*Osmar Gomes dos Santos

Família. Palavra que pode englobar outros conceitos, relativos não a seres humanos, mas coisas, animais, etc. Apanhando as definições vocabulares encontra-se que família é conjunto de pessoas, em regra, ligadas por laços de parentesco, que vivem sob o mesmo teto. Ascendentes, descendentes, colaterais e afins de uma linhagem. Do mesmo sangue ou não, ligadas entre si por casamento, filiação ou adoção.

Seguindo o conceito mais estrito, permito-me discorrer sobre a importância da família para a sociedade. O sucesso de um “homem” está diretamente relacionado com os laços de parentesco que este constrói em sua trajetória. Não falo do sucesso enquanto posse de bens ou status social. Vejo que o sucesso está intimamente ligado ao conceito de felicidade, estado de espírito e congraçamento, coisas que não possuem relação direta com posses materiais.

Crescer em uma família harmoniosa, sob a batuta dos bons valores e costumes é condição primeira para se alcançar essa tal felicidade. Nesse quesito, afirmo que fui um felizardo ao ter como referências pai – ainda que por pouco tempo de vida –, mãe e meus irmãos mais velhos que souberam conduzir os rumos dessa instituição social.

Sob um permanente e árduo regime de trabalho, estudos e manutenção de valores, construímos uma família sólida. Sempre havia tempo para as conversas e, hoje, não falta uma mão estendida para aquele que precisa. Solidariedade e amor ao próximo é algo que praticamos desde a tenra idade. Por essa razão afirmo que a família é base para uma sociedade melhor.

Trago este contexto familiar – embora sempre reservado quanto a essa exposição – devido à importância do tema para o momento que vivemos. Uma era de relações frágeis e voláteis, muitas delas construídas sem o alicerce que deve manter de pé a família, que por sua vez é o núcleo mais importante para uma sociedade em equilíbrio.

Atualmente é comum constatar a “terceirização” da educação dos nossos filhos para as escolas, para as televisões, para os desenhos, para as redes sociais e, na pior das hipóteses, abandonamos à própria sorte sob as regras das ruas.

O ensinamento pode ser para o bem ou para o mal, a depender do contexto em que as lições são repassadas e aprendidas. Discussões acerca da pureza do coração humano se arrastam até nossos dias tendo como debate central a questão se o homem é bom ou mau por natureza. Prefiro a linha que defende o homem como um ser bom, moldado conforme o contexto social no qual ele cresce.

Nesse sentido é que destaco o papel da família na educação dos filhos e no fortalecimento dos laços de parentesco. Educar não significa ser benevolente em tudo, mas ter um propósito em todos os atos. Este propósito deve estar intimamente ligado ao desejo de querer o melhor para nossos filhos e, assim, educá-los com amor para uma vida honrada e de respeito ao próximo.

Infelizmente, sem pretender generalizações, o que se vê é o contrário disso. Por um lado há escassez de tudo, de bens materiais a amor; enquanto noutros lares há todos os aparatos tecnológicos de última geração, mas também falta o amor. Em ambos os casos observo concessões de forma ilimitada ao se dar tudo que os filhos querem, não se diz não, não se impõe limites, apenas deixa-se fazer o que cada um bem entende. Parece ser mais cômodo.

Não pretendo ser determinista, mas o resultado de uma geração criada sem limites prenuncia uma atmosfera social em perfeita desarmonia. Isso porque vivemos em um país sob a égide da democracia, que por sua vez pressupõe o gozo dos direitos e o cumprimento dos deveres. Estes últimos não se sobrepõem, convivem de forma harmônica, cada um no seu momento.

Embora avancemos tecnologicamente, a ponto de querer lograr a denominação de país desenvolvido, receio que este ainda é um ideal minimamente longe de ser alcançado. Como se pode querer que uma nação seja desenvolvida quando vemos irmãos se voltarem contra irmãos, filhos contra pais, parentes contra parentes. Núcleos familiares dilacerados.

Retomo meu raciocínio inicial para estabelecer o paralelo pretendido. Só será possível construir uma sociedade melhor a partir da edificação familiar, sendo esta capaz de promover valores para uma nação justa, fraterna e igualitária. O respeito ao próximo, ao meio ambiente, às regras de convivência são pressupostos.

Limites são necessários para formar uma geração que não se deixará frustrar diante dos obstáculos, mas os enfrentará com a cabeça erguida. Assim como permitirá o resgate de valores éticos e morais que possibilitem o respeito àqueles ditos familiares, da mesma forma que garantirá o respeito ao próximo indistintamente.

Aprendi um lição sempre dita por minha mãe: educação vem de berço! Frase que certamente todos já ouviram ou vão ouvir em algum momento de suas vidas. E esse berço nada mais é do que a família. Aquela que nos abraça desde o primeiro sopro divino e nos guia para a vida.

De fato, dificilmente se alcançará uma sociedade perfeita, talvez nem o mais utópico dos filósofos tenha acreditado que isso seria possível. Também não creio que sejamos “lobos dos homens”, como pensava o filósofo mais cético. Mas é possível, a partir do seio familiar, repensarmos o Brasil que queremos para nosso futuro.

Incorporei desde cedo que aquilo que se aprende no núcleo familiar não se perde com o tempo, tende a se fortalecer. A medida que praticamos o bem, a comunhão, a irmandade, tornamos a nossa casa melhor e, consequentemente, podemos contagiar a rua, o bairro, a cidade, o país. O ambiente familiar com fortes laços tende a ser mais feliz e a felicidade é contagiante e faz bem a  quem transmite e a quem recebe. São valores que contribuem para o bem estar social.

*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.


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