer Tomaz e do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.


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