Daniela Mercury pede ‘Fora, Feliciano’ na segunda noite de Viradão

    Cantora que se declarou homossexual se apresentou em Madureira. Em Nova Iguaçu, grupos de rock homenagearam Chorão.

    G1

    Daniela Mercury começa o show no Parque de Madureira com a música "Canto da Cidade".Daniela Mercury começa o show no Parque de Madureira com a música “Canto da Cidade”.

    “Salve o amor, a liberdade e os direitos humanos”. Com esta declaração, a cantora baiana Daniela Mercury abriu sua apresentação no segundo dia de shows do Viradão Carioca, neste sábado (13). Pouco depois das 21h30, ela subiu no Palco Madureira, na Zona Norte do Rio, e sacudiu o público com “Canto da Cidade”.

    O parque de Madureira, onde foi montado o palco, estava lotado com um público que não desanimou nem com a forte chuva que caiu. Mas quando Daniela subiu ao palco, a chuva tinha dado uma trégua e a multidão estava pronta para cantar e dançar e aplaudir a cantora, que recentemente assumiu seu relacionamento com outra mulher.

    “Fora, Feliciano. Esse país não merece um deputado como esse”, disse Daniela durante o show.

    A atriz e comediante Fabiana Karla abriu o show da baiana dizendo: “Estamos passando por um momento onde todos têm que se amar e se respeitar”. O público reagiu com simpatia e mostrou carinho pela cantora.

    O bailarino João Victor, de 30 anos, se tornou fã da cantora depois da declaração dela.

    “É muito bom ter alguém para lutar pelos nossos direitos. Ela é maravilhosa e tudo de bom”, declarou o morador de Madureira, que é gay assumido.

    Ele chegou a subir no palco para abraçar a estrela.

    Janaína Alves, fã de Daniela, se emociona no show.Janaína Alves, fã de Daniela, se emociona no show.

    Outra moradora do bairro de Madureira, a técnica de imobiliária Janaína Alves, de 29 anos, disse que sempre foi fã da cantora, mas gostou mais ainda quando ela declarou que era gay.

    “Eu achei tudo. Eu também sou e nunca tive coragem de assumir. Já gostava dela antes, agora idolatro”, disse.

    Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminese, também houve momentos de emoção na noite de rock que reuniu os grupos Forfun, Raimundos, Fresno e Detonautas. Eles fizeram uma homenagem a Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., que morreu em 6 de março. Os roqueiros cantaram “Proibida pra Mim” e “Zoio de Lula”, entre outras.

    “Vamos fazer barulho para o Chorão porque ele está ouvindo”, disse Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas, em cima do palco do Aeroclube de Nova Iguaçu.

    No Palco Bangu, na Zona Oeste, o público se divertiu entre o funk de MC Sapão e o carnaval fora de hora do Bloco Brasil, que fez todo mundo dançar com as músicas de Jorge Benjor. Mas também teve o pop rock dos Titãs.

    Na bela paisagem do Arpoador, em Ipanema, o Viradão mostrou ao público o melhor do jazz com DJ Jazz4Life, Frederico Heliodoro Quarteto, Astronauta Marinho e Afro Jazz.

    Já no Quiosque Globo, em Copacabana, humoristas se revezaram em shows do tipo stand up e fizeram o público gargalhar.

    Forfun, Raimundos, Fresno e Detonautas fazem homenagem ao cantor Chorão. Forfun, Raimundos, Fresno e Detonautas fazem homenagem ao cantor Chorão.

    O Viradão começou na sexta-feira (12) levando muita música e alegria ao público com shows gratuitos. O evento acontece no Arpoador, na Zona Sul, no Aeroclube de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no Caminho Niemeyer, em Niterói, na Região Metropolitana, na Praça das Juras, em Bangu, na Zona Oeste, e no Parque de Madureira, na Zona Norte (veja a programação abaixo).

    Em 2012, o Viradão Carioca bateu recorde de público e reuniu 300 mil pessoas durante os três dias de evento, que teve mais de 60 atrações culturais. Entre os convidados estavam o funkeiro Naldo, o sertanejo Luan Santana e a banda de rock Dead Fish.

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    Feliciano quer tirar proveito da situação, diz líder de sua igreja

    Folha

    O pastor José Wellington, 78, confirmou o favoritismo e foi reeleito presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no BrasilO pastor José Wellington, 78, confirmou o favoritismo e foi reeleito presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil

    O pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) “está querendo tirar proveito” da onda de protestos para que ele deixe a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

    A opinião é de José Wellington Bezerra da Costa, 78, reeleito anteontem presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, principal entidade da maior denominação evangélica do país, da qual Feliciano faz parte.

    “Ele é político, está querendo tirar proveito desse troço. Ele está dando corda na coisa. Bobo ele não é”, afirma Wellington, lembrando, no entanto, que a entidade dá “respaldo” para o deputado –que antes da polêmica era pouco conhecido fora dos círculos evangélicos.

    Wellington é presidente da Convenção há 25 anos. Nesse período, a Assembleia se consolidou como uma potência religiosa (12,3 milhões de fiéis) e política (28 deputados federais).

    “Somos muito assediados [por políticos]”, diz o pastor, que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff: “A candidatura dela é uma nomeação, não precisa nem ir para a eleição”.

    Folha – Há um levante preconceituoso contra o Feliciano?

    José Wellington – O Feliciano é novo, jovem, inteligente e eu creio que vocês são inteligentes, vocês estão vendo que ele está querendo tirar proveito. Ele é político, está querendo tirar proveito desse troço. Ele está dando corda na coisa. O Marco Feliciano, bobo ele não é.

    Agora, eu acredito que há uma exploração, há uma exploração muito grande do pessoal do lado de lá [críticos de Feliciano]. A verdade é essa: nós estamos juntos da Igreja Católica. Porque a Igreja Católica não aceita. O que nós não aceitamos a Igreja Católica não aceita.

    Um bispo de São Paulo me telefonou e disse: “Pastor, vamos fazer uma dobradinha, temos de marchar juntos porque não aceitamos”. Eles não aceitam aborto, casamento de pessoas do mesmo sexo. Eu vi ontem na imprensa no Amazonas um juiz deu uma liminar para que o camarada lá casasse com duas mulheres. Negócio de doido, né? Só no Amazonas dá um troço desse.

    Nós, da Assembleia de Deus, não participávamos da vida política do país. Só depois, quando eu assumi a presidência… Porque eu em janeiro agora completei 25 anos na presidência da Convenção Geral, fui reeleito nove vezes. Quando eu cheguei, com o crescimento da Assembleia de Deus, eu entendi que precisávamos colocar alguém para nos representar. E isso foi feito. Hoje temos 28 deputados federais ‘assembleianos’. No total, são 80 os parlamentares evangélicos em Brasília [de diferentes denominações].

    O Marco Feliciano… Ai, não foi porque ele é evangélico, foi um acordo do partido. Destinaram aquilo para o PSC. Coube ao Marco Feliciano e ele abraçou. Como ele antes de ser presidente dessa comissão havia feitos alguns pronunciamentos… Nós não aceitamos o comportamento dessa gente, mas não os perseguimos. Não temos qualquer preconceito com eles. Absolutamente nada. É que o grupo que está apoiando essa gente, balizou, aqui no Congresso, algumas leis que estão dando muito, muita força para essa gente, e dizem que o preconceito é nosso. Pelo contrário, eles é que são os preconceituosos.

    Eles quem?

    O grupo, o grupo. Porque há um grupo patrocinando isso aí. Você sabe que infelizmente que esse grupo de gays, lésbicas e essa gente cresceu demais nos últimos tempos. Há interesse da parte deles que essas leis sejam aprovadas. Mas acredito que uma sociedade sensata jamais aceitará um comportamento antissocial como esse.

    Qual a importância do Feliciano dentro da Assembleia de Deus?

    Ele é um pastor tão igual como os demais. Eu tenho um filho deputado federal [Paulo Freire (PR-SP)], estava aí. O meu filho eu vejo melhor [risos]. Mas, como pastor da Igreja, ele não tem qualquer destaque, qualquer direito a mais, nenhuma proteção a mais, ele é um pastor igual aos demais.

    Nas sessões da Comissão, parece existir uma unanimidade contra Feliciano. Mas os valores que eles defendem são valores comuns aos 12,3 milhões de fiéis da Assembleia de Deus, certo?

    Valores comuns a uma sociedade sensata, uma sociedade sadia. Quando escreveram o PL 122 [que criminaliza a homofobia], nós [evangélicos] reunimos e tomamos algumas posições em relação àquilo ali. Chamamos os deputados federais e pedimos para que eles segurassem a coisa. Eu mesmo fui lá falar com o presidente da Câmara, fui falar com gente do Senado, até o senador José Sarney [PMDB-AP, ex-presidente da Casa] me mandou uma cartinha muito bonita. É uma posição nossa mais bíblica, nada preconceituosa. Por exemplo, se chegam dois cidadãos lá [na igreja que ele comanda, em SP], se dizendo crentes e pedindo que eu faça um casamento deles eu não faço nunca [risos]. Aí a lei [do projeto] vai e me condena, diz que é discriminação, me joga na discriminação, cinco anos de cadeia, sem direito a qualquer recurso, é um absurdo um troço desse.

    Qual a posição da Convenção sobre a alegação de Feliciano de que Noé amaldiçoou os africanos?

    Essa é uma interpretação teológica. A Bíblia, quando conta a histórica de Cã, a tradução chama de Cão, né?, é que aquele filho de Noé (eram três) quando o pai tomou uns gorós e, bêbado, se despiu, ficou caído bêbado, veio um dos filho, viu os dois, e saiu criticando, né?, outro veio, de costas, e cobriu a nudez do pai, então esse o pai abençoou e outro ele amaldiçoou. Cada um interpreta como queira. Qual foi a mudança que houve, se foi de cor, eu não sei.

    Mas eu soube que dentro da igreja a posição não é essa.

    Olha, eu não sou paulista, eu sou cearense. A cor da pele não faz muita diferente não, sem dúvida nenhuma. Eu recebo o irmão pretinho, a velhinha pretinha, para mim eu tenho tanto carinho, amor e respeito quanto por qualquer outro. Acredito que essa é a posição da maioria dos pastores. Agora, ele e alguns outros pregam isso, que os negros, os africanos, são descendentes de Cão.

    O que o conjunto de valores dos evangélicos pode trazer para a discussão dos direitos humanos?

    Em primeiro lugar, eu parto da premissa da própria vida na nossa Constituição. Que todos nós somos iguais perante a lei. Alguém disse que somos quase iguais, mas a letra disse que somos iguais. Acho que todo brasileiro deve ter sua liberdade de culto, de voto, do ir, do vir, os princípios de direitos humanos que a Constituição predispõem, acredito que ali está muito correto para todos nós. E também, em relação ao Estado ser laico, eu entendo perfeitamente o texto da lei. O Estado é laico, mas o povo é cristão, o povo tem religião. De maneira que essa interpretação. Entendo é que na vida administrativa deve ser separado um do outro, são dois ramos equidistantes, porém quando se trata da vida religiosa, todo povo tem a sua religião. E eu respeito perfeitamente. Eu tenho amizade por todos eles [líderes de outras religiões].

    Qual deve ser o papel de qualquer igreja num Estado?

    Em primeiro lugar, nós trabalhamos para paz social, na recuperação da criatura humana. Eu entendo que o homem, em si, tem condição de se recuperar em qualquer circunstância da vida. O lado social, o benefício à criatura humana em todas as áreas da vida, desde a educacional, da alimentação, da parte familiar, da parte social, de se integrar à sociedade, procurar ajudá-lo para que ele consiga emprego, trabalho, afim de que essa pessoa, que era uma pária para a nação, passe a ser um cidadão de bem, operando, contribuindo para a nação.

    Na parte religiosa, nós temos muito o que ensinar da palavra de Deus, nada do José Wellington, eu prego Jesus Cristo, nosso salvador. Quando nós pregamos a bíblia, ela em si tem um poder transformador, não há necessidade de qualquer adendo, qualquer filosofia para misturar com a bíblia, ela em si já é a autoridade divina. O meu caso: aceitei Jesus com 8 anos de idade. Não fumei, não bebi, não me prostituí. Eu tenho quase 79 anos e tenho uma saúde perfeita.

    O assédio dos políticos a vocês é muito grande?

    É sim, somos bastante assediados. Só que a minha orientação como presidente foi sempre procurar ajudar os de casa. Por que, se eu elejo uma pessoa do nosso convívio eclesiástico, [é] alguém que eu tenho uma certa ascendência [sobre], que ele possa ser um legítimo representante da igreja. Temos que trabalhar os de casa. Eles merecem a atenção, a ajuda e a confiança.

    Como vocês escolhem as pessoas que apoiam?

    Chegou a ser de senador para cima, que precisa de mais votos, aí nós procuramos alguém que seja, no mínimo, amigo da igreja.

    O que é ser amigo da igreja?

    Normalmente, o senador da República já foi prefeito, já tem uma história na vida política. E nós então vamos buscar. Nós tivemos algumas dificuldades com o PT em São Paulo. Hoje não temos mais, graças à Deus por isso. Hoje tenho boa amizade com o prefeito de São Paulo [Haddad], sempre tive muita amizade com o Kassab, que saiu, tenho muito respeito e muita amizade também pelo governador, agora, eu não posso fazer divergência de partidos, eu trabalho com o povo. Na Igreja eu tenho PT, eu tenho PR, tenho PSDB, cada um acha que sua filiação está correta, Deus te abençoe. No contexto geral, somos crentes.

    Qual a sua opinião sobre a Dilma?

    Eu vejo com muito bons olhos. Confesso a você que não votei na Dilma. Eu tinha certos resquícios do PT lá em São Paulo. Mas esta senhora tem superado [as expectativas]. Ela pegou uma caixa de marimbondo na mão, mas tem sido muito honesta com seu governo e com o povo. Hoje, na minha concepção, a candidatura dela é uma nomeação, não precisa nem ir para a eleição, ela é eleita tranquilamente.

    Vocês apoiam ela em 2014?

    Eu até teria muito motivo para dizer não, mas esqueço tudo isso aí a bem do povo, ela tem sido muito correta na administração do nosso país.

    Com “PT de São Paulo” o senhor quer dizer Marta Suplicy?

    [Risos] Deixa isso pra lá. O meu concorrente [na eleição desta semana], pelas informações que eu tenho ele recebeu todo o beneplácito do Planalto. Eu não recebi, e não recebi porque também não pedi. Na nossa igreja em São Paulo nunca entrou um centavo nem da prefeitura, nem do Estado nem da nação. Nunca pedi, de maneira nenhuma. A presidenta, num ano desses, eu estava aniversariando e ela foi lá me ver, me dar os parabéns. Foi lá com quatro ministros, o Padilha e outros mais. Recebi com muito carinho, muito amor, perfeitamente. Mas não peço. Agora, entendo que, se algum dia precisar pedir, sou um brasileiro que paga imposto, tenho tanto direito quanto os demais.

    E o senhor tem um poder muito forte.

    Vou dizer uma coisa para você. Eu não sou político, sou de uma família de políticos. Meu irmão foi deputado estadual durante três legislaturas. Minha filha é vereadora em São Paulo, a Marta, foi reeleita agora pela terceira vez. O Paulo foi eleito deputado com 162 mil votos, uma votação relativamente boa para São Paulo. E acredito que, pelo trabalho que ele está fazendo, talvez supere os 200 mil votos agora [em 2014]. Na eleição passada, ainda o [Orestes] Quércia [ex-governador de São Paulo, morto em 2010] era vivo, ele foi lá na nossa Igreja, ele, [o ex-prefeito Gilberto] Kassab e o [ex-governador José] Serra. Eles me convidaram para que eu fosse suplente. E eu então agradeci a gentileza deles e pedi dois dias [para pensar]. Eu até brinquei: “Deixa eu consultar minhas bases por dois dias”. Na verdade, eu não ia aceitar. Eles voltaram, eu agradeci, educadamente. Então o Quércia disse: “Pastor, eu estou doente, você vai ser o senador”. Eu disse: “É por isso que eu não quero”. Eu não tenho tempo para mexer com a política. Não quero. A minha vocação é a igreja. Em São Paulo, nós temos 2.300 e poucas congregações [filiais] ligadas ao nosso ministério. É um batalhão de gente.

    No total, a Convenção tem quantas Congregações?

    O número de evangélicos da Assembleia de Deus é um ponto de interrogação. Em 1994, eu já era presidente, eu fiz um censo entre nós e na época nós contamos 12,4 milhões de crentes na Assembleia de Deus. O crescimento da Assembleia de Deus, é o levantamento que eu tenho, é de 5,14% ao ano. Quando estou falando de membro estou falando daquele que foi batizado e tem responsabilidade na Igreja. Quando o Fernando Collor era presidente eu falei: “Presidente, se nós fôssemos políticos, a Assembleia de Deus teria muito mais condição de contar com o povo do que o seu partido, porque vocês não têm uma filial em todos os municípios do Brasil.” A Assembleia de Deus temos em quase todas as vilas de todos os municípios do Brasil nós temos um templo. São mais de 100 mil templos que tem a Assembleia de Deus no Brasil.

    A revista britânica “The Economist” recentemente comparou o papa a um presidente de uma empresa. É isso mesmo?

    A igreja tem os dois lados. Tem o lado espiritual e o lado material, o lado social. No lado espiritual, é a bíblia, oração, jejum, ensinamento bíblico. Do lado material, do lado do patrimônio, é uma empresa que nós temos que administrá-la de acordo com as leis vigentes no país. A Assembleia de Deus difere de outras igrejas evangélicas. Nós não vivemos correndo atrás do dinheiro. O dinheiro para nós não é o essencial. Nosso desejo é ganhar almas para Deus, o benefício da criatura humana. Nós somos um povo de vida social modesta mas que procura cuidar da igreja administrando-a seguramente.

    Qual a receita anual de todas as Assembleias juntas?

    Não sei. Não estou lhe negando, porque esses valores [não são] da Convenção Geral. E a Convenção Geral tem o caixa mais pobre do mundo. Estou há 25 anos e desafio qual é o tesoureiro que possa dizer: “O José Wellington usou R$ 0,05 do caixa”.

    E da Convenção?

    São R$ 7 [milhões] ou R$ 8 milhões. É muito pouco. A nossa contribuição mensal é R$ 5 por mês [por obreiro], vou aumentar isso aí. Cada igreja tem a sua autonomia administrativa. Lá em São Paulo, essas 2 mil e poucas igrejas, essas todo o dinheiro vem para o Belém [central da congreção de Wellington em São Paulo]. E ali a gente administra e repassa para as construções e compromissos da igreja.

    A maior parte que vocês juntam é gasto com o trabalho social? Tem muita gente que acha que as igrejas evangélicas servem para enriquecer os pastores.

    Fui comerciante em São Paulo, e quando saí, não saí rico, mas com uma vida econômica estável. E o que eu tinha eu conservei até agora. Eu tenho algumas propriedades, eu já tinha uma boa casa onde morar, carro novo, caminhão. Não joguei fora, conservei. Mas digo por experiência: se alguém pensa em ser pastor para ganhar dinheiro, pode procurar outra profissão. Estou falando pastor, não estou dizendo essa turma que vive explorando, arrancando dinheiro do povo. A Assembleia de Deus não faz isso.

    Quem faz isso?

    [risos] Você é um moço inteligente. A televisão está cheia dessa gente. Nosso afã não é esse. Estou construindo um templo-sede em São Paulo, porque nossa igreja na verdade ficou muito pequena, então compramos uma quadra e gastamos aí uns R$ 47 [milhões], R$ 48 milhões. Estamos no acabamento. [Perguntam]: “Quando o senhor vai inaugurar?” Quando o dinheiro der [risos].

    Houve um aumento de quase 50% nos fieis da igreja entre 2000 e 2010, segundo o Censo. Por que cresceu tanto?

    Existem duas operações. Primeiro, a bênção de Deus sobre nós. E em segunda lugar é que a salvação que recebemos de Jesus é tão boa, ela é tão gostosa, nos trás tanta alegria, tanta satisfação, que todo crente tem o prazer de dizer que é crente. Nós transmitimos para o nosso semelhante aquilo que Deus fez na nossa vida. Então, nessa demonstração de fé, estamos ganhando outros para Jesus. Aí está o crescimento da Assembleia de Deus. Não é nossa filosofia, não é nosso preparo cultural, é esta vida saudável que recebemos de Deus e partilhamos com aqueles que estão em volta de nós.

    Com esse crescimento da igreja, e à luz do que ocorre com o Feliciano, o senhor sente um aumento do preconceito contra os evangélicos no Brasil?

    Não, ao contrário. A minha geração, quando eu era criança, eu me recordo muito disso aí, quantas vezes os irmãos iam dirigir cultos ao ar livre, e terminava debaixo de pedradas, jogavam pedras, jogavam batatas, ovos, cebolas, era um negócio tremendo. Nós sofremos isso aí. Na época, nas cidades do interior do Ceará, se somavam um chefe religioso, um delegado de polícia e um juiz de direito e os três… Templos nossos foram destruídos, entravam nas casas do crentes, arrancavam as bíblias, faziam fogueira de bíblias nas praças, isso aí nós chegamos a conhecer no meu tempo. De lá para cá melhorou muito. Por que? Ontem, nossa penetração social era classe D para baixo. Hoje, pela graça de Deus, conseguimos alcançar uma classe social mais alta. A nossa igreja tem juiz de direito, tenho 14 netos e todos eles formados, quatro médicos. Então essa penetração social, ela mudou a visão da Assembleia de Deus. Esse problemazinho do Marco Feliciano é muito mais de enfeite da mídia e um pouco de proveito dele.

    Às vezes, parece que ele está sozinho.

    Nós temos por ele muita amizade e queremos o melhor para ele. Agora, não fomos nós que o indicamos para presidente da Comissão. Agora, já que ele está lá, vamos procurar dar um respaldo. Desde que também ele tenha um comportamento que não venha a comprometer a igreja.

    Ele atraiu uma atenção negativa para a Assembleia?

    [risos] Não, ele está tirando proveitozinho porque ele é vivo, né?

    Essa campanha [para a Convenção] é parecida com a de uma campanha política?

    Infelizmente, é. Não era assim. Eu me recordo de quantas vezes eu me reunia com as lideranças da nossa igreja numa convenção, não tão grande quanto essa, e os candidatos ali e nós votávamos por aclamação e OK.

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    Visão de sucesso mostra trajetória de Luis Cardoso

    Apresentado pelo jornalista Eleomar Freitas, o programa “Visão de Sucesso” foi exibido no sábado, dia 06, na TV São Luís, mostrando toda a trajetória profissional do jornalista e blogueiro Luis Cardoso.

    Em entrevista bastante descontraída, o profissional da imprensa falou do início em rádio, passagem por emissoras de TVs e jornais como repórter e até como sócio proprietários em matutinos impressos.

    Luis Cardoso conta na entrevista abaixo como iniciou na blogosfera, os processos que responde, as ameças e como faz para se manter como o blog mais acessado do Maranhão. Veja a entrevista:

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    Feliciano receberá o dobro de votos em 2014, prevê Silas Malafaia

    Folha

    O pastor Silas Malafaia aposta: “Se o [Marco] Feliciano tiver menos de 400 mil votos na próxima eleição, eu estou mudando de nome”.

    Em 2010, quando se elegeu deputado federal pela primeira vez, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara obteve 212 mil votos.

    Sob o rótulo de racista e homofóbico, ele é alvo de protestos na internet e no Congresso. “Quero agradecer ao movimento gay. Quanto mais tempo perderem com o Feliciano, maior será a bancada evangélica em 2014”, diz Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

    “Essa coisa vai despertar o sentimento do evangélico de ter representantes na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais. Vai nos ajudar”, diz o presidente do PSC da Bahia, Eliel Santana.

    Fundador da Catedral do Avivamento, Feliciano tem frequentado telejornais, talk shows e humorísticos da TV.

    Marco Feliciano posta "diploma de defensor dos direitos humanos" no TwitterMarco Feliciano posta “diploma de defensor dos direitos humanos” no Twitter

    PODER DA FAMA

    “Ele vai arrebentar [nas próximas eleições]”, diz o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). O militar da reserva puxa a fila de políticos do “baixo clero” que ganharam projeção em meio a controvérsias e converteram a fama em mais votos, embora sob aparente rejeição geral.

    Bolsonaro reconhece que ficou conhecido graças a declarações consideradas homofóbicas e de apoio à ditadura. Saltou de 100 mil votos, em 2006, para 121 mil, em 2010, e emplacou os filhos na Câmara e na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

    O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) foi outro que colheu notoriedade após uma declaração polêmica. Em 2009, ficou conhecido ao dizer que se “lixava para a opinião pública”, em referência ao trabalho como relator do caso de Edmar Moreira, o “deputado do castelo”, no Conselho de Ética da Câmara.

    Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, o discurso de Feliciano atinge preocupações de parte da população. “Entre os brasileiros, 14% se posicionam na extrema direita. As aparições na imprensa dão esse efeito de conferir notoriedade a ele.”

    Para o cientista político Marco Aurélio Nogueira, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), “isso do ‘não me representa’ [slogan anti-Feliciano] não existe. Alguém se sente representado pelo Feliciano, pelo Bolsonaro e por quem quer que seja”.

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    Silas Malafaia: Marco Feliciano é a bola da vez

    Da Folha.

    marcos-feliciano-630-jpg_181433Por que tanta pressão para que Marco Feliciano não continue na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados? Discordar é um direito, porém não podemos ser contra alguém em tudo só porque não gostamos dessa pessoa.

    Eu mesmo tenho divergências com Feliciano, mas não permito que as diferenças se sobreponham ao meu senso de justiça e caráter. E, por trás dessa perseguição que mobilizou a opinião pública e a imprensa, sei que existe um sórdido jogo político para esconder questões sérias.

    Após 16 anos, o PT abriu mão da direção da CDHM e coube ao PSC definir quem seria o novo presidente. Quando os ativistas gays, o PT e os partidos de esquerda descobriram que o novo líder do colegiado seria Marco Feliciano, eles reagiram para não ter nessa comissão alguém que tem lutado contra seus ideais.

    Como não conseguiram vencer no grito, deputados do PT, PSOL e de outras legendas criaram a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, a fim de garantir na Câmara a defesa de projetos como o casamento gay e a descriminalização do aborto. Mas existe algo mais contraditório do que “defensores dos direitos humanos” serem a favor do aborto? Tem coisa mais terrível do que tirar a vida de um bebê no ventre da mãe?

    Toda essa mobilização tinha um motivo maior: desviar os holofotes do PT. Afinal, enquanto se discutia a posse de Feliciano na CDHM, dois deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), tornaram-se membros da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a mais importante comissão da Câmara.

    No currículo desses parlamentares do PT constam condenações por corrupção. Mas, a imprensa se voltou apenas para o caso do deputado que fez declarações infelizes, as quais foram consideradas homofóbicas e racistas pelos ativistas gays e parlamentares de esquerda. Feliciano, porém, não pode ser julgado por tais acusações. Ele nunca bateu ou matou um gay, e sua origem é negra.

    Não contente com a repercussão desse episódio, a oposição passou a patrulhar as falas de Feliciano nos púlpitos das igrejas, acreditando que a forma como manipulam a informação seja capaz de condenar o direito de opinião do cidadão brasileiro. Não demorou muito para o pastor ver mais uma vez suas palavras repercutirem na imprensa. Desta vez porque comentou que a CDHM era “dominada por Satanás”.

    Independentemente de concordar ou não com as declarações de Feliciano, não posso esquecer que ele foi eleito pelo povo e que tem o direito de expressar a sua opinião, sendo resguardado pelo inciso IV, do artigo 5º da Constituição Federal. Mais do que isso, a Carta Magna lhe garante o direito à liberdade religiosa (incisos VI e VIII do mesmo artigo), uma vez que ele estava no púlpito falando na qualidade de pastor e não como deputado.

    Pergunto: se a oposição pode acusar os que discordam deles de homofóbicos e racistas, por que o povo evangélico não pode chamar essa perseguição de evangelicofobia? Dentro desse Estado democrático de direito, onde a maioria é cristã, a democracia só vale para a minoria? O fato é que os ativistas gays e seus defensores não suportam o debate. Pode-se falar mal do presidente da República, do Judiciário, dos católicos, dos evangélicos, mas, se criticarmos a prática homossexual, somos rotulados de homofóbicos.

    O crime de opinião já foi extinto de nosso país com o fim da ditadura militar. Mas agora querem instaurar a ditadura gay, que, além de perseguir as ideologias políticas, também combate as crenças religiosas. Diante dessas manifestações, só podemos chegar a uma conclusão: PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições.

    Por: Silas Malafaia.

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    Ivete Sangalo apoia união homoafetiva de Daniela Mercury

    Folha

    A cantora baiana Ivete Sangalo, 40, fez uma declaração de apoio à colega Daniela Mercury, 47.

    Na manhã desta quarta-feira, a musa do “Canto da Cidade” assumiu que estava “casada” com a jornalista Malu Verçosa ao publicar fotos românticas das duas no Instagram.

    “Meu bom dia especial de hoje vai para Daniela Mercury”, escreveu Ivete. “Seja muito feliz querida, você é um luxo! Muito amorrrrrrrr!”

    Daniela, que está em turnê pela Europa, não tem atendido às ligações para seus celulares e seu “staff” não comenta o assunto.

    A cantora, que se separou do empresário italiano Marco Scabia no fim do ano passado, tem cinco filhos.

    Malu é ex-namorada da também jornalista Fabiana Crato, que trabalhava como assessora da cantora até pouco tempo.

    Ivete Sangalo apoia união homoafetiva de Daniela MercuryIvete Sangalo apoia união homoafetiva de Daniela Mercury

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    Congresso promulga na terça PEC das Domésticas

    O Congresso Nacional reúne-se na terça-feira (2), às 18 horas, no Plenário do Senado Federal, para promulgar a emenda constitucional que garante aos empregados domésticos direitos já assegurados aos demais trabalhadores. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 66/12 foi aprovada por unanimidade no Senado na última terça (26)

    As novas regras entram em vigor na data da publicação da emenda, como a carga diária de trabalho de 8 horas e 44 horas por semana, além do pagamento de horas-extras.

    Vários pontos, como o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro-desemprego e auxílio-creche, ainda dependem de regulamentação para entrar em vigor. O direito ao FGTS deve gerar o maior aumento de custo para o empregador. O valor a ser recolhido mensalmente é de 8% do salário do empregado, que poderá receber o valor acumulado nas hipóteses previstas em lei.


    Com informações da Câmara Federal

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    Opositores não são democráticos, diz apoiador de Marco Feliciano

    Principal “fiador” do deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) no comando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o vice-presidente do PSC, pastor Everaldo Pereira, criticou ontem o tom das manifestações contra seu correligionário e mandou recados a aliados que cobram a saída dele do posto.

    Folha de São Paulo

    Feliciano é alvo de protestos de movimentos sociais que o acusam de ser homofóbico e racista. Ele nega.

    Anteontem, duas pessoas foram detidas na Câmara após Feliciano mandar prender um manifestante acusado de o chamar de “racista”.

    “Essas pessoas é que não são democráticas”, disse Pereira sobre os manifestantes, em entrevista à Folha.

    “O que a gente vê é que intolerante é quem agride, invade o gabinete, quer ganhar no grito. Se deixar o deputado trabalhar normalmente, vão verificar que não tem intolerância da nossa parte.”

    Pereira disse que não há chances de Feliciano deixar o cargo, nem com um apelo dos líderes da Câmara, porque “foi eleito pela maioria da comissão e dentro da legalidade”.

    Feliciano tenta manter uma agenda normal de trabalho e já anunciou que vai trocar 4 dos 5 servidores de confiança da comissão. Dos 12 servidores concursados, dois pediram para sair com a chegada do pastor.

    O pastor foi denunciado pelo Ministério Público ao STF (Supremo Tribunal Federal) por ter dito no Twitter que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”.

    Mas Pereira reforçou o discurso de que as falas de Feliciano consideradas preconceituosas foram distorcidas e representam apenas uma tese teológica. Everaldo diz que seu colega tem raízes negras. “O cara é crioulo, tem cabelo ruim, tem que passar negócio na cabeça. O cara é filho de negro. Foi uma declaração teológica no passado.”

    Manifestantes contrários ao pastor Marco Feliciano protestam em corredor da Câmara dos DeputadosManifestantes contrários ao pastor Marco Feliciano protestam em corredor da Câmara dos Deputados

    O vice-presidente do PSC atacou “pessoas e partidos que jogaram a comissão fora, sem interesse pelos direitos humanos”. A comissão é historicamente ligada ao PT, que presidiu o colegiado 13 vezes nos últimos anos, mas abriu mão dela para optar por outras três comissões.

    Questionado sobre a indicação dos deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP), condenados no caso do mensalão, para a Comissão de Justiça, ele disse que preferia não avaliar a situação de outros partidos, mas alfinetou. “Se Feliciano fosse condenado pelo Supremo, nem seria indicado [para comissão] e possivelmente teria sido convidado a sair do partido.”

    Diante da blindagem dos evangélicos a Feliciano, o PPS sugeriu a renúncia geral da comissão de Direitos Humanos. Se 10 dos 18 integrantes do colegiado renunciassem, teria que ser realizada uma nova eleição para a presidência. A ideia já teria sido analisada pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

    A avaliação de líderes é que isso não teria sucesso porque Feliciano teria apoio da maioria dos integrantes -outros quatro colegas são do PSC.

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    Agora lascou: Empresários mandam escarafunchar a vida de Luis Cardoso

    Foi só publicar aqui algumas denúncias comprovadas sobre as atividades do Grupo Mateus, o terceiro império varejista do Nordeste,  (sonegação de ICMS, informações privilegiadas e alíquotas diferenciadas) para que o titular do blog virasse alvo da mira de empresários.

    Bastou colocar aqui que existem escândalos envolvendo pessoas da Caixa Econômica Federal e construtores no programa federal Minha Casa Minha Vida no Maranhão  para que ricos e  poderosos reagissem contra o blog.

    Fui informado hoje por gente influente do governo estadual que contrataram até detetives particulares, além de dois delegados e investigadores para escarafunchar a minha vida.

    Nada devo e nada temo. Podem esmiuçar de todas as formas e maneiras. A minha trajetória de vida é um livro aberto. As dos empresários que me consideram adversário ou inimigo pelo jornalismo investigativo que faço, sei não. Não resistem a uma menor investigação.

    Tenho recebido solidariedade de colegas e amigos da imprensa nacional. Não estou só.

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    Inimigo oculto

    Por Natalino Salgado Filho

    “Há doenças piores que as doenças / Há dores que não doem, nem na alma”. Essas frases são do poeta português Fernando Pessoa e, mesmo sem saber, suas palavras se amoldam perfeitamente a um tipo particular de doença, a renal.

    A ocasião é propícia para tecer comentários sobre o assunto, pois, na última quinta-feira, 14 de março, comemorou-se o Dia Mundial do Rim. As sociedades de nefrologia no mundo inteiro determinaram esse dia como especial, no intuito de chamar a atenção de todos para a importância desse órgão e seu papel fundamental no equilíbrio da saúde, e também como forma de educar a população sobre os fatores de risco que ocasionam a falência renal.

    Neste ano, escolheu-se o tema “Pare de agredir seu rim!”, o que sugere uma preocupação com o aumento vertiginoso de pessoas portadoras de algum tipo de comprometimento desse órgão. Somente no Brasil, estima-se que dez milhões de pessoas estejam nessa condição. Este é um dado aproximado, pois estudos comparativos com outros países sugerem que em nosso país a população atingida está subdiagnosticada. Duas razões podem ser elencadas para explicar esse quadro: a primeira é que nossos serviços de saúde na atenção básica enfatizam pouco os cuidados de prevenção e avaliação do rim; e a segunda é que as doenças renais, em geral, são ditas silenciosas, ou seja, nem sempre apresentam sintomas e, quando aparecem, o estágio da disfunção renal já é considerado crônico.

    Fumo, excesso de peso, diabetes, hipertensão arterial são alguns dos principais fatores de risco para desenvolver a doença renal. O sistema Vigitel do Ministério da Saúde, que fornece estimativas de fatores de risco ou proteção para doenças crônicas, aponta dados preocupantes para nosso futuro imediato. Entre a população maior de 18 anos, 23% são hipertensos; 5,6% têm diabetes; 18% são fumantes e 48% estão acima do peso. No tocante aos fatores de risco, no Brasil, a hipertensão responde por 35% das causas de falência renal, seguida pelo diabetes (28,5%) e glomerulonefrites (11,5%) – que é a inflamação do glomérulo, estrutura do rim formada por um emaranhado de vasos capilares, onde ocorre a filtragem do sangue e formação da urina.

    Alguns cuidados simples podem ser muito úteis na prevenção, a começar pelo conhecimento da própria pressão arterial, pelo controle do açúcar no sangue e pelas atividades físicas, sem esquecer a vigilância constante em relação ao peso e aos cuidados com uma dieta rica e equilibrada. Outros cuidados necessários são beber água de 1,5 a 2 litros/dia, não fumar e não usar remédios sem orientação médica. Um simples exame de sangue pode dar indicações muito boas sobre a situação de funcionamento do rim pela dosagem de uma substância chamada creatinina. Muitos médicos, mesmo de outras especialidades, costumam incluir essa última orientação em suas solicitações de exames. Se você faz parte de um dos grupos de risco já apresentado, o que engloba também famílias nas quais a doença renal já ocorreu, é importante solicitar essa avaliação para seu médico em sua próxima consulta.

    Há no Brasil cerca de 100 mil pessoas realizando hemodiálise – uma das formas de tratamento da doença renal crônica – a um custo de dois bilhões de reais para o sistema de saúde pública. Tenho a grata satisfação de fazer parte do capítulo da história da instalação pioneira dos serviços de nefrologia no Maranhão. A primeira máquina de hemodiálise chegou a São Luís, por nossas mãos, em 1978. De lá para cá, os serviços nessa área evoluíram muito, e somos hoje referência em terapia renal substitutiva. O Hospital Universitário, desde março de 2000, realiza transplantes de rim. Logo em seguida, também foi instalada a Central de Captação de órgãos. Neste ano, espera-se alcançar o transplante de número 400.

    Infelizmente, como disse Cecília Meireles, “já não se morre de velhice”. A doença renal crônica é grave e complexa, porém, com tratamento adequado realizado por profissional da área, é ainda possível ter qualidade de vida.

    Muitos pacientes têm histórias de superação que são verdadeiras lições de vida. Outros têm um pouco mais de dificuldade, daí porque no Hospital Universitário, por exemplo, o acompanhamento dos pacientes é feito por equipe multiprofissional que abrange – além de médicos e enfermeiras – nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. Dessa forma, não só para os pacientes da doença renal, mas também para os demais de outras enfermidades, espera-se atender ao princípio esboçado pela Organização Mundial de Saúde em 1948: a saúde não é a simples ausência da doença, é um (completo) bem-estar que envolve as áreas físicas, biológicas, sociais e psíquicas.

    Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM, AMC e AML.

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    Dez maranhenses morrem em acidente com bimotor no Pará

    Imirante

    Dez maranhenses morreram em acidente com bimotor que caiu na noite dessa terça-feira (12), em Monte Dourado no Pará. A informação foi confirmada pelo Instituto Médico Legal de Belém.

    Dentre as vítimas, está Jhonatan Aguiar de Sousa, de 22 anos, da cidade de Chapadinha, que era um dos funcionários da empresa de engenharia que atua na construção de uma usina hidrelétrica.

    Josenilton Bilio, da cidade de Fortuna e amigo de uma das vítimas, confirmou o nome de mais seis vítimas, sendo quatro da cidade de Fortuna e dois de Jatobá. Josenilton citou os nomes de: Isael Soares, Marcelo Alves, Arnaldo Oliveira e Dorival Pereira de Fortuna; e Joanes Viana e Reis Júnior Lima de Jatobá.

    Segundo Josenilton, o avião faria duas viagens para levar os trabalhadores chamados de barrageiros para o Pará. Os trabalhadores que ficaram iriam seguir viagem nesta quarta-feira (13), quando souberam das mortes. Os barrageiros que ficaram, ao saberem do acidente, ligaram para as famílias das vítimas informando quem estava no bimotor.

    “Muitos jovens saem de Fortuna para outros Estados em busca de trabalho. Com o que conseguem fora eles constroem suas casas aqui no interior do Maranhão. Meu amigo Marcelo Alves casou a cerca de um ano e isso nos deixa muito triste, saber que ele se foi tão jovem e cheio de sonhos”, desabafa Josenilton Bilio.

    A aeronave estava desaparecida desde a noite de ontem e foi encontrada no início de hoje (13) pela companhia de táxi aéreo Fretax, proprietária do veículo.

    O avião foi fretado pela companhia de engenharia Cesbe e levava nove funcionários para a Usina Hidrelétrica Santo Antônio do Jari, no Estado do Amapá. A queda aconteceu a 20 km do aeroporto de Monte Dourado. Além dos funcionários, o piloto da aeronave, também, morreu.

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    OAB/MA: nota oficial sobre ameaça de bomba à sede da OAB/RJ

    NOTA OFICIAL

     A  ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SEÇÃO DO MARANHÃO vem a público manifestar sua total solidariedade à Seccional do Rio de Janeiro, em razão da ameaça de bomba em sua sede, ocorrida ontem, dia 07/03/2013.

    A ameaça, comunicada ao Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, implicou na necessidade de evacuação de todo o prédio, e resultou na detonação de um artefato de pequeno potencial destrutivo, colocado no prédio sede da OAB/RJ. O atentado foi atribuído ao fato de o Conselheiro Federal pelo Rio de Janeiro, Wadhi Damous Nemer Filho, ter sido indicado para presidir a Comissão da Memória e da Verdade do Estado do Rio de Janeiro e seria uma retaliação de criminosos da ditadura militar contra a luta da OAB pela investigação dos crimes do Estado brasileiro naquele período e pela responsabilização dos seus autores.

    Este lamentável episódio, que merece o veemente repúdio de todos os verdadeiros democratas do Brasil, traz à memória o atentado que vitimou a Sra. Lyda Monteiro da Silva, Secretária do então Presidente Eduardo Seabra Fagundes, quando a OAB Nacional despontava na vanguarda da luta pela redemocratização do Brasil.

    Ao tempo em que repudiamos o atentado e nos solidarizamos com os colegas da OAB/RJ, reiteramos a certeza de que a OAB não se deixará intimidar por atos covardes e permanecerá vigilante na defesa da democracia e na luta pelo esclarecimento dos crimes da ditadura militar.

    São Luís, 8 de março de 2013.

    Mário de Andrade Macieira

    Presidente

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