Passei por um momento que não desejaria a ninguém. Meu filho, Luis Felipe, de três anos, engoliu uma moeda de 10 centavos. Levado ao Hospital São Domingos, foi orientado pelos médicos a voltar para casa, tomar laxante e um mineral para que a moeda descesse pelas fezes.

Dois dias depois, nada para meu desespero e da mãe Luceli. Tomamos o caminho de volta ao hospital. Foi um sacrifício. Passa por uma atendente que checa o plano de saúde Conmedh, com cobertura nacional, constata que não há nenhuma restrição, fomos enviados para outras duas atendentes.

Finalmente, por volta das 22h, Felipe foi atendido por uma pediatra que esqueço agora o nome. A médica recomenda, então, uma nova radiografia. Aí o desespero aumentou. De volta à primeira atendente, é feito o contato com o famigerado plano de saúde. Do outro lado da linha, a operadora do Conmedh não autoriza o raio X.

“Como não? Não sou eu quem estou pedindo, é uma exigência da médica porque a criança há dois dias carrega um corpo estranho no estômago!”, solicita a atendente. Novamente o plano de saúde recusa bancar a radiografia para não onerar seus cofres.

“Meu Deus, é uma criança de três anos que não pode ficar com uma moeda dentro do corpo, minha amiga!”, diz a atendente quase aos prantos. Eu e Luceli, sentados alí, sem acreditar no que presenciávamos. Felipe, deitado no sofá, esse mesmo nada poderia entender.

“Não há atraso no plano, minha querida. Entenda, por favor!”, reclamava a atendente para em seguida nos informar que o sanguessuga miserável do plano de saúde aconselhou aos pais para que voltassem só quando Felipe sentisse dor. Que loucura! Quanta crueldade!

“Ela é medica, a moça do plano de saúde?”, indaguei. “Acho que não. É apenas a pessoa que autoriza os procedimentos”, respondeu-me. “Como essa desgraçada pode saber o momento que deve ser tirado o raio X do estômago do meu filho?”, perguntei aos berros.

A atendente volta a ligar e, após 40 minutos, conseguiu a liberação da radiografia. Feito o procedimento, a médica nos chamou e mostrou o filme (se é que assim se chama). Lá estava a moeda grudada numa posição que jamais desceria facilmente. Só restava duas opções: pela via imediata da endoscopia ou por uma intervenção cirúrgica.

Marcado para às 8h, Felipe entrou para o centro cirúrgico, para meu temor, desespero, e aflição da mãe. No momento em que a enfermeira entregou as roupas do meu filho, quase desabo. E Luceli não aguentou. Se tentei ser duro naquela hora, não contenho agora as lágrimas quando narro esse triste episódio. Deixei o hospital para comprar jornais, mas na verdade porque estava asfixiado, quase sem respirar.

No meu retorno, encontro a Luceli que mostra um objeto enrrolado em um pedaço de algodão: era a moeda de 10 centavos, antes amarela, agora branquinha. Meu filho permaneceu dormindo por 2h por causa dos efeitos da anestesia geral. Dei graças a Deus e ao trabalho da médica que descartou a operação cirúrgica e optou pela endoscopia. Agradeço, também, a insistência da atendente do São Domingos. 

Feito o relato, gostaria de lembrar apenas como pagamos para sermos humilhados e desprezados. É impossível que planos de saúde, não satisfeitos em roubar nosso dinheiro, não levem a sério aquilo que mais precioso temos: nossa vida.         


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