Por Osmar Gomes dos Santos*

Eis que é chegado mais um fim de dezembro, período em que estamos com o coração mais leve, a emoção salta aos olhos, os desejos mais sinceros são ditos aos quatro cantos em que nos fazemos presentes. Ouvimos aquelas mesmas canções natalinas – que já se tornaram clássicas e fazem parte deste instante de congratulações – e somos postos a refletir sobre mais uma página da vida que está prestes a ser virada.

Tempo de ver as ruas iluminadas, as pessoas sorridentes, as lojas cheias, a esperança que se renova com o acender das luzes do natal e toma conta dos nossos corações a cada ato de bondade e caridade feito ao próximo. É tempo de dar e receber presentes, mantendo aquela velha magia de deixá-los em baixo da árvore, como se o próprio Noel os tivesse deixado.

É a data de maior expressão para o comércio, importante segmento que faz a roda da economia girar, tendo forte impacto, também, na movimentação do segmento do turismo e de serviços. Empregos são gerados, a autoestima possibilita abertura de novos negócios, esforços são envidados para concretização de sonhos que foram alimentados ao longo do ano.

Período de compartilhar uma mesa com as guloseimas que já são tradição, muitas delas, para mim, remontam aquele efêmero gostinho doce dos amargos tempos da sofrida infância. Tempo dos amigos secretos, das receitas da vovó, da família e dos amigos reunidos em torno da ceia para celebrar esta data de renovação.

O Natal me traz a nostalgia daquele tempo de menino franzino, que da pequena palafita sobre a maré avistava as luzes da cidade a cintilar. De pés no chão, saía às ruas para ver a beleza dos brilhos, dos enfeites, da magia que tomava conta daquele momento único. Posso dizer que sou agraciado pelo fato de ainda poder guardar aquela doçura nas minhas íntimas lembranças dos tempos de pequenino.

Por falar em pequenino, creio que é neste ponto que reside o espírito do Natal. Todos nós certamente temos guardado no íntimo de nossas memórias a ingenuidade, a sutileza, a esperança e a fé. Esses são sentimentos sinceros que podem ser renovados a cada fim de ano e que somente o Natal pode proporcionar. Embora tenhamos a capacidade de guardar tão nobres sentimentos, não devemos nos esquecer de praticá-los.

O Natal é isso, tudo faz parte. Valores materiais e imateriais fazem parte deste tempo que é místico, desde que não nos esqueçamos do verdadeiro sentido do Natal. A data simboliza nascimento, em especial daquele que os cristãos creem como seu salvador, Jesus Cristo. É, dessa forma, também um renascimento, oportunidade de renovação de nossas condutas em diversas áreas de nossas vidas, seja na política ou nos âmbitos profissional, familiar e espiritual.

Em tempo, é preciso voltar a ser criança, ou pelo menos deixar que se acenda aquela fagulha que todos nós ainda carregamos dos tempos das boas traquinagens. Não há espaço para a tristeza, o rancor, a raiva ou o ódio. É hora de deixar o sentimento aflorar, travestir-se da avidez e sensibilidade do poeta para deixar que eloquentes palavras transbordem do coração e saltem pela boca, ainda  que pareça uma estranha naturalidade.

Com a alma leve, é hora de reencontro, com nosso “eu”, com nossas raízes, com nossa história, com nossa caminhada. Olhar para trás e agradecer pela trajetória que nos foi possível trilhar e pedir forças para seguir aquela que ora se apresenta como novo desafio. Essa reflexão é quase uma exigência deste período, um exame de consciência que fazemos todos, com mais ou menos profundidade, mas que é necessária.

É um ciclo que não se encerra, apenas se renova. Em breve, teremos novas oportunidades de fazermos diferente daquilo que já passou. Teremos a chance de sermos mais intensos, mais corajosos, mais aguerridos, mais alegres, mais amáveis, mais amigos, mais humanos, de sermos simplesmente melhores do que fomos até então. Momento de rememorar nossos atos e renovar atitudes.

Que a generosidade, a humildade, a compaixão e o amor possam visitar cada lar – dos mais simples aos mais afortunados, daqueles que acreditam ou não no verdadeiro espírito natalino – e anunciar que podemos todos reviver em plenitude a magia do Natal no ano novo que se anuncia. Parafraseando a letra da canção, é de todos o Natal, do enfermo e do são, do pobre e do rico, num só coração.

*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.


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