Por Murillo de Aragão

Ano passado escrevi que achava que o Brasil não ia ganhar a copa. Apesar do time ter evoluído bem no pré-Copa, faltava um tempero a mais para ser um time vencedor. Não estava azarando. Apenas achei que a mistura não era boa. A vitória na Copa das Confederações não convenceu. Dunga montou um time, com um grupo unido e determinado. Mas não o suficiente para deslanchar na Copa. Não deslanchamos. Curiosamente, o primeiro tempo do Brasil contra a Holanda foi dos melhores do time na competição. Caso não tivéssemos levado um gol bobo, nossa sorte poderia ser outra. Pior é que era uma Copa mole de ganhar: sem França, Itália, Inglaterra e Argentina ou Alemanha pela frente, restavam poucos adversários de categoria.

No entanto, faltou equilíbrio, sorte, banco e, sobretudo, técnico. Dunga foi uma invenção que deu mais ou menos certo. Vale dizer que não ganhar a Copa não significa dar errado. Técnico nenhum tem a obrigação de ganhar a Copa do Mundo. Porém, ele deixou a desejar em muitos quesitos. Os resultados no Pré-Copa o seguraram e Ricardo Teixeira não teve peito para colocar alguém mais experiente no comando da seleção. Conheço o suficiente de futebol para entender que em uma Copa o que vale é o plantel, equipe técnica e comando. Ricardo Teixeira não teve comando sobre Dunga e deu no que deu. Para piorar, não tivemos, nem plantel, nem técnico nem comando.

Faltou equilíbrio tático e emocional ao time. Dunga foi descontrolado com a imprensa e foi descontrolado no comando do time. Deixou os jogadores muito “pilhados” e o resultado foi um time nervoso e que caiu na malandragem dos holandeses. Fizemos faltas desnecessárias e a expulsão de Felipe Melo foi totalmente justificada. Tivemos cartões de mais e vimos um Dunga “representando” o papel de treinador esbravejando na beira do campo. Não é assim. Se grossura fosse qualidade fundamental, Yustrich teria sido o maior treinador do mundo.

Faltou banco. Não tínhamos ninguém no banco com a condição de mudar o jogo. Em uma Copa do Mundo, o banco tem que ser capaz de dar opções táticas para treinador. Convocamos mal e o banco era fraco. Tínhamos que ter Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Ganso que poderiam injetar um sopro de criatividade ao time. Não tínhamos mais um meia de criação que pudesse entrar para ajudar o Kaká. Trazer Josué e Kleberson foi um excesso e um erro. No final, utilizou-se mais o Daniel Alves que não é meio-campo de origem. Para piorar, Kaká nunca esteve no auge da forma nem parece ter carisma para liderar seus companheiros.

Contra Holanda, também faltou sorte. A Laranja Mecânica achou um gol e tudo ficou mais fácil. Naquele momento o Brasil teria que ter mudado o estilo e ido para cima. Manteve o time, teve um expulso e terminou facilmente dominado. A beleza do futebol é que – tal como a vida – existe o acaso, o detalhe que muda tudo. A Holanda, como seu espírito calvinista, estava conformada em perder para o Brasil. Não fariam nada para mudar o destino. Se o Brasil ficasse cozinhando o galo, ia ficar no 1 a O até o final. Maktub. O acaso deu uma mão aos holandeses e tudo mudou. Não tivemos força nem inteligência nem sorte para reverter o acaso de um gol achado.

Que lições ficam? A primeira é a de que Dunga não é técnico. Ainda bem que disse que não fica. Tomara que Teixeira não venha inventar Leonardo, ex-Milan, para o cargo. Precisamos alguém mais experiente e mais equilibrado e com disciplina. Talvez um amistura de Zagallo com Felipão. A segunda lição é a de que o Brasil não pode desprezar o seu talento. É claro que devemos jogar marcando e, em alguns momentos, o time de Dunga foi muito bom em equilibrar arte, consistência e determinação. A terceira lição é a de que devemos perseguir o objetivo de ter uma seleção forte na marcação e agressiva no ataque. Por fim, técnico nenhum deve dar tanta importância para a imprensa nem, por outro lado, deixar de manter uma boa relação com os jornalistas. O equilíbrio é muito importante. São as lições que sobram do fim da era Dunga na seleção.


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