Desde ontem quando foi presa pela Polícia Federal  por ser uma das principais envolvidas no desvio de R$ 18 milhões da Saúde do Maranhão, a odontóloga Rosângela Curado (foto entre os federais) se sentiu só, abandonada pelos aliados e ainda acusada de ter feito tudo sem a permissão do governo. “Ela está extremamente abalada emocionalmente. E disse que não irá pagar o pato sozinha”, revelou ao editor do blog do Gláucio Ericeira um advogado que teve contato com Rosângela Curado após a prisão.

Até agora não se sabe ao  certo quanto tempo durou ou vai durar o depoimento dela. Mas, através dos advogados, Curado tomou conhecimento de que a mídia do governo vem colocando como se todo o ilícito fosse uma ação isolada sem que nenhum membro da Secretaria de Estado da Saúde soubesse.

Nomeada em 2015, início do governo de Flávio Dino, como subsecretária de Saúde, Rosângela Curado sempre andou em rota de colisão com o titular da pasta, o médico Marcos Pacheco. Ela operou todo o esquema de inclusão dos nomes da “folha suplementar”, mas atendendo determinações políticas superiores, assim como as negociações com empresas. Todos sabiam da movimentação dela.

Ainda no começo de 2015, o superintendente de Redes da Saúde Estadual, Luis Marques Barbosa Júnior (preso ontem pela PF) revelou que Curado fazia acordo com fornecedores, mas acabou virando aliado. E passou a tratar sobre percentuais com os empresários para ajudarem na campanha de Curado à Prefeitura de Imperatriz. Ele seria secretário de Saúde, caso ela vencesse a disputa.

Por causa das pressões internas pelo grupo de Marcos Pacheco, Curado abriu mão de algumas gordas vagas na SES, mas negociou cargos com deputados e voltou a ficar fortalecida. Pacheco fez chegar aos ouvidos do governador as movimentações da sua adjunta, mas nada aconteceu.

O esquema dos pagamentos na folha extra e as negociações com empresas continuavam, embora a Polícia Federal tenha deflagrado três operações na SES dando prosseguimento à Sermão aos Peixes.

Em 3 de setembro Carlos Lula, que era do jurídico da SES e membro da Comissão de Monitoramento e Relacionamento com as OS e Oscip, responsáveis pelos pagamento da “folha Suplementar”, assumiu no lugar de Curado, que foi para a Câmara Federal assumir interinamente a vaga do deputado Weverton Rocha.

Quando assumiu, Lula já sabia de tudo, mas nada modificou. Com queda do titular da pasta, anunciada aqui no blog em primeira mão, ele teve mais poderes para acabar com as bandalheiras. Ao contrário, ainda manteve a sua amiga e principal assessora, Alana, ganhando mais de R$ 10 mil sem trabalhar.

Nas investigações da PF, como informou a superintendente, Lula e outros que exercem cargos de relevância sabiam de tudo. E nada adianta tentar provar o contrário. Contra fatos não existe argumentos.

Rosângela Curado, portanto, é um arquivo vivo que pode melar, principalmente, o projeto de reeleição de Flávio Dino se resolver contar tudo o que sabe.


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