Por Abdon Marinho

Advogado

Historiadores sérios questionam se a frase atribuída a Maria Antonieta: “Se não têm pão que comam brioches”, supostamente proferida nos tumultos que culminaram com a Revolução Francesa e deposição do antigo regime, isso lá pelos idos de 1789, foi, efetivamente dita e se por ela. Dita ou não, a frase passou a simbolizar a alienação dos governantes em relação ao sentimento e necessidades do povo. Maria Antonieta simbolizou tão bem esse distanciamento que a ela foi atribuída a frase e para ela fosse canalizado todo o ódio da população, sendo mais odiada em toda França que o próprio monarca. Com ou sem razão, dizem muitos livros de história, atribuíram-lhe todos os males e infortúnios do povo.

Vendo os últimos números, os que aferem a aceitação e apoio à presidente Dilma, nos quais apenas 12% (doze por cento) acham seu governo bom ou ótimo e 64% (sessenta e quatro por cento) ruim ou péssimo, não pude deixar de lembrar dos acontecimentos propulsores daquela que foi a maior das revoluções.

Ao que lembre, nunca antes na história desde país, ao menos desde sua redemocratização em 1985, um governante obteve avaliação tão desfavorável. Ainda mais, quando consideramos o fato de ter acabado de renovar o mandato. São números, sob qualquer aspecto que os examinemos, catastróficos.

Para a presidente, são ainda piores, pois, como Maria Antonieta – ao menos como retratada no senso popular – teima em ignorar o sentimento popular. Quando fez um pronunciamento em 8 de março e mobilizou manifestações de repúdios, através de “panelaços”, saíram para ofensiva, dizendo tratar-se dos ricos, egoístas, que batiam as panelas contra os grandes avanços sociais do seu governo, oportunistas, coxinhas, desavergonhados, a turma das varandas gourmet; quando quase dois milhões de brasileiros foram às ruas gritando “fora Dilma”, “fora PT”, dois de seus ministros fizeram os pronunciamentos mais vergonhosos da história do país, chegando inclusive a dizer que os manifestantes que foram às ruas eram os eleitores do adversário e que não representavam o pensamento do povo brasileiro. Como vemos, a presidente e seu séquito, sequer sabem quem e o porquê dos protestos que ganham as ruas e praças e os debates de porta de bares em todos os cantos do país. Se não sabem, como poderão apresentar algo que arrefeçam os ânimos?

Nos dias que se seguiram à manifestação de 15 de março, a presidente requentou uma proposta de combate à corrupção que na leitura de alguns beneficia os corruptos.

Não ficou nisso. Entregou uma pasta de ministro a alguém do seu partido que quer o confronto social, conforme as declarações que anda dando.

O governo, a presidente e o seu partido atribuem ao povo a responsabilidade pelos descaminhos que tomou o país. Nem citarei aqui a pilhéria que disse de que, após 12 anos no poder, o responsável pela corrupção na Petrobras, foi o FHC. Tão risível que virou piada.

Estamos diante de pessoas que, envaidecidos pelo poder, ignoram o que se passa no seio da sociedade, nas ruas. O que choca é que vieram das ruas, das universidades, dos movimentos populares, foram os campeões das ruas por décadas. Agora, não sabem interpretar o sentimento o povo.

O governo exige sacrifícios do povo, fala em aumentar impostos, em reduzir, ainda mais, os repasses a estados e municípios, mas é incapaz de apresentar soluções para os gastos públicos do governo. Apenas em 2014, a máquina pública consumiu 400 bilhões de reais com pagamento de salários, ressalvados os servidores públicos que efetivamente trabalham, sabemos que parte desses recursos serviram para sustentar os parasitas do estado, as milhares de nomeações com cargos comissionados, muitos deles sem qualquer serventia e que têm como razão de existir, o aparelhamento do estado pelo partido.

São trinta e nove ministérios – acho que não chegaram a quarenta para não virarem mais uma piada, do tipo, Dilma e os quarenta ministros –, secretarias com status idênticos, grande parte para atender interesses dos apaniguados, servir de balcão de negócios ou, pior, para atender interesses de cunho político/ideológico.

Não é segredo a ninguém a corrupção endêmica que assola o país. Não se trata de uma propina aqui e ali, estamos falando de uma máquina de corrupção instalada no coração do poder para drenar recursos públicos para contas de políticos e partidos. Tudo isso já confessado pelos operadores do esquema. Uma rede de corrupção tão desenfreada que o sub do sub tinha sob sua guarda US$ 97 milhões de dólares para devolver no acordo de delação premiada. A afronta chega ao ponto do Sr. Dirceu receber por “consultoria” enquanto cumpria pena.

São tantos os escândalos que o cidadão comum sequer tem tempo de acompanhar. Tudo isso ocorrendo e o governo insistindo na tese de colocar raposas para vigiar o galinheiro. Tentando proteger corruptos e aliviar a barra dos políticos aliados.

Enquanto nós, cidadãos do povo, começamos a enxergar todo o desmantelo e inconsistência do governo, este parece ignorar o que se passa do nosso lado: a inflação descontrolada, os juros nas alturas, o crescimento negativo.

Em resumo, pagamos a conta pelos desacertos do governo e da presidente e ela acha que não temos o direito de protestar, de pedir, dentro lei, que saia do governo.

O povo brasileiro sente na pele as consequências da corrupção, da inação, da falta de projeto para país, da carestia, dos juros altos. Enquanto sofremos tudo isso, os donos do poder se refestelam no poder. Dilma virou uma espécie, mal comparando, de Maria Antonieta do Planalto. O povo reclamando da carestia, da falta de saúde, educação, segurança e ela fingindo que nada acontece, mantendo uma máquina pública que sangra os cofres da nação em quase meio trilhão de reais/ano, omissa, no mínimo, diante da corrupção que só na Petrobras causou um prejuízo de quase U$$ 100 bilhões. Aí, acha bonito jogar a conta no colo dos trabalhadores, dos setores produtivos da sociedade.

A história não me deixa mentir: por muito menos isso, estariam todos nas ruas pedindo ao governo que saísse, que fosse retirado, que houvesse uma revolução sangrenta.

Encerro compartilhando uma história pessoal.

Nos fins de semana e feriados recebo aula de língua estrangeira com um dos meus afilhados, que, gentilmente, vem ministrá-las em minha casa (coisa de papagaio velho que teima em querer falar). Outro dia, no intervalo da aula, ele disse que na noite anterior havia tido um pesadelo. Perguntei-lhe sobre o que fora o pesadelo, logo pensando em afogamento, bicho papão, cenas de terror, etc. Ele respondeu-me, disse que sonhara chegando ao posto de combustíveis e encontrando a gasolina a R$ 4,00 o litro e ele só tendo R$ 10,00 no bolso. Completou dizendo que acordara em pânico.

Vejam, vivemos em que a política do governo causa pesadelos aos jovens, aos homens, mulheres e a todos os trabalhadores, pois ninguém sabe se o salário dará para abastecer a cozinha todo o mês. Logo mais as donas de casa começaram a ter pesadelos com os supermercados, começarão a estocar alimentos como se fazia na década de oitenta.

Protestar é um direito e um dever da cidadania. Dia 12/04, eu vou.


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