A ideia é a de que o Museu tenha como sede o palacete da Rua Afonso Pena, 56. Ali, durante vários anos funcionaram as oficinas e redações dos jornais Pacotilha-O Globo e O Imparcial. Significa que o local foi muito bem escolhido.

Herbert de Jesus e Gutemberg Bogéa. Foto Divulgação

Por: Mhario Lincoln Fonte: Herbert de Jesus Santos

Numa bela coincidência — dessas que acontecem de 200 a 200 anos —, foi relançada a ideia do Museu da Imprensa Maranhense, nesta semana, capitaneada por Gutemberg Bogéa, diretor-geral do JP Turismo (suplemento semanal do Jornal Pequeno), quando vão completar dois séculos do surgimento do primeiro jornal em São Luís, O Conciliador do Maranhão, em 15 de abril de 1821. Se “Já estava escrito”, ou “Tinha que acontecer”, ou, simplesmente, “Destino” (inseridos no Maktub árabe), o que certo é que, dentre outras preciosidades, deixará para trás o estigma de “Terra do Já Teve”, e outras construções negativas, para uma ascensão gloriosa a que o nosso Estado sempre fez honra ao mérito.

Para Gutemberg Bogéa, a satisfação em pessoa e na expectativa do sucesso ansiado, tudo está concorrendo a um belo desfecho, em prol do interesse maior do Maranhão: “A proposta de uso do prédio que abrigava O Imparcial, na Rua Afonso Pena (Rua Formosa), com a instalação ali do Museu da Imprensa, perpassa por toda uma trajetória a que o local no remete ao longo de todo esse tempo, nessa performance histórica do jornalismo maranhense em toda seu contexto de comunicação (rádio, jornal, televisão, publicidade, relações públicas) construído na história. Um local, que por si só nos faz respirar, absorver uma aura lendária, nos revelando toda uma caminhada de profissionais que por ali passaram e de tantos outros que aí estão e que podem marcar, através de depoimentos, dramas, acontecimentos e rumos, reconstruções e recordações de uma memorável e centenária profissão comprometida com o sentimento diário da coletividade. Tudo isso através de fatos corriqueiros e marcantes da vida de personalidades que construíram ao tempo essa importante e sólida imagem documentada e que ainda hoje poderá ser comprovada através textos, fotos, áudios, vídeos, anúncios e tantos outros equipamentos num acervo plural e diversificado”. Ele previu, com mais otimismo: “Uma radiografia marcante de todo um processo relevante percorrido por pessoas, empresas e o público que fizeram parte desse trajeto traçado e ainda vivo na memória de parte dos maranhenses, para aqueles que ainda irão vivenciar suas perspectivas futuras no meio jornalístico”.

Testemunha presencial de parte das atividades dos meios de comunicação indígena, nos últimos tempos, o jornalista e radialista José Ribamar Gomes (Gojoba) clareou mais a caminhada, considerando justa a reivindicação: “Através do JP Turismo, o jornalista Gutemberg Bogéa relançou a ideia da montagem e fundação do Museu da Imprensa do Maranhão. Esse objetivo vem sendo perseguido há algum tempo. Desta vez, a ideia lançada por Gutemberg Bogéa é a de que o Museu tenha como sede o palacete da Rua Afonso Pena, 56. Ali, durante vários anos funcionaram as oficinas e redações dos jornais Pacotilha-O Globo e O Imparcial. Significa que o local foi muito bem escolhido por Gutemberg Bogéa e todos os jornalistas e radialistas que abraçaram a causa, já que ali também foi fundada e funcionou a Rádio Gurupi. É hora da união de forças para que a ideia seja plenamente concretizada.”

Calejado em perseverar por melhorias de vital importância para a vida cultural nativa, onde tem chance para inflamar reivindicações, visando ao bem-comum, o jornalista, pesquisador, e mestre do Curso de Comunicação Social da UFMA, Euclides Moreira Neto, não baixou a metralhadora giratória, alardeando que o Museu da Imprensa é imprescindível para a compreensão da nossa História: “Venho me associar à proposta de criação do Museu da Imprensa, para a História da Cultura Maranhense, abrigando as fontes de informações referentes aos meios de comunicação da nossa terra. A criação deste equipamento memorialista e cultural resgatará o compromisso com a História de nossa terra, especialmente da região metropolitana da Capital maranhense, que, a meu ver, nunca teve olhar responsável por aqueles que estão no comando do poder cultural, político e gestor de nosso Estado. Todos aqueles que passaram pelos palácios dos Leões e/ou La Ravardière adoram ser aplaudidos, reconhecidos e bajulados pelos profissionais da Imprensa. Isto é um fato, mas, nenhum percebeu que a ação do Jornalismo e da Comunicação de forma geral comporta e abrange um compromisso muito maior que o de reconhecer, aplaudir, ou informar os fatos e acontecimentos que atuam no meio”. E ainda com o dedo em riste de investigador cultural: “Essa ação em qualquer vertente está também registrando as transformações e a evolução de nossa sociedade, por isso um equipamento como o Museu da Imprensa Maranhense será o de resgatar, revisitar e preservar a nossa memória enquanto povo atuante. Em tempo: Vale lembrar que neste ano comemoramos duzentos anos da Imprensa Maranhense e a criação do Museu virá a calhar com essa data, que deve ser comemorada por todos aqueles que compreendem o significado de ter uma imprensa livre, ética e comprometida!”

200 Anos de O Conciliador do Maranhão — O professor e confrade jornalista Euclides Moreira Neto referiu-se ao O Conciliador do Maranhão, o primeiro periódico lançado na província, vindo a lume em 15 de abril de 1821 em São Luís, pouco após a abolição da proibição de circulação de impressos que não fossem da Impressão Régia. De orientação política estritamente áulica, não era nada “conciliador”, posto que acatasse apenas aos interesses portugueses no contexto do processo político que levou o Brasil à Independência. A razão para isso era simples: Foi lançado pelo governador maranhense, o marechal português Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que importara de Londres a prensa que o imprimia, mostrando, afinal, a força da presença lusitana no Maranhão, já que a ruptura entre a colônia e a metrópole traria desvantagens para a elite local. Tendo como redatores Antônio Marques da Costa Soares (então oficial-maior da secretaria do governo e secretário da Junta da Administração da Imprensa) e o padre José Antônio da Cruz Ferreira Tezinho, o jornal foi fortemente influenciado pela Revolução do Porto, crendo fielmente na Constituição portuguesa de 1822, de caráter liberal – mas esse marco inspirava, na verdade, o grupo cujos interesses eram defendidos pelo jornal: A elite provinciana. É a História que dá conta!

Os que voltarão ao local onde comecei a carreira de jornalista — Com o alto astral guiando a nossa direção, em busca do objetivo já idealizado, teremos que alguns colegas de profissão, com a concretização do projeto no prédio que sediou O Imparcial, voltarão com a participação nos eventos a uma casa em que por muitos anos engrandeceram os ossos do ofício, entre eles: Pedro Freire, Douglas Cunha, atual presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís, José Ribamar Rocha Gomes (Gojoba), Haroldo Silva, Raimundo Borges, Almeida Pontes (o mais ágil dos nossos redatores), Néris Pinto, Aquiles Emir, Luiz Pedro de Oliveira, Ribamar Pinheiro, Tony Duarte, Ribamar Peninha, e este repórter. Convém ressaltar que o triunvirato de Raimundo Borges, Gojoba e Almeida Pontes validou o meu estágio curricular do Curso de Comunicação Social da UFMA, concluído em julho de 1980 e, egresso, avalizado por eles, ingressei, incontinenti, na Reportagem da Cidade do matutino. Foi o impulso a uma carreira que não me enriqueceu, exercitou-me para o bom combate, com a benquerença em ajudar de algum modo o nosso torrão natal.

De Sargento Garcia ao Almirante Nélson — Todos os nomes, inclusive os já de saudosa memória, na extensão do tempo, deverão ter realce no Museu da Imprensa, com vultos de todo o Maranhão; impossível falar da importância de cada um, agora, mesmo de Elvas Ribeiro Parafuso, ainda para contara a história do rádio maranhense. Sargento Garcia foi o apelido que eu dei ao jornalista Reginaldo Correia, secretário de Redação de O Estado do Maranhão, por sua aparência com o bonachão adversário de Zorro (dos filmes de capa e espada), desde que ele me recebeu muito bem na sala aonde fui, em 1981, para ser copidesque, figura que o então diretor de Redação, o competente jornalista paraense Adalberto Areias, quis implantar, entre nós, e fiquei sambista para RC, quando fui encontrado no Sioge (onde era revisor literário), pelos irmãos Júlio Rodrigues e João Litho, ali, ases da fotomecânica, após o carnaval, eu folião da Escola de Samba Pirata de São José de Ribamar, com a boa-nova de que o meu perfil permitiria eu ser contratado logo, e foi o que aconteceu, para eu trabalhar após o expediente vespertino do Sioge: enxugando os textos dos colegas para a publicação. Almirante Nélson foi como passei a chamar Nélson Nogueira, parceiro grande, diretor-geral do Jornal Extra, na Rua Direita (Henriques Leal), parecendo-me com o estrategista inglês que derrotou o imperador francês Napoleão Bonaparte, na Batalha de Trafalgar, em 1805, o nosso Almirante Nélson com suas manchetes bombásticas diuturnas.

O derradeiro encontro na passarela foliona — A saudosa radialista e folclorista Helena Leite terá um bom espaço no Museu da Imprensa, pelo que representou à Cultura Popular do Maranhão, nos últimos 20 anos, brigando ao microfone, falecida em 30.3.2019, e, com gigantesco acompanhamento, sepultada no dia seguinte, no Cemitério do Gavião, ganhando matéria ampla assinada por mim, aqui, intitulada Guerreira em Paz! O cantor, compositor e publicitário Marco Duailibe, que conversou com ela, na passarela do samba do Anel Viário, no carnaval daquele ano, no desfile de blocos e escolas de samba, foi profundo, nas redes sociais: “Deus sabe quanto fiquei feliz, quando a vi naquele camarote, vencendo os limites para fazer o que mais amava: lutar pela nossa cultura. Jamais imaginei que seria o nosso último encontro. Mas pude lhe dizer o quanto era importante para o nosso Maranhão. Hoje sua voz se calou; o tambor-onça chora, as matracas emudeceram, os pandeirões silenciaram; e somos um só batalhão entristecido com sua despedida!”

Outras presenças femininas inesquecíveis — Na radiofonia maranhense, dentre outros talentos femininos, por muitos anos, teve uma presença preciosa para a nossa vida cultural, Lisa Martins (Maria Luísa), na velha Rádio Ribamar, inclusive, já de saudosa memória, mãe do compositor, produtor cultural e artistas plástico Magno Gérson Silva (Gersinho Silva) e da irmã deste mais nova (Nevinha), e da casa de gigantes folcloristas, quanto Manoel da Paciência Nogueira (Manoel Pinto) e Hermenegildo Tibúrcio da Silva (Tabaco), na Madre de Deus. Helena Castro, igualmente, deixou saudades, por muitos anos em microfones de rádios são-luisenses e do Interior.

Conversa grandiosa com o superintendente do Iphan-MA — Em contato telefônico com o superintendente do Iphan(MA), Maurício Itapary, soubemos que, hoje, o prédio encontra-se em processo de restauração, gerenciada pela Prefeitura de São Luís. Ele foi permutado com a administração do prefeito Jackson Lago, pelo terreno da sede no Renascença II, ao Imparcial. A primeira sede deste foi na Avenida Magalhães de Almeida, nº6, mudando em junho de 1928, para a Rua Afonso Pena, nº3; em seguida, em outubro de 1930, para a mesma rua, no majestoso prédio da Rua Formosa. Ali ainda foi abrigada a Rádio Gurupi.

Embaixada ao Palácio de La Ravardière — Já sabemos em que porta iremos bater: a do prefeito Eduardo Braide. Longe do fatalismo de “Maranhão, Terra do já Teve”!, poderemos em breve dizer bem alto ” Maranhão, Terra do Vai Ter”!, e com boas notícias, como a inauguração do Museu da Imprensa Maranhense, que, aliás, há muito tempo o Estado vem se ressentido da sua presença. A bandeira levantada pelo JP Turismo vem recebendo ensejos exitosos pelos comunicadores mais conceituados na seara da nossa terra. Já com a boa-nova publicada, só teremos a agradecer, se houver dos companheiros de todos os meios de comunicação as sugestões necessárias, para haver gestões abnegadas e valorosas para encaminhar a luz desse farol pelos tempos vindouros e irradiarem as próximas gerações de conterrâneos. A ordem será sempre combater o bom combate em prol da memória da Imprensa, sempre destacando a luta de todos os que fizeram honra ao mérito, e assim o progresso será coletivo.

Tudo vale a penam quando a alma não é pequena — Como imortalizado pelo genial poeta português Fernando Pessoa, ele, igualmente, imortal, “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”! O bom combate ao Museu da Imprensa Maranhense está apenas, sem trocadilho, começando! Ainda vamos atravessar o Rio Rubicão, qual Júlio César, em Roma, com a expressão “Alea jacta este” (A sorte foi lançada), favorável, certamente, às cores da Bandeira do Maranhão, com os comunicadores (jornalistas, radialistas, publicitários, relações-públicas) liderados pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís, Douglas Pires da Cunha. Só faltaria mesmo ser a concretização deste Projeto Maranhense no 15 de abril, dia em que, há 200 anos, nasceu O Conciliador Maranhense.


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